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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Do Japão: no metrô, japoneses identificam o "Corintia"

timão no japão

Talvez eu seja o menos corintiano de todos os corintianos que conheço. E talvez do mundo inteiro. Não sou apaixonado pelo Corinthians. E descobri isso após o jogo em que vencemos o Al Ahly por meio a zero, na última quarta, pelas semifinais do Mundial de Clubes.

Quando você passa por inúmeras situações, contratempos, decepções e desencontros, e, ainda assim, se sente amparado, seguro e com uma estranha sensação de que tudo vai dar certo (seja para chegar, para ir ou ganhar), você descobre que não tem paixão. Tem outro sentimento.

Minha saga para chegar ao Japão passou desde “pingar” dois dias pela Europa, em conexões, conseguir o visto de entrada 48 horas antes do embarque, voar por uma desconhecida companhia aérea russa (apesar de achar que encontraria um “Lada com asas”, me deparei com um confortável avião com poltronas Recaro – uma grata surpresa), pouco acesso à internet (quem acha que isso é um problema só do Brasil, esta enganado) e me transportar por praticamente todos os modais (carro, avião, bicicleta, trem bala e aquelas cadeirinhas japonesas engraçadas), até não ter onde dormir em Nagoia, na volta da partida. E, com tudo isso, foi que senti uma confortante sensação de estar sempre em família.

Qualquer um por aqui andando pelas ruas que visse uma camisa, ou adorno, com o logo do time (que, diferente do Brasil, aqui são: gorros, cachecóis e enormes casacos para proteger do rigoroso inverno oriental) se comunica com um “Ei, Corinthians. Tá perdido?”. Talvez não seja um sentimento único da minha torcida, uma vez que a bondade (nem sempre) está no ser humano. Mas traz uma estranha sensação de segurança saber que “os seus” não vão te abandonar – como acontece com muitos tipos de (des)organização social.

Como vim ao Japão como torcedor (sem recursos tecnológicos e credenciais de imprensa), não tenho acesso aos dados oficiais de quantos corintianos vieram ao país. Ate mesmo porque o que se vê são informações desencontradas dos órgãos oficiais e mal apuradas por uma parte da imprensa. E de todos os torcedores de todos os lados, sempre tão certos e cheios de razão – sejam são-paulinos, palmeirenses, corintianos ou hooligans russos (encontrei um grupo de 10 deles no avião que me trouxe de Moscou até Tóquio, completamente convictos de que terão mais torcida a seu favor na final de domingo – e eles ainda nem haviam batido facilmente os mexicanos do Monterrey).

Mas uma invasão japonesa aconteceu. Alem dos 30 mil e poucos (não havia mais do que mil torcedores do time egípcio) que foram ao Toyota Stadium e lotaram as ruas da simpática cidade, andando de trem, metrô e caminhando pelas ruas de Tóquio, Nagoia e a pequena Toyota, descobri corintianos que vieram de todas as partes do mundo. Caxambu, Diadema, Nova York e Tailândia.

O que se viu (e vê) é uma festa educada e alegre que contagia os praticamente inabaláveis japoneses, extremamente felizes com a presença dos brasileiros “barulhentos”. Todos já reconhecem os corintianos. Jovens e crianças cantam “poropopó”, vendedor de jornal e guarda do metrô dizem “Corintia”, com um tímido, mas sincero, sorriso – quando não estão com as mascaras no rosto (mais do que um habito de saúde, uma exótica moda que pegou por aqui). Ate os curvados ojiisans (os respeitadíssimos vovôs japoneses) conduzindo grupos de corintianos por templos budistas. Tocamos o praticamente intocável coração dos orientais.

Isso tudo me fez ter certeza de que não sou apaixonado pelo Corinthians. Eu amo o Corinthians e tenho orgulho dos “irmãos” corintianos.

Mas domingo, seu Adenor, vamos precisar jogar muito mais (e com muito mais raça) se quisermos levar o bi pra Itaquera. Como (já) dizem os simpaticíssimos japoneses quando nos veem pelas ruas: vaicorintia!

Celso Forster é colaborador da F451 e faz parte do “bando de loucos”. Está no Japão acompanhando o Corinthians no Mundial e conta sobre a experiência na Trivela.

Video: Epidemia Corintiano

Embarque do timao para o Japão, fiel torcida comparece em peso para dar o apoio antes do embarque.

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