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quinta-feira, 28 de abril de 2016

Resolução: Unidade e mobilização para barrar o golpe e a retirada de direitos e construir uma saída pela esquerda

Postado: Intersindical Central da Classe Trabalhadora

Está em curso uma longa campanha para efetivação de um golpe capitaneada pelo grande capital, pela direita e seus tentáculos na mídia, em parcelas do judiciário e pelo Congresso Nacional.
Essa campanha teve como ponto marcante o último dia 17/04, com a votação pela admissibilidade do impeachment da Presidenta Dilma sem crime de responsabilidade, votação comandada pelo inominável Eduardo Cunha. O Parlamento brasileiro se expôs diante da grande maioria da população demonstrando que os argumentos apresentados pelos Deputados Federais não faziam referencia ao suposto crime de responsabilidade, mas sim aos seus interesses particulares e de classe, ou seja, a privatização da política. É uma Câmara de maioria corrupta e golpista!
O governo insiste em tentar uma conciliação com as elites e promove  uma política antipopular e neoliberal, seja no ajuste fiscal, assim como em medidas como a lei antiterrorismo, a proposta de nova reforma da previdência, o veto à auditoria da dívida,  o PLP 257 que destrói o serviço público e aprofunda a crise dos estados, entre outras coisas.
Todavia, neste momento, a elite brasileira quer e precisa mais do que a conciliação, e conspira para o estabelecimento de um governo ilegítimo, porque advindo de um golpe disposto a aprofundar ainda mais o ajuste, e, sobretudo, a dizimar direitos trabalhistas garantidos na lei, cortar os direitos sociais estabelecidos pela Constituição Federal, impor a independência do Banco Central para submetê-lo rigorosamente aos interesses dos bancos, consubstanciados na chamada Ponte Para o Futuro, que nada mais é do que um caminho para a barbarização das condições de vida de milhões de brasileiros/as, especialmente  mulheres e negros, a maior e mais precarizada parte da classe trabalhadora.
Temer e Cunha, alem de serem notórios corruptos, estão conspirando não só contra a presidenta, mas especialmente contra a classe trabalhadora. Eles estão a serviço do grande capital que aposta no golpe, para colocar verdadeiros gangsters no comando do governo que estão dispostos a imprimir um “estado de exceção”, com a intensificação da repressão e da criminalização aos movimentos sociais, alem de aplicar todos os projetos de retirada de direitos, aprofundando ainda mais a precarização da vida do povo.
O momento exige unidade de todos setores democráticos, populares e de esquerda na luta contra o golpe. A luta, no entanto, não deve se restringir ao combate ao golpismo, ela deve ser também uma disputa de projetos, de agenda política. O projeto dos golpistas é de retrocesso na democracia, de retirada de direitos, de contrarrefomas, de aprofundamento da corrupção  e de perpetuação das desigualdades. O nosso projeto é de defesa e de ampliação de direitos, de efetivação de uma democracia plena, de combate sistêmico à corrupção, de reformas estruturais de interesse popular como as reformas tributária, política, agrária, urbana, da comunicação , enfim, de uma sociedade sem desigualdades. 
É fundamental o fortalecimento e ampliação da Frente Povo Sem Medo e a partir dela buscar unidades mais amplas. Por isso, construiremos um 1º de maio de luta unitário da classe trabalhadora contra o golpe e o ajuste fiscal e a favor de uma nova agenda para Brasil de defesa de direitos da classe trabalhadora e de reformas de interesse popular.
A saída é pela esquerda, com unidade e mobilização popular! Não aceitaremos golpes, governos ilegítimos e retirada de direitos!
Direção Nacional da Intersindical
São Paulo, 24 de abril de 2016

segunda-feira, 25 de abril de 2016

'Eu vi população virar as costas pra Dilma;[...] favela faz silêncio, mídia manipula"

MANO BROWN
Brasil de Fato

Em discurso no Rio de Janeiro, o rapper fez críticas ao poder de manipulação da mídia, em especial a rede Globo

Rede Brasil Atual

quinta-feira, 21 de abril de 2016

“A sociedade brasileira está dividida em cisão característica da luta de classes”

Por: Correio da Cidadania
Entrevista com Gilmar Mauro

ESCRITO POR RAPHAEL SANZ, DA REDAÇÃO   
QUARTA, 20 DE ABRIL DE 2016
 

Enquanto a aprovação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff monopoliza atenções, uma série de acontecimentos negativos no campo se destacou nos noticiários. O mais trágico, o assassinato de dois sem terras em Quedas do Iguaçu (PR), na mesma semana em que o movimento social voltou a divulgar o acirramento dos índices de violência no campo, por conta da terra, mas cada vez mais pela água também. Para falar do assunto e relacioná-lo aos acontecimentos na cidade e nos poderes, conversamos com Gilmar Mauro, importante liderança do MST, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra.

O entrevistado vê os assassinatos no Paraná como uma provocação de consequências extremas do velho conluio público-privado que dá as cartas no Brasil, especificamente no estado do Paraná e em sua atual gestão. “Já existe tensão na região há bastante tempo. A empresa (Araupel) possui grupos de segurança armada e ainda tem contratado os serviços de pistoleiros – para além das formalidades em relação à segurança. Mas o mais grave é que o grupo sustentou várias campanhas de deputados, entre elas, a do chefe da casa civil paranaense Valdir Rossoni (PSDB), eleito com dinheiro da Araupel”, declarou Gilmar Mauro.

Contrário ao impeachment, Gilmar Mauro acredita que, se houvesse mais tempo para mobilizações, seria possível barrar o prosseguimento do processo de impedimento ainda na Câmara dos Deputados. Para ele, houve um complô de forças conservadoras contra a presidente Dilma Rousseff, com vistas ao relaxamento das investigações de crimes de corrupção que poderiam cair sobre muitos votantes. Ainda afirmou que o último domingo foi “pedagógico” para a população brasileira, que agora tem uma ideia mais clara do que é o seu Congresso Nacional, o que favorecerá um processo de politização.

“Para termos uma ideia, a própria deputada de Montes Claros (Raquel Muniz, PSD-MG), que homenageou o marido dizendo que ele era um exemplo para a nação, viu o mesmo marido preso no dia seguinte por corrupção, em clara demonstração de que o Congresso Nacional é hoje um bando de ratos; e por isso esse impedimento não tem legalidade. Qualquer governo que venha assumir, seja Temer ou Cunha, não vai ter moral e nem legalidade. Por isso, é evidente que nós vamos aproveitar desse momento pedagógico para politizar a população brasileira acerca daquilo que são as instituições – agora reveladas pelo último domingo no Congresso Nacional”.

A íntegra da entrevista com Gilmar Mauro pode ser lida a seguir.


Correio da Cidadania: O que você comenta sobre os assassinatos de dois trabalhadores sem terra recentemente no Paraná?

Gilmar Mauro: O que ocorreu no Paraná foi uma provocação. Uma provocação muito grave que trata da eliminação de vidas. O grupo Araupel, que controla uma quantidade enorme de áreas no Paraná, recebe verbas públicas há muito tempo e já se utilizou de todos os recursos naturais dessas áreas. Mais além de ter destruído todos os recursos naturais das terras, ainda plantou monoculturas de eucalipto, que são florestas homogêneas, para fins de investimentos econômicos.

Já existe tensão na região há bastante tempo. A empresa possui grupos de segurança armada e ainda tem contratado os serviços de pistoleiros – para além das formalidades em relação à segurança. Mas o mais grave é que o grupo sustentou várias campanhas de deputados, entre elas a do chefe da Casa Civil Valdir Rossoni (PSDB), eleito com dinheiro da Araupel. E ainda sustenta vários outros políticos na região.

Forma-se um complô entre a empresa, parte do Ministério Público, parte da Polícia Militar e também agora a Casa Civil e a Secretaria de Segurança do Paraná. Vendo a possibilidade de perda da área na justiça, por tratar-se de terra pública da União, o grupo Araupel tentou criar uma situação de conflito. Para isso se utilizou inclusive dos serviços da Polícia Militar do Paraná, que provocou o acampamento.

A ideia deles era de que nosso povo reagisse e proporcionasse as condições para uma intervenção militar maior. Felizmente, conseguimos fazer uma grande mobilização de massas, demos uma resposta de massas e a nossa base não caiu na provocação.

É evidente o vínculo desse episódio no Paraná com a conjuntura política nacional. Há setores de direita que estão tentando provocar de todas as formas conflitos sociais, apregoando o caos para justificarem ações do tipo militares, não só no Paraná. O episódio ocorre precisamente no mês em que se cumprem 20 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, cujos assassinos e mandantes continuam soltos. É lamentável e muito preocupante a situação no Paraná e no restante do Brasil.

Correio da Cidadania: Em abril de 2015 o MST fez cerca de 50 ocupações de terras. Como andaram as ações do movimento neste ano que passou?

Gilmar Mauro: Há uma tendência. É o que eu falei no ano passado e acabou se revelando com o agravamento da crise, o aumento do desemprego e uma piora geral na vida da população. Um momento de grande procura de famílias sem terras a fim de compor os acampamentos. Nesse ano já ocorreram muitas ocupações e a tendência é que no segundo semestre muitas mais ocorram.

Além do viés socioeconômico e da crise brasileira, há um outro ingrediente, que estamos construindo num debate com a sociedade, sobre o tema dos agrotóxicos, da utilização da terra, da água, dos recursos naturais. Tenho percebido uma preocupação bastante grande da sociedade em relação ao consumo de alimentos.

Historicamente, temos um ponto de vista que coloca o campo como lugar do atraso. Até na poesia, na literatura e nas artes há a ideia dos “Jecas Tatus”, o que criou na população do campo uma espécie de autoestima baixa, que fazia com que todo pai de família dissesse aos filhos para estudarem e irem para a cidade, “porque aqui é difícil”. E de fato os próprios produtos agrícolas são utilizados de forma pejorativa na sociedade. Quando alguém tem um problema fala de “abacaxi”, “pepino”, “fumo” ou “pisar em tomates”. Essa situação tem se revertido porque o campo tem se transformado em uma esperança. Um lugar de produção de alimentos saudáveis e ar puro exatamente no momento em que a cidade está se transformando no lugar do stress, das dificuldades, da falta de moradia e assim por diante.

Além do ingrediente socioeconômico, ainda há um outro, de busca de qualidade de vida. Assim, é possível prever que muitas ocupações de terra ainda ocorram em nosso país. Esperamos que depois de vencida a batalha do golpe, de fato o governo possa dar prioridade à reforma agrária, com investimentos na arrecadação de terra para o desenvolvimento da agricultura. Todos nós sabemos que em um momento de crise, se as famílias tiverem um lugar para plantar, colher e morar, evidentemente a situação pode ser não apenas amenizada, mas gerar propostas de produção e abastecimento multiplicadoras no comércio, nos serviços, e promover algum desenvolvimento econômico. Não tenho nenhuma dúvida de que a luta pela reforma agrária e pela terra vai continuar e vão ocorrer muitas ocupações de terra nesse ano no nosso país.

Correio da Cidadania: Como avalia o último domingo na Câmara dos Deputados e o que esperar do atual momento marcado pelo processo de impedimento da presidenta Dilma?

Gilmar Mauro: A avaliação que fazemos é que houve muito mais manifestações contra o impeachment do que a favor. Uma demonstração de que, se tivéssemos talvez mais uma semana antes da votação, poderíamos conseguir fazer com que a população fosse mudando a opinião de alguns parlamentares. Há uma participação cada vez maior com o envolvimento da intelectualidade, dos artistas e também da população que está se dando conta de que aquilo foi armado. E essa armação se comprovou no Congresso Nacional.

No domingo, em particular, tivemos uma aula de cretinismo político. De fato, Lenin já falava que “o parlamento é uma fábrica de cretinos” e domingo passado essa teoria se comprovou para todo o Brasil. De qualquer forma, acho que foi pedagógico. Porque o povo brasileiro viu de fato quem são os parlamentares da Câmara Federal e do Congresso Nacional. Foi vergonhoso. A maioria dos votos foi em nome da família, de Deus, de filhos, netos etc. No fundo se comprova aquilo que já havíamos denunciado, um complô.

Foi pedagógico para a população brasileira se dar conta de quem são os parlamentares e quem é o Congresso Nacional. Como brasileiro eu me sinto envergonhado de ter um parlamento desse tipo. Aliás, tornaram-se piada nacional e internacional as formas e conteúdos apresentados para impedir a presidenta da República. Isso só revela que as bancadas do boi, da bola, da bala, da bíblia e os grandes corruptos se articularam em uma perspectiva de se auto salvarem de um processo de investigação.

Para termos uma ideia, a própria deputada de Montes Claros (Raquel Muniz, PSD-MG), que homenageou o marido dizendo que ele era um exemplo para a nação, viu o mesmo marido preso no dia seguinte por corrupção, em clara demonstração de que o Congresso Nacional é hoje um bando de ratos; e por isso esse impedimento não tem legalidade. Qualquer governo que venha assumir, seja Temer ou Cunha, não vai ter moral e nem legalidade. Por isso, é evidente que nós vamos aproveitar desse momento pedagógico para politizar a população brasileira acerca daquilo que são as instituições – agora reveladas pelo último domingo no Congresso Nacional.

Há uma crise política que no decorrer de todo esse debate revela o que são as demais instituições como o Ministério Público, o Poder Judiciário e outras. Temos um monte de promotores públicos e juízes mequetrefes, com muito ódio e pouco conteúdo de fato. E isso vai se traduzir em um processo de formação política do povo brasileiro. Estou com uma expectativa muito grande de que nós possamos avançar enormemente no próximo período.
Correio da Cidadania: Como analisa este último ano de governo Dilma e os recentes decretos de desapropriação de terras para reforma agrária em meio ao ápice da crise de seu governo?

Gilmar Mauro: O governo Dilma, em suas ações no que se refere à reforma agrária, foi pífio para não dizer inexistente. Foi praticamente nulo. Nesse segundo mandato não foi feito quase nada. Exceto neste ano, em que algumas áreas foram arrecadadas, no ano passado não houve nenhuma desapropriação.

Do ponto de vista da nossa base, as principais questões não foram atendidas. Vários projetos que foram aprovados no Congresso Nacional, e alguns deles até por iniciativa do Executivo, como o tema da criminalização dos movimentos sociais, são extremamente complicados e graves. Entretanto, a nossa posição muito acertada e firme contra o golpe não é uma defesa burra do governo, mas uma defesa das conquistas democráticas do nosso povo brasileiro, que estão em disputa faz muito tempo.

Como eu disse, não fazemos uma defesa cega do governo, mas das conquistas democráticas que nosso povo atingiu. E principalmente contra a onda fascista que se espalha pelo mundo. Portanto, creio que seja uma tarefa não só do MST, mas de todos e todas, não apenas de esquerda, como também dos que defendem a liberdade e a ampliação da democracia.

Correio da Cidadania: Independente do desfecho que venha a ter o processo de impeachment, como prevê a continuidade da vida política brasileira, especialmente no que se refere à pauta do MST?

Gilmar Mauro: Penso que temos de nos preparar para um longo período. Se tem uma coisa que eu acho e tenho dito internamente no MST é que temos uma luta prolongada. Serão 10 anos ou mais. A sociedade brasileira está dividida. Não é uma cisão estilo disputa de futebol, mas característica da luta de classes. Há ingredientes, e sempre busco usar metáforas, de que estamos vivendo um período de tempestades. E as tempestades são eventos presentes na natureza que podem trazer tanto tragédias quanto felicidades; elas têm o seu aspecto positivo. Numa tempestade, várias árvores que estão tomadas por cupins, vários galhos podres e edificações mal construídas vão perecer. Entretanto, utilizando um velho proverbio chinês, “quem tem raízes não teme as tempestades”. Eu diria que também é um momento para aqueles e aquelas que têm raízes profundas no Brasil se consolidarem e se fortalecerem para fazer os enfrentamentos de luta de classes que serão muito presentes no próximo período.

Durante os governos petistas, houve um processo, não sei se posso dizer de despolitização, mas pelo menos de não politização da sociedade brasileira. E nos últimos 30, 40 dias, a politização se intensificou de uma forma muito forte. Tal processo de politização se dá hoje em vários campos da sociedade. Na sociedade civil de forma geral, mas também no núcleo familiar, pelas redes sociais. Em grupos de familiares que não discutiam política e agora estão discutindo. E de uma forma muito acelerada. Porque a sociedade se organiza e se aglutina em torno de polos. E dois grandes polos hoje estão caracterizados no Brasil: um polo dos democratas, e aí está também a esquerda, e um polo da direita fascista, que quer o retrocesso da sociedade brasileira. Isso tende a ser a marca da sociedade no próximo período.

Temos que não só nos preparar para derrotar esse polo fascista no Congresso, mas principalmente na rua, onde será a derrota deles. Precisamos nos preparar também para promover nos próximos dez anos um intenso processo de politização. É o ingrediente positivo: pudemos avançar muito na politização e nas formas organizativas da classe trabalhadora. Porque a classe em si é uma coisa muito ampla, mas, de forma geral, os mais diversos setores das classes trabalhadoras estão politizados e organizados de alguma forma. Assim, acredito que vamos avançar a passos largos na perspectiva de consolidar a consciência de classes no nosso país, algo importante para superar essa ordem extremamente perversa do capitalismo no Brasil.

Correio da Cidadania: As políticas de ajuste fiscal, implementadas pelo governo Dilma desde o ano passado, têm trazido uma séria de retrocessos aos direitos dos trabalhadores. De que forma isso se traduz no campo?

Gilmar Mauro: Não é diferente, hoje a distância é muito pequena entre o campo e a cidade. Estamos sob a égide e lógica do capital, portanto as mesmas empresas que atuam na cidade e no sistema financeiro atuam também no meio rural. Assim, os impactos das políticas recessivas e neoliberais atingem de igual forma o campo e a cidade. Evidentemente, o campo talvez tenha algumas condições que permitam uma maior resistência.

Na cidade, a possibilidade de o desemprego estar sempre às portas das casas das famílias é um problema, pois quando se está desempregado perdem-se perspectivas até mesmo de sobrevivência. O campo, para aqueles que sejam pequenos agricultores, inclusive dos assentamentos da reforma agrária, dá condições de produzir a própria alimentação. Evidentemente, há setores no campo, como os assalariados rurais, que sofrem uma série de impactos na medida em que o desemprego avança. Por isso muitas famílias estão procurando os acampamentos dos sem terra. Tanto pela sobrevivência quanto numa perspectiva de conquista do seu pedaço de terra e ter um espaço para a produção da sua própria comida.

Eu acho que essa situação tende a se agravar porque a crise econômica não é uma particularidade brasileira. No mundo inteiro a crise cada vez se agrava mais. E as saídas apresentadas pelo capitalismo são saídas que agravaram ainda mais a crise econômica. A reunião do G8 não apresentou nenhuma proposta concreta para a humanidade. Muito pelo contrário, a única alternativa que ficou mais ou menos patente seria fazer a quarta revolução tecnológica e industrial, que implicaria na demissão de 70 milhões de trabalhadores em todo o mundo. As medidas apresentadas pelo capitalismo são medidas que contam com um processo de maiores problemas sociais.

Verificamos agora no Oriente Médio e na Europa, com o desemprego e a violência, um agravamento de problemas gravíssimos que beiram a barbárie. Portanto, um outro desafio, do nosso caso particular aqui no Brasil, é resistir ao golpe e se preparar para politizar. O desafio de todos os movimentos de esquerda e progressistas é buscar articulações internacionais com o objetivo de fazer um enfrentamento mundial imediato contra a ordem do capital.

Correio da Cidadania: Mesmo com o que você chamou de “ação não politizadora” dos tempos de lulismo, acredita que ainda é possível compor uma alternativa de esquerda para o país junto aos setores fiéis a Lula?

Gilmar Mauro: Acho possível, sim. E a decisão política nossa de estar junto diz que quem está junto tem direito a criticar. É simples estar junto não de forma cega, mas de uma forma crítica.

Evidentemente, é preciso fazer autocríticas. Talvez nem todo mundo vá conseguir compreender. Mas uma grande parte da militância petista hoje está compreendendo muito claramente essa autocrítica. Mais que compreendendo, está assimilando com uma perspectiva de mudança, algo que vai se espalhando muito mais rapidamente.

A Frente Brasil Popular está se organizando em vários municípios do Brasil. E acredito que também a Frente Povo Sem Medo tenha ampliado bastante o seu raio de ação. A Frente Brasil Popular, com a qual tenho uma maior ligação, está em municípios pequenos, dentro de universidades, escolas, bairros e assim por diante. Assim como comitês contra o golpe com a inserção de artistas, intelectuais e setores de classe média muito importantes.

Evidentemente, teremos muitas contradições pela frente. Vêm as eleições municipais agora, depois as presidenciais em 2018. Como eu disse anteriormente, construir boas raízes nas formas organizativas, ainda que não sejam definitivas, mas com embriões de novas formas, alianças e articulações para a construção de frentes ainda mais amplas, é fundamental para organizar grande parte da classe trabalhadora em todo o território nacional.

Eu espero que essas formas de organização venham para politizar a classe trabalhadora no limite da radicalização da democracia. Agora, a classe ainda tenta construir um programa mínimo, que aponte não só para resistir ao retrocesso, mas em uma perspectiva de democratização dos meios de comunicação, do poder judiciário, de reforma política no nosso país e de ampliação de debates sobre a reforma agrária, a reforma urbana, a produção de empregos e assim por diante.

Esse é um programa mínimo e o processo está bastante acelerado. Eu diria ser um momento de estarmos juntos para termos o direito à palavra. Passado o momento de maior tensão, continuar a construção para tentarmos produzir uma unidade, ainda que cheia de contradições, em uma perspectiva de avanço. Por isso acho que os setores de esquerda mais radicalizados que não participaram desse processo devem refletir e se somar aos processos de mobilização de rua, que são muito importantes e muito politizadores.

Correio da Cidadania: Quais projeções podemos fazer para o futuro do país em meio a toda essa crise política, econômica, social e ética? E qual será o papel do MST?

Gilmar Mauro: O MST é mais uma organização dentro desse contexto. Nunca tivemos a ambição de dominar ou hegemonizar a esquerda, muito menos de sermos uma vanguarda do processo. Estamos dentro da nossa construção orgânica, felizmente muito estruturada como organização. Mantivemos sempre as nossas escolas de formação militante e continuaremos inclusive ampliando-as para outros setores da sociedade brasileira.

A esquerda de alguma forma superestimou a capacidade intelectual da elite brasileira. Acho que isso está sendo demonstrado claramente no processo do impeachment e tentativas de golpe. Fica patente quão limitada é. Por tal razão é importante a preocupação da militância de que o ódio colocado contra o movimento social em geral – e não é só com o PT, mas com toda a esquerda de forma mais geral – falta em conteúdo, mas sobra em disposição destrutiva.

Evidentemente, não se trata de subestimar as elites brasileiras, não estou falando disso. Acho que não devemos nem subestimar e nem superestimar. O grande desafio é, partindo deste programa mínimo e das condições apresentadas, tentar avançar na perspectiva de criar espaços maiores de participação popular. No meu modo de ver, se pudéssemos resgatar o velho criador deste jornal, o nosso camarada Plínio, ao discutir o tema de participação popular, numa perspectiva de espaços de luta, de mobilização envolvendo a cultura e a juventude, poderíamos nos ajudar a fazer uma autocrítica contundente, inclusive das formas de mobilização. Para além do modo como se fazem mobilizações, sob a ideia do caminhão de som lá em cima e todo mundo disputando um microfone, é possível ter novas formas de participação, de agitação e propaganda, que envolvam a juventude e outros setores da sociedade brasileira que não estão contemplados nas nossas falas e formas usuais.

1) é possível construir novas formas organizativas;

2) é preciso estimular a participação popular;

3) essa participação tem de ser politizada para que se transforme em políticas de um governo popular;

4) é preciso discutir estratégias e projeto político junto com a militância e a classe trabalhadora, em uma perspectiva nesse momento de radicalizar a democracia e discutir todo o conjunto de questões que mencionamos ao longo da conversa;

5) montar no Brasil e em nível internacional um movimento da classe trabalhadora e construir possibilidades reais, a fim de reunir força concreta para alterarmos a ordem do sistema no Brasil e em escala internacional.

Não é uma luta para 15 dias, nem pra 2018, e não é uma luta que se encerra na nossa geração. É uma luta bastante prolongada, mas estou muito otimista com as novas condições que estão sendo criadas. Acho que vamos resistir ao fascismo e plantar sementes muito boas para o futuro.
 

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Dia 17: nas ruas, trabalhadores/as deram lição de unidade e combatividade

Por: INTERSINDICAL CENTRAL DA CLASSE TRABALHADORA
Foto: Nelson Ezídio
Este domingo, 17/04, entrará para a história como o dia da farsa dos golpistas.
Mas entrará para a história também a combatividade, a unidade na diversidade e a disposição de centenas de milhares de pessoas de defender a democracia e impedir a instalação de um governo ilegítimo, disposto a aumentar a exploração ao limite para garantir a superacumulacao do 1% mais rico.
Se dentro da câmara dos deputados prevaleceu a hipocrisia, nas manifestações convocadas por todos os movimentos sociais deste país prevaleceram as lições da luta, da solidariedade e da resistência social.
Os últimos trinta dias, aliás, foram marcados por essa necessária unidade contra o golpe e o ajuste fiscal.
E o dia 17/04 não foi diferente. Nas diversas capitais, o setor consciente e consequente da classe se reuniu aos milhares, sob horas e horas de sol forte para defender a democracia e os direitos sociais.
A diversidade de gênero, racial, sexual e etária da nossa classe ganhou as ruas e praças das diversas cidades, em mais um dia de luta. Nos rostos de cada um, além da indignação com o golpe, demonstrações de solidariedade e de muita disposição para redobrar a luta.
Em Brasília, a esplanada dos ministérios dividida entre os setores populares e democráticos de um lado, e os setores golpistas e aqueles capturados pela manipulação e o ódio. As reações de cada lado eram radicalmente distintas, demonstrada nas sucessitas declarações hipócritas dos deputados que apoiaram o golpe, particularmente no voto de Cunha, Bolsonaro, Paulinho da Força. Mas os que ali na defesa da democracia também vibravam com os votos contrários à farsa e que se posicionam claramente na defesa da democracia, do mandato constitucional da presidente, mas sobretudo dos direitos ameaçados pelo golpismo.
“A Intersindical em nenhum momento vacilou em se somar a esse processo, que já é o maior processo de mobilização popular e de unidade das forças sociais progressistas e de esquerda das últimas décadas”, lembra Edson Carneiro Índio, Secretário Geral da Central. “E apesar da patifaria que prevaleceu na câmara, os movimentos populares não se deixaram levar pela perplexidade daqueles que se limitaram ao papel de comentaristas. Quem foi às ruas ontem saiu determinado a radicalizar na defesa da democracia”.
Para o dirigente da Intersindical, quem foi às ruas no ultimo mês lutar contra o golpe ficou, sem dúvidas, indignado com a patifaria de Cunha e das três centenas de deputados,  hipócritas. Mas saiu determinado a redobrar a luta contra o golpe.
“Milhões de trabalhadoras e trabalhadores, principalmente jovens, se reuniram ao longo deste processo contra o golpe. A grande maioria destes não é organizada em nenhum movimento social, partido ou outra organização. E se encontrou em função da unidade construída em torno da Frente Povo Sem Medo e da Frente Brasil Popular. Essa unidade foi um grande acerto do último período. Essa unidade será ainda mais necessária para enfrentar o que está por vir”, conclui Edson Carneiro Índio.
A ilegitimidade deste processo golpista somada e a resistência social serão os grandes empecilhos que o grande capital e a direita encontrará para instalar Michel Temer na cadeira de presidente da república. Quem duvidar disso, não conhece a história de luta do povo brasileiro, como ressaltou Guilherme Boulos, dirigente do MTST e da Frente Povo Sem Medo no discurso em Brasília após a consumação da farsa comandada por Eduardo Cunha. Já Gilmar Mauro, dirigente do MST e da Frente Brasil Popular, registrou a importância das centenas de milhares dos que foram às ruas. “Vocês são comandantes fundamentais dessa luta  coletiva”.       
Para a Intersindical Central da Classe Trabalhadora, é preciso incendiar esse país de solidariedade, de luta pela democracia e de resistência social unitária ao processo golpista. Contra a hipocrisia e a manipulação da mídia, responderemos com diálogo franco e aberto com a população sincera. Contra a farsa, responderemos com luta direta. Contra o golpe, responderemos com democracia. Contra o ódio, o preconceito e a intolerância, responderemos com amor, solidariedade, unidade na diversidade, e muita, mas muita disposição para defender a democracia, os interesses da maioria da população trabalhadora e a soberania nacional.
Vamos continuar nas ruas. Mas vamos radicalizar na defesa democracia parando a circulação, a produção e os serviços contra esse processo golpista, farsesco. Nenhum governo ilegítimo vai conseguir enfiar goela abaixo da população essa farsa. Não vai ter golpe. Vai ter é muita luta.

 Intersindical e movimentos populares unidos contra o golpe do grande capital e da direita:


domingo, 10 de abril de 2016

CPT: “Quem vai deter a violência contra os camponeses?”

Comissão Pastoral da Terra divulgou nota nesta sexta-feira, 8, cobrando responsabilidades pelas mortes de camponeses pelo País; segundo a entidade, em 2015, 50 trabalhadores foram assassinados no campo, e apenas neste ano já foram 13 mortes, entre elas as dos dois agricultores do MST, mortos pela PM do Paraná; "A democracia que buscamos precisa reconciliar esse povo com esse território, acabando de vez com a sanha assassina do capitalismo e seus truques de colocar as maiorias de joelhos longe do poder e as minorias pelos salões e corredores trocando favores e influência", afirma a CPT; "O projeto popular para o Brasil que construímos foi derrotado e precisa ser reinventado. A hora para fazer isso, é agora"; leia íntegra


247 - A Comissão Pastoral da Terra divulgou nota nesta sexta-feira, 8, cobrando responsabilidades pelas mortes de camponeses pelo País. A CPT mencionou a prisão do Cacique Babau e seu irmão na Bahia, o assassinato de dois trabalhadores ligados ao Movimento dos Sem Terra (MST) no Paraná, e outros crimes contra camponeses no Maranhão, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
"Em 2015, o sangue de 50 trabalhadores e trabalhadoras assassinados no campo e o sangue de Vitor, criança Kaingang degolada no colo da mãe na rodoviária de Imbituba, em Santa Catarina, continuam a escorrer na vala da impunidade. Ao sangue deles se soma o de outros 13 lutadores e lutadoras tombados neste ano de 2016", afirmou. 
Leia na íntegra a nota pública da Comissão Pastoral da Terra:
"Quem vai deter a violência contra as comunidades camponesas?
Prenderam Cacique Babau e seu irmão na Bahia, executaram dois companheiros sem terra e deixaram muitos feridos no Paraná, no dia 07 de abril. Uma liderança de assentamento e do PT na Paraíba foi executada dentro de casa, ao lado da filha de um ano, no dia 06. No dia 31 de março, na comunidade quilombola Cruzeiro, município de Palmeirândia, MA, foi encontrado morto por disparo de arma de fogo o quilombola, conhecido como Zé Sapo. Em Rondônia mortes violentas, desaparecimentos e crimes rondam as comunidades camponesas. Em Mato Grosso e no Pará despejos violentos são constantes, e fazendeiros mandantes de crimes contra lavradores são absolvidos. No Mato Grosso do Sul as comunidades indígenas vivem ameaçadas e violentadas em suas próprias terras ancestrais.
Em 2015, o sangue de 50 trabalhadores e trabalhadoras assassinados no campo e o sangue de Vitor, criança Kaingang degolada no colo da mãe na rodoviária de Imbituba, em Santa Catarina, continuam a escorrer na vala da impunidade. Ao sangue deles se soma o de outros 13 lutadores e lutadoras tombados neste ano de 2016.
É competência do Governo Federal demarcar terras indígenas e fazer a Reforma Agrária. Se coisas como essa acontecem é porque há milhares de camponeses debaixo da lona preta à espera da tão prometida - e hoje abandonada - reforma agrária, e ainda milhares de indígenas e quilombolas tentando retomar os territórios dos quais foram esbulhados.
O fim do mundo para o povo excluído começou faz tempo. A execução de camponeses e indígenas nesse país é coisa comum.
Quando o governo federal entregou o Ministério da Agricultura para o agronegócio, autorizou também o latifúndio a continuar expulsando e matando os/as trabalhadores/as sem terra e indígenas.
Quando a reforma agrária vira moeda de troca e cabide de emprego na ineficiência criminosa do Incra, os antigos laços entre policiais e jagunços se reforçam mantendo intacto o cenário sem lei e sem direito no campo no Brasil.
Quando o TCU (Tribunal de Contas da União) determina a paralisação imediata do programa de reforma agrária do Incra em todo o país, age assim porque é um programa que beneficia excluídos, não faz a mesma coisa quando fraudes maiores e mais graves acontecem no sistema financeiro, ou quando estão envolvidas grandes empresas.
Quando a estrutura política, econômica e jurídica do país se move ao redor dos interesses de uma minoria burguesa, elitista e racista contra os interesses das maiorias negras e pobres, autoriza também o terror nas favelas e periferias – no campo e na cidade.
Na contramão dessa barbárie institucional e política, o povo do campo, com coragem, se insurge e mantem viva a esperança do seu território reconquistado, como fazem os Tupinambás e tantas outras etnias indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais. Como acontece na incansável e inglória luta pela terra pelos posseiros e sem terra de todos os cantos. Esse é o verdadeiro Brasil do sacrifício e da semente dos mártires, plantada e replantada na terra que sangra todos os dias.
Pensar o cenário nacional hoje não pode ser um exercício curto de identificar os golpistas de sempre e as manipulações da mídia. Que sejamos contra o golpe institucional que se encaminha, mas que sejamos também honestos: a democracia que queremos tem que passar pela terra, tem que começar pelos territórios indígenas, tem que interromper a destruição de florestas e cerrados, e estancar de vez o sofrimento e assassinato do povo que busca terra pra viver e plantar.
A democracia que queremos começa no chão! A democracia que defendemos passa pela casa do povo pobre! A democracia que buscamos precisa reconciliar esse povo com esse território, acabando de vez com a sanha assassina do capitalismo e seus truques de colocar as maiorias de joelhos longe do poder e as minorias pelos salões e corredores trocando favores e influência.
A democracia que queremos... não existe! O projeto popular para o Brasil que construímos foi derrotado e precisa ser reinventado. A hora para fazer isso, é agora. O povo que vai fazer isso, somos nós, pela base.
A CPT convocada pela memória subversiva do evangelho da vida e da esperança, fiel ao Deus dos pobres, à terra de Deus e aos pobres da terra, ouvindo o clamor que vem dos campos e florestas, seguindo a prática de Jesus, se junta a outros movimentos e articulações na denúncia do sistema que violenta o direito dos pobres e mais fracos.
Nossa irrestrita solidariedade ao cacique Babau, ao povo do campo, das águas e das florestas, aos sem terra e a todos os que sofrem a intolerância e a perseguição, quando buscam o reconhecimento de sua cidadania e dos seus direitos. Que sigamos em caminhada, em romaria em busca da terra sem males!
Goiânia, 08 de abril de 2016.
Coordenação Executiva Nacional da Comissão Pastoral da Terra"

sexta-feira, 8 de abril de 2016

A Intersindical está na luta pela democracia

A Intersindical, Central da Classe Trabalhadora, tem ao longo dos últimos anos encabeçado diversas lutas contra a retirada dos direitos trabalhistas. A Intersindical não apoia a política econômica do governo Dilma (PT) que implantou um ajuste fiscal jogando a crise nas costas do trabalhador . Mas é contra o impedimento da presidenta baseado em uma ação golpista orquestrada pela Rede Globo e setores do judiciário, Ministério Público, banqueiros e grandes empresários, que visam derrubar o governo eleito para colocar o governo ainda mais comprometido com o capital financeiro internacional.
A Central luta pela manutenção do estado de direito que foi conquistado a duras penas. Luta pela Democracia. “Não vai ter golpe, vai ter luta.”

quinta-feira, 7 de abril de 2016

PLP 257/16 é uma verdadeira reforma do Estado, denuncia Bernadete Menezes



Agora, com total cinismo, o PLP 257/2016 se propõe a renegociar as dívidas de estados e municípios por mais 20 anos, sob moldes abusivos, e ainda chama os servidores públicos e a sociedade brasileira como um todo para pagar a conta da fatura.
“A fachada deste projeto é a suposta renegociação das dívidas com estados e entes federais , mas trata-se na verdade de uma bomba contra o funcionalismo público, o PLP257/16 é uma reforma do Estado”, denuncia Bernadete Menezes, Secretária de Defesa do Serviço Público da Intersindical.
Dentre os pontos usados como condições para a renegociação das dívidas (que na verdade só serão ampliadas), estão o arrocho e congelamento de salário ao funcionalismo, a limitação de progressões funcionais, privatização de empresas estatais, suspensão da política de valorização do salário mínimo, ampliação da terceirização e inclusão desses na rubrica dos “gastos com pessoal”, proibição de concursos e novas contratações, demissão de servidores concursados, aumento da contribuição previdenciária e a revisão de aposentadorias e pensões de servidores.
O movimento sindical está tentando audiência com a presidente Dilma e visitando gabinetes de parlamentares no Congresso Nacional. O objetivo é evitar neste momento que a proposta tramite em regime de urgência na Câmara dos Deputados.
“Dilma tinha levado o PLP 257/16 ao Congresso para segurar o PMDB no governo, o que não adiantou. Agora está caindo e tá acabando com o movimento sindical. É incompreensível. Não tem lógica, segue atacando os amigos e sabendo quem são os inimigos”, afirma Berna Menezes.
O PLC 257/2016 pune também os aposentados e pensionistas que lutam hoje pela aprovação da PEC 555/2006 (extinção gradativa da contribuição previdenciária de servidores aposentados e pensionistas). “Agora vão ter que pagar não só 11%, mas sim 14% para a Previdência, um verdadeiro absurdo”, diz a secretária da Intersindical.
Há sempre uma inversão de valores: os bons gestores e bons pagadores não são valorizados e os maus são sempre perdoados e prestigiados.
Auditoria da dívida
As dívidas dos estados e municípios, segundo Bernadete Menezes, precisam ser auditadas, pois as negociações e renegociações foram feitas com patamares de juros que já deixaram muitos estados, como o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, em situação de penúria. Sem contar que na maioria dos casos os pagamentos de juros já quitaram o valor das dívidas.
Entenda
Os Estados e Municípios brasileiros foram condicionados ao pagamento de juros, por ocasião da federalização das suas dívidas em 1998. Além disso, foi adotado um índice de atualização (IGP-DI) que se comportou bem acima da inflação. Desta forma, foram subtraídos recursos que se destinaram, por força de Lei, para o pagamento da dívida federal. Os governos FHC, Lula e Dilma praticam na prática uma extorsão sobre os entes federativos.
“E agora o governo Dilma ainda tenta submeter os devedores a atos que violam conquistas históricas dos trabalhadores do setor público”, ressalta Menezes.
O Distrito Federal , por exemplo, está há 20 anos sem fazer concurso. No Rio Grande do Sul, 53% dos cargos estão vagos. E essa reforma de Estado prevê a suspensão total dos concursos.
A sociedade brasileira será, mais uma vez, penalizada. “Com essa proposta inaceitável, teremos um serviço público de menor qualidade, com servidores desvalorizados e em menor quantidade para assumir os serviços essenciais e tão caros à sociedade”.
Sofre o servidor estadual e também o servidor municipal, que com certeza entrará nos mesmos moldes para suprir a dívida dos municípios com os órgãos federativos. “Esse tipo de medida anuncia o declínio na prestação de serviços públicos de qualidade ao cidadão”, avisa Menezes.

sábado, 2 de abril de 2016

NOTA DO MTST SOBRE AS AMEAÇAS A GUILHERME BOULOS

O MTST vem a público para repudiar as recentes ações de representantes da direita contra as lutas sociais, em especial contra Guilherme Boulos, membro da coordenação nacional deste movimento.
Após significativas ações contra o desavergonhado golpe que está em curso no país e a mobilização de centenas de milhares de trabalhadores por várias cidades brasileiras, parece que a velha direita se assustou. Acharam que o golpe seria jogo ganho, mas depararam-se contra uma parte importante dos brasileiros que não está mais disposta a abrir mão dos seus direitos e do mínimo de democracia a que ainda temos acesso. O movimento popular resiste bravamente ao golpe da Casa Grande!
Eis que na tentativa de intimidar a resistência, apontam agora seus canhões contra um dos nossos. O DEM (o antigo PFL de ACM e outros coronéis engordados na ditadura) e o PSDB (o partido do aeroporto na fazenda do tio e do sumiço covarde de merenda) entraram com representação -sendo que em uma há um pedido de prisão- contra o companheiro Guilherme Boulos, referência da luta dos trabalhadores sem teto pelo país que tem se destacado no último período como um dos porta-vozes da política do MTST na defesa intransigente dos direitos e das conquistas populares.
Com essa nota pretendemos reforçar a disposição do MTST de permanecer na luta e na resistência contra o golpismo e que ameaças ou intimidações terão o efeito reverso ao que pretendem: ampliaremos o número de ocupações, travamentos e atos públicos. Ocuparemos todos os espaços possíveis para bradar contra o fascismo que cresce sorrateiramente. Não nos calarão. Voltem para as catacumbas obscuras de onde vieram! Golpe nunca mais!
Coordenação Nacional do MTST

PSDB E DEM PERSEGUEM GUILHERME BOULOS E ATACAM LIBERDADE DE EXPRESSÃO:


Caros/as companheiros/as,
Na medida em que as mobilizações em defesa da democracia e dos direitos sociais têm se intensificado nas últimas semanas vem a reação da direita.
Ontem, o deputado José Carlos Aleluia entrou com uma representação na Procuradoria da República pedindo minha prisão por "incitação ao crime" e "formação de milícia privada". Referiu-se a uma declaração que dei de que o país pegaria fogo com greves e ocupações de fossem adiante com os ataques.
Hoje, o PSDB entrou com uma segunda representação por "incitação ao crime" por ter feito uma fala quarta no palácio do Planalto (lançamento do Minha Casa 3) dizendo que haverá resistência.
É uma ofensiva no sentido da criminalização.
A orientação dos advogados do movimento foi tentar dar a maior visibilidade possível e demonstrar reação (mesmo que pelas redes) para evitar alguma ação arbitrária, tal como prisão preventiva.
Peço então aos que possam que divulguem em suas redes sociais e ajudem a denunciar. Deve sair um manifesto de repúdio no início da semana. A Laura Carvalho está organizando.
Valeu!
Abraço,
Guilherme Boulos