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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Líder do PSOL repudia a atitude de médicos brasileiros em relação aos cubanos

O líder do PSOL, deputado federal Ivan Valente (SP), critica a atitude de médicos brasileiros que vaiaram e xingaram os profissionais de saúde estrangeiros que chegaram ao Brasil para participar do programa Mais Médicos. A atitude preconceituosa pode ser verificada até na imprensa.
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médica saca uma nota de cem reais e fala; "é de dinheiro mesmo que a gente gosta...
“O que está acontecendo no Brasil em relação à vinda de médicos estrangeiros e agora particularmente aos cubanos é uma demonstração de xenofobia, de ódio, de preconceito, que precisa ser repudiada. O que fez uma jornalista? Disse que as médicas cubanas pareciam domésticas. Atingiu todas e quaisquer trabalhadoras brasileiras e também as médicas cubanas com racismo e com preconceito”, denuncia Ivan Valente.

O deputado classifica como retrocesso essas atitudes que devem ser repudiadas pela sociedade brasileira. Ele critica o estímulo ao preconceito que está sendo feito pelos conselhos de medicina. E citou a imagem, veiculada por emissoras de tv e publicada pela imprensa escrita, de um médico negro desembarcando em Fortaleza (CE) e uma mulher loira de jaleco gritando: “escravo”.

“Não vou discutir agora o Programa Mais Médicos, porque isso nós vamos discutir aqui como medida provisória, como política de saúde, como respostas às necessidades da população no campo da saúde. E o PSOL tem muitas críticas. Nós somos contra a privatização da saúde e defendemos um Sistema Único de Saúde de qualidade”, declarou. “Eu espero que os médicos do Brasil, cidadãos médicos, tão importantes para o País, repudiem essas posturas”.

Assista o SBT mostra farra de médicos em hospital público do Rio

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Encontro de base aprova reivindicações da campanha salarial 2013

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Edinho, dirigente do Unificados, e da INTERSINDICAL fala durante o encontro de base. 

No encontro de base do Unificados as trabalhadoras e trabalhadores aprovaram a pré-pauta de reivindicações para a campanha salarial 2013 discutida na Federação dos Trabalhadores no Ramo Químico de São Paulo (Fetquim), da qual o Unificados faz parte. O encontro foi realizado ontem (25 de agosto), com a participação de companheiras e companheiros das regionais de Campinas, Osasco e Vinhedo.

Embora neste ano a negociação seja apenas dos itens econômicos, ou seja, aumento real nos salários e no piso da categoria e da participação nos lucros e resultados (PLR), a pauta que será entregue à patronal incluirá também a reivindicação pela redução da jornada para 40 horas semanais sem redução nos salários e com sábados e domingos livres, mais a licença maternidade de 180 dias.

A data base é 01 de novembro e corresponde ao período aquisitivo de 01 de novembro de 2012 a 31 de outubro de 2013.

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Valdir, dirigente do Unificados, e da INTERSINDICAL fala durante o encontro de base. Foto editada para evitar identificação dos trabalhadores

Crescem a inflação e o faturamento das empresas

Dirigentes do Unificados fizeram exposições sobre o atual cenário econômico, favorável às empresas do ramo químico por conta dos subsídios oferecidos pelo governo. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), o faturamento da indústria química brasileira em 2012 foi cerca de R$ 293 bilhões. No mês de junho, as vendas internas de produtos químicos de uso industrial registraram crescimento de 6,90% em relação a maio, com perspectiva de manutenção deste crescimento.

Já o custo de vida dos trabalhadores que ganham até cinco salários mínimos cresceu 4,5% entre novembro de 2012 e julho de 2013, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Essa é a realidade dos trabalhadores da base do Unificados e a previsão é de que este porcentual chegue até 6% em outubro.

Diante destes dados, a reivindicação econômica aprovada é a de 13% de aumento salarial, piso de R$ 1.550,00 (valor que recupera a mesma valorização do salário mínimo, aplicado ao piso dos químicos), PLR de R$ 2.860,00 (tomando como base o salário mínimo do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos, o Dieese) e cesta básica gratuita, sem condicionantes, uma vez que muitas empresas não tratam como um benefício, suspendendo-a em caso de faltas, atrasos ou mesmo com a apresentação de atestado médico.

Mobilização

Para obter conquistas no processo de negociação, a mobilização com participação nas assembleias é essencial. O Unificados realizará assembleias nas fábricas e organizará mobilizações para pressionar os patrões a atender as reivindicações. Na fala de vários dirigentes, os atos e protestos que ocorrem em todo o país foram citados como exemplos para obtenção de conquistas reais.

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Reivindicações específicas

Além das abordagens sobre o momento político e aprovação da pauta geral de reivindicações, no encontro os trabalhadores debateram sobre as principais necessidades de melhorias específicas em cada empresa. Na maioria delas, as reivindicações mais citadas foram por aumento real nos salários, redução da jornada e fim da escala de seis dias trabalhados para dois de folga, melhorias na cesta básica, plano de saúde, plano de cargos e salários, fim do assédio moral, PLR, segurança e transporte. Estas reivindicações serão colocadas em pautas específicas a serem protocoladas em cada empresa.

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30 DE AGOSTO: Dia de protesto nacional pelo fim do projeto da terceirização

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Assembleia na Planmar, em Sumaré, dia 20 de agosto de 2013

Assembleias na Sulamérica, Planmar e SPBIO, em Sumaré

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Assembleia de campanha salarial na Componian, em Cajamar

Trabalhadores da Componian aprovam estado de greve, em Cajamar

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Assembleia do Unificados na CBCRIL, em Cajamar

Assembleia na CBCRIL sobre campanha salarial e terceirização

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Vito Giannotti convida para o 19ºCurso Anual do NPC: a comunicação dos trabalhadores e a outra, o mundo afora, em debate

Assista este filminho e saiba tudo sobre o 19º Curso Anual do NPC:

 

Jornalistas, dirigentes sindicais e demais interessados já podem se inscrever no 19º Curso Anual de Comunicação do NPC. Este ano o curso acontece de 20 a 24 de novembro, no Rio de Janeiro, com o tema “MÍDIA E PODER NO BRASIL E O MUNDO HOJE”. A mesa de abertura, na tarde do dia 20, será com o Joel Rufino dos Santos e Ignacio Ramonet, que debaterão “A Comunicação e a Resistência das classes populares no século XXI”. As inscrições custam R$ 670 (sem estadia) e R$ 1220 para os que precisarem de estadia no Rio. Todas as inscrições dão direito a almoço nos dias 21, 22 e 23/11, estadia nos dias 20, (após 12h), 21, 22 e 23 até 12h do dia 24, lanches e apostilas. Os primeiros 10 estudantes de comunicação, que se inscreverem, têm desconto de 30% em inscrições sem estadia. Confira a programação completa e saiba como se inscrever. Informações pelo e-mail npiratininga@piratininga.org.br ou pelo telefone (21) 2220-4895.

Para conferir a programação completa, saber como se inscrever e acompanhar as novidades, basta acessar a página do curso: http://nucleopiratininga.org.br/curso2013/

domingo, 25 de agosto de 2013

Médicos Cubanos vêm para o Brasil por Solidariedade e não por dinheiro

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Viemos ao Brasil por solidariedade e não por dinheiro, diz cubano

Os primeiros médicos cubanos que desembarcaram no Brasil para participar do programa Mais Médicos, do governo federal, disseram neste sábado que vieram "por solidariedade, e não por dinheiro".
"Nós somos médicos por vocação e não por dinheiro. Trabalhamos porque nossa ajuda foi solicitada, e não por salário, nem no Brasil nem em nenhum lugar do mundo", afirmou o médico de família Nelson Rodriguez, ao desembarcar no aeroporto internacional de Recife (PE). Os médicos cubanos desembarcaram vestindo jaleco, com bandeiras do Brasil e de Cuba.

sábado, 24 de agosto de 2013

Ex-executivo da Siemens relata 'ilícitos' em contratos do setor elétrico e de saúde

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Nada que já não soubéssemos.
Ex-executivo da Siemens relata 'ilícitos' em contratos do setor elétrico e de saúde.
Em carta de 2008 à matriz na Alemanha, funcionário diz que formação de cartel e pagamento de propina a agentes públicos não eram exclusivos da área de transportes; documento originou apuração sobre ilegalidades em trens e no metrô.
A carta que levou a investigações, no Brasil e na Alemanha, sobre irregularidades cometidas pela Siemens em licitações e formação de cartel no sistema metroferroviário cita "práticas ilícitas" não só nos transportes, mas também nos setores de energia e de equipamentos médicos da empresa. Para os investigadores, a rotina denunciada no documento, enviado em junho de 2008 à matriz da multinacional, engloba fraudes em concorrências públicas e pagamento de propinas a agentes públicos brasileiros.
A carta com as acusações, que hoje os investigadores sabem ser de um ex-executivo da multinacional, foi enviada ao ombudsman da Siemens na Alemanha e a autoridades brasileiras em junho de 2008. Embora fosse anônima, a riqueza de detalhes que continha em suas cinco páginas, 77 tópicos e seis anexos levou os investigadores a deflagrar uma apuração sem precedentes. Na Siemens, resultou na demissão da cúpula em diversos países - inclusive no Brasil. Em muitos países, resultou também n a instauração de procedimentos investigatórios pelos órgãos competentes.
No início da denúncia, o autor, dirigindo-se ao então ombudsman da Siemens na Alemanha, Hans-Otto Jordan, afirma que apontará "alguns fatos e documentos que demonstram práticas ilegais da Siemens, no passado e atualmente" e cita projetos dos metrôs de São Paulo e Brasília, onde aponta a prática de corrupção. Ele prossegue: "Esse tipo de prática não é um privilégio da Divisão de Transportes. São práticas comuns também nas divisões de Transmissão e Distribuição de Energia, Geração de Energia e de Sistemas Médicos".
O autor da denúncia que colocou a Siemens no centro do grande escândalo mundial não fornece detalhes sobre malfeitos nessas áreas específicas nem cita nomes ou esferas de governo. No Brasil, a multinacional alemã tem contratos milionários com empresas de diversos governos. No federal, controladas da Eletrobrás como Furnas, Chesf e Eletronorte tem contratos com a empresa. No governo paulista, a Cesp contratou a Siemens em diversas ocasiões.
Verossímil. Os investigadores veem o relato do denunciante como verossímil porque outras informações transmitidas na carta agora são confirmadas pelos seis executivos que trabalharam na Siemens e firmaram, em 22 de maio de 2013, acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). São subscritores do pacto o Ministério Público Federal e o Estadual.
Os lenientes - quatro executivos brasileiros e dois alemães que ocupavam cargos do alto escalão da companhia - revelaram a formação de um cartel no sistema metroferroviário de São Paulo, situação já apontada pelo autor da carta.
"É impressionante observar que, apesar de todos os escândalos e consequências para toda a companhia, a Siemens Brasil continua pagando propinas no Brasil para conseguir contratos lucrativos", acentuou o denunciante. "Espero que as informações mencionadas possam ajudá-lo em sua difícil função como ombudsman em uma companhia que não aprendeu com as lições do passado."
Outro cartel. O Cade conduz investigação sobre expedientes atribuídos à Siemens que teriam violado a competição no setor energético. Instalada em 2006 e ainda não concluída, uma investigação conduzida pela Secretaria de Direito Econômico do órgão aponta para a formação de cartel na venda de transformadores de distribuição de energia elétrica que teria provocado prejuízo de pelo menos R$ 1,7 bilhão a empresas do setor entre 1988 e 2004. A informação foi revelada em 2007 pelo jornal Folha de S. Paulo.
Nesse caso, a Siemens é vítima do próprio instrumento do qual se beneficia em relação ao setor metroferroviário, já que outra empresa, a ABB, fez um acordo de leniência com o Cade, livrando-se de pagar uma multa milionária. Na ocasião, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, relatou que costumava ouvir muitas queixas do setor elétrico sobre preços de equipamentos muito acima do mercado internacional, e disse crer na existência de diversos cartéis na área. "Acho que é a ponta do iceberg", disse então.
Trechos da carta: "Eu gostaria de trazer para o seu conhecimento alguns fatos e documentos que demonstram práticas ilícitas adotadas pela Siemens no Brasil, nos dias de hoje e no passado, particularmente nos seguintes projetos: CPTM Linha G (Linha 5 do Metrô de São Paulo), CPTM Série 3000 e contrato de manutenção do Metrô-DF."
"Esse tipo de prática não é privilégio da divisão de transportes. Elas também são comuns nas áreas de transmissão e distribuição de energia, geração de energia e na divisão de sistema de saúde, que trabalham com empresas públicas."
"Essa carta e os documentos anexados a ela serão distribuídos às autoridades brasileiras que estão investigando o caso de pagamento de propina pela Alstom em diversos projetos do Brasil, dentre os quais a da linha G da CPTM."
"É surpreendente observar que, apesar dos escândalos e das consequências para toda a companhia, a Siemens Brazil continua a pagar propina no País para ganhar contratos rentáveis."
http://bit.ly/15gQtb0

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Violência e Crise de representatividade entram na análise do professor Cocco

Cientista Político e professor da UFRJ- Giuseppe Cocco

 

"É a luta que constitui o amor"Cientista político e professor da UFRJ aponta que as manifestações de rua estão num momento intermediário entre a explosão inicial de junho e a constituição de uma nova ordem das coisas"
Alan Santiagoalan@opovo.com.br DEIVYSON TEIXEIRA
Na avaliação do italiano Giuseppe Cocco, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), as manifestações de rua, deflagradas em todo o País a partir de junho, são a primeira greve geral metropolitana. Para entender o argumento, apresentado em palestra no Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (Adufc), em julho, é preciso atentar para o estopim das passeatas.
Açuladas pelo aumento das passagens nos transportes urbanos, elas acabaram se voltando para outras questões – tanto estruturais quanto conjunturais. A ideia do professor é de que, com a economia muito mais voltada aos serviços que à indústria, o transporte é elemento essencial para estar inserido social, econômica e culturalmente nas cidades. Dentro disso, as manifestações são “a face mais selvagem” dos dois governos Lula. Explodem pelas mãos da nova classe média, que agora exige mais dos governantes, e põem ao PT um problema que a presidente Dilma, segundo Cocco, não tem sabido resolver.
Partindo desse contexto, ele afirma que os protestos questionam nossa democracia, estão num momento de inflexão entre a destruição das velhas ordens e a constituição de uma nova e são uma radicalização democrática, cheia de um dissenso que não deve ser unificado, mas, ao contrário, compreendido.
Cocco analisa os Pontos de Cultura como uma iniciativa importante de auto-organização popular da multidão, afirma que não existe “vandalismo” senão “aquele do poder” e crava: “Essa violência é a construção da paz”.
O POVO - O que as manifestações dizem a respeito da nossa democracia?
Giuseppe Cocco - Podemos abrir a reflexão sobre o tema da democracia em várias direções. Por um lado, a repressão determina uma maior mobilização - inclusive uma mobilização radical. Todas essas manifestações tinham uma participação de jovens mais ou menos determinados ao confronto, claramente inspirados por um certo tipo de exasperação com relação às mudanças, ao fato de que mudanças são colocadas a longo prazo, de que há que esperar, mas também com inspiração pelo que aconteceu nas Revoluções Árabes e em Istambul. E, nessas mobilizações, os setores jovens, desorganizados ou não tradicionais, indo para o enfrentamento e dizendo que isso não é uma verdadeira democracia. O que é verdade. Mesmo que, inicialmente, a maioria dos manifestantes fosse do movimento estudantil, de classe média metropolitana, rapidamente houve uma mobilização de jovens da periferia que também têm acesso à universidade, mas pelas políticas de inclusão do governo (Prouni, Reuni, expansão do ensino técnico...), que entraram nessa brecha criticando a democracia e praticando uma outra democracia. Democracia é essa possibilidade do conflito, do conflito acontecer, de dizer: “Eu quero ir até o estádio. Se o pessoal faz uma barreira para que eu fique a quatro quilômetros para ninguém ver, eu vou fazer de uma maneira que todo mundo veja. Eu quero contestar”. É uma prática da democracia que a preenche com outro conteúdo, onde os conflitos possam acontecer e não sejam governados como eles são governados agora. Porém nossa democracia é bipolar, é uma grande conciliação entre os partidos, uma dinâmica que faz os governos todos iguais com pequenas nuances; por outro lado, a regulação dos pobres continua sendo ultraviolenta, baseada no poder de exceção de uma polícia que pode matar pobre quando quiser. Esse movimento, para além do tipo de política da mobilização, abriu uma brecha, colocando a democracia num terreno mais material e dando novo conteúdo.

Veja a entrevista
OP - Que indícios as manifestações dão do que pode ser essa nova democracia que se almeja?
Cocco - Com certeza, as manifestações que continuam apontam para um outro horizonte, que é de radicalização democrática. A democracia não é a pacificação no sentido do medo e da harmonia como necessário terreno de escamoteamento da luta de classes, da luta entre interesses diferentes. A democracia é o espaço onde essa luta possa acontecer sem que signifique uma violência generalizada ou o retorno ao totalitarismo. O paradoxo da esquerda de poder e de setores da esquerda que achavam que estavam com o movimento foi de dizer que as mobilizações eram fascistas – quando, na verdade, é a postura do estado diante disso. Depois dessa fase formidável de manifestações maciças, o movimento passa por uma fase de difusão, que pode ser um refluxo, como em São Paulo que já não acontece quase mais nada, ou pode ser uma difusão com uma outra respiração, a experimentação de outros movimentos. Para efetivamente essa radicalização democrática passar do momento insurrecional, que é destituinte, ao momento instituinte, ela precisa encontrar espaços, medidas, métricas adequadas.

OP - O senhor acha que estamos nesse estágio?
Cocco - Sim. Estamos nessa inflexão. As ocupações que pipocaram em Câmaras e Assembleias Legislativas são os primeiros momentos nesse sentido. Houve em Porto Alegre, em Belo Horizonte, no Espírito Santo, em Belém. Depois houve uma multiplicação de assembleias populares, plenárias. No Rio de Janeiro, está cheio. Ninguém sabe quantas reuniões estão efetivamente acontecendo. Pode também ser que nessa inflexão o movimento vá se diluindo e refluindo.

OP - Qual a diferença entre essas reuniões agora e as reuniões que sempre aconteceram nas periferias das cidades, com os movimentos sociais?
Cocco - A diferença é enorme. Em primeiro lugar, esse movimento não vem do nada. Há várias gerações de militantes, de organizações que no movimento se juntaram. Mas foi o terreno de uma transformação antropológica que levou muita gente a acreditar nas mobilizações, em si mesmos, no uso das redes. As características são que as mobilizações têm muita gente, quando antes você tinha apenas os segmentos organizados - mesmo das margens como MST, Sem Teto, Terceiro Setor -; eram sempre essas redes que multiplicavam os momentos de resistência, mas não conseguiam massificar. O momento eleitoral partidário, das grandes organizações sindicais, prevalecia com um quadro de desvalorização, cooptação e repressão de mobilizações pequenas. Mesmo as mobilizações descentralizadas, têm hoje 300 ou 400 pessoas. Há uma grande determinação de participação, uma geração completamente nova. Isso significa que a crise da representação não é apenas do governo, mas de todas as formas organizadas. Inclusive MST etc. Não é que sejam contestados diretamente, mas eles ficaram completamente deslocados diante dessa prática.

OP - Então, como conjugar ideias tão antagônicas a respeito, por exemplo, de economia, política, direitos humanos?
Cocco - O verdadeiro problema é que, para lidar com isso ou pensar essa dinâmica do destituinte ao instituinte, é preciso - o que não é fácil, a reação automática dos partidos e do governo é o contrário - renunciar inicialmente a querer conjugar isso. A característica desse movimento de multidão é que ele não se unifica. A verdadeira política adequada diante disso seria se abrir e se deixar atravessar por um movimento de multiplicidade de iniciativa. Nenhum partido, nem de extrema esquerda, teria condição de fazer, porque, por definição, eles têm um modo de funcionamento unificado, sintetizado. Francamente, se eu estivesse no governo, também não saberia como fazer. Mas há horizontes que a gente poderia definir como horizontes possíveis.

OP - Quais?
Cocco - O governo federal, que tem mais condições, poderia, embora já tenha passado o tempo, ter enxergado nesse movimento uma guinada para a esquerda e ter feito uma reforma ministerial que teria sido uma reforma em termos de comunicação, simbólica, mas que marcasse essa abertura. Por exemplo, colocando nos Direitos Humanos uma figura reconhecida por sua história e sua prática, construindo o ministério da Cidade e do Transporte juntos, colocando uma figura reconhecida do movimento da reforma urbana, reorganizando também o ministério da Cultura. Esses três momentos teriam sido fundamentais. O PT não tem essa capacidade, essa lucidez. A presidente Dilma, ainda menos. A coisa curiosa é que o governo Lula teve experiência de política da multidão, da multiplicidade, que foi destruída pela Dilma. Ela não deu a menor bola. Para ela, o problema é a megabarragem. A política dos Pontos de Cultura é o exemplo da política da multidão. Você usa o recurso público, dobrando ele ao reconhecimento das dinâmicas de auto-organização que existem na sociedade.

OP - Qual o lugar da violência e do enfrentamento nas manifestações?
Cocco - A violência é um terreno de organização do poder e organização do poder em torno de algo bem específico que é o medo. Um país como o Brasil não se sustenta sem a produção e reprodução sistemática do medo. O nível de desigualdade, de injustiça, de miséria que caracteriza todas as cidades brasileiras só se sustenta porque o poder é organizado em torno do medo. Não é por acaso que, nas cidades como o Rio de Janeiro, tenha uma tropa de elite que tem como símbolo a caveira, quer dizer, a morte. Essas manifestações tinham patamar diferente, uma determinação de não ser rituais. Um dos mecanismos da massificação foi que, desde o início, elas continham um elemento de radicalidade que implicava no fato de dizer: “Nós não vamos nos manifestar de maneira ritual. Vamos marcar nossa presença inclusive enfrentando as limitações que o estado nos impõe e eventualmente atacando alguns símbolos do poder”. Isso pegou.

OP – Como o senhor entende o que se convencionou chamar de “vandalismo”?
Cocco – Acho que a gente deve desconstruir o termo. Não existe nenhum vandalismo a não ser aquele do poder. Por exemplo, que sentido faz falar de vandalismo em São Paulo depois de tudo o que aconteceu com aquelas centenas de mortos ligados ao enfrentamento entre a PM e os comandos da criminalidade organizada, as chacinas que aconteciam em toda a cidade? O termo vandalismo é a hipocrisia mais total de uma mídia que não se olha no espelho. O vandalismo aqui é uma pura invenção midiática. No Rio de Janeiro, por exemplo, quando a gente fala do que é a gestão (do governador) Sérgio Cabral, (do prefeito) Eduardo Paes e (do ex-prefeito) César Maia, podemos fazer uma lista de 10 ou mais grandes investimentos, cada um deles mais ou menos bilionário, jogados no lixo. Uma ou duas vitrines, um mobiliário urbano quebrado é menos do que nada diante da Cidade da Música, construída por César Maia, que custou pelo menos meio bilhão e está fechada há mais de quatro anos. Está lá, enorme, gigantesca, no meio de um mar de favelas no meio da Barra da Tijuca, perto da Cidade de Deus. Algumas lojas quebradas por aqueles da Cidade de Deus não é nada diante desse meio bilhão que não tem nenhum uso. O Maracanã foi refeito em 2007, refeito agora e, depois da Copa do Mundo, será refeito de novo para a Olimpíada. É uma festa vandálica. Os vândalos estão no poder. Foram os garotos que deram a essas manifestações e continuam dando uma característica não ritual ou vazia como de uma procissão, que repete uma liturgia para que os dirigentes continuem nos seus negócios. Isso deu a esse movimento a sua dinâmica e caracterização inovadoras.

OP - Há um investimento dos próprios corpos dos manifestantes no enfrentamento...
Cocco - Sim. Enquanto enfrentam a radicalização da polícia para que a manifestação não seja limitada, ritualizada, esvaziada, defendem a manifestação com o próprio corpo, e a política da multidão aparece como a política dos corpos. Não mais a política dos números das estatísticas eleitorais. Coisa que não entra na cabeça da Dilma e do PT, que continuam a perguntar para os marqueteiros. Esse movimento destrói todas as funções matemáticas e estatísticas usadas pelo marketing, pelos economistas. Porque os corpos não são números. Eles interagem segundo outra dinâmica. Podemos usar a metáfora do amor, o amor que tem nessas lutas. “Existe amor” não é um decreto, mas uma constituição que passa pela luta. É a luta que constitui o amor.

OP - O que a “multidão” ensina para o “povo”?
Cocco - O povo não existe mais enquanto povo, mas enquanto fragmento. O outro lado dessa existência do povo enquanto fragmento - que o Brasil conhece por causa do subdesenvolvimento - reaparece na forma da constituição do fazer-se da multidão. Esse fazer escamoteia a problemática do povo. A multidão não é povo. A violência da multidão é uma violência de resistência e revide. Se, por um lado, tem uma determinação da radicalização para que a manifestação não seja ritual, por outro, o comportamento desse grupo mais radical, muitas vezes da periferia, sem nenhuma centralização, funciona como um enxame. Eles ficam lá, se juntam, se espalham. A prática da violência deles é defensiva.Há imagens incríveis desse enxame de jovens indo para cima com tapumes, barra de ferro, pedras contra o caveirão, até andando em cima do caveirão. Por que podem fazer isso? Esses, que vão para cima, conhecem esse caveirão que mata todo dia na favela. Porque, na avenida, ele tinha condição de fazer isso sem que o caveirão matasse. É um ódio contra a polícia assassina; é também a destruição do medo e a construção de uma verdadeira paz. Não há paz com medo. A paz é dos cidadãos que não têm medo. Essa violência é a construção da paz.

OP - Como o senhor entende a relação entre a crise de representatividade que atinge os partidos políticos e o ódio à imprensa, com carros de reportagens queimados e hostilização a repórteres? As duas coisas fazem parte do mesmo movimento?
Cocco - Em primeiro lugar, a mídia só conseguiu ficar nessas manifestações descaracterizada. Por isso levou muita bala de borracha. Houve muitos jornalistas feridos. A esquerda e o PT diziam que era um movimento manipulado pela grande mídia de direita. Quando os manifestantes atacam a Rede Globo, como aconteceu no Leblon, dizem que são infiltrados, vândalos. Eles choram por causa da campanha midiática do mensalão, mas não conseguem enxergar o fato de que a multidão é profundamente inimiga da mídia e identifica diretamente a mídia com todo o sistema do poder e do estado. Se existe uma recusa dos partidos nessas manifestações, existe um ódio pela polícia, pelo estado, que é equivalente ao ódio pela mídia. A questão dos partidos é porque os movimentos são irrepresentáveis. Se o partido pretende se impor, porque pensa que ele tem uma bandeira limpa como o caso da esquerda de oposição, da extrema esquerda, como o PSTU, ele é visto como uma imposição. Se ele se impõe, é visto ainda pior - como foi o caso dos sindicatos. A recusa das bandeiras de fora não significa recusa de forma de organização e constituição. A fase pela qual passa o movimento nesse momento é o de dizer: “Bom, uma vez que a gente contesta sistematicamente todas as formas de organização, como é que a gente se organiza?”. Ninguém sabe como.

OP - Na época do lançamento de Mundobraz, o senhor afirmou: “A crise está aberta, ela pode ser uma perspectiva de construção de outros valores. Esse horizonte está na possibilidade de construir (...) uma esfera do comum”. As manifestações estão construindo essa esfera do comum?
Cocco - Ainda não. Elas indicam uma esfera que não é bem aquela estatal, nem aquela do mercado. São profundamente antiestatais, contra representação; e profundamente contra o mercado, contra o capitalismo. Esse movimento tira a roupa de todo mundo. Todo mundo fica nu, falando um monte de besteira. Mas acho que indica para esse terreno da constituição do comum. Só o movimento inventa, só a luta ensina. Esse movimento transmuta todos os valores. Antes do movimento, isso que eu dizia passava na indiferença, como um fato folclórico, interessante, no regime da produção artística. Agora dá para dizer: “Está lá”. Mesmo que o movimento possa passar agora por um refluxo total, é um evento único que abre todos os horizontes do possível.

EUA X Edward Snowden X Brasil

A TVMovimento está com um novo programa “Nossa América” está sendo feito diretamente da Venezuela, em parceria com  Bruna Menezes, que é ancora da TVSUR em português.

Ajudem a divulgar a TV alternativa a serviço do movimento WWW.TVMOVIMENTO.TV.BR.

O quadro "Nossa América" desta vez faz uma crítica contundente ao imperialismo americano, principalmente, no que diz respeito à espionagem de dados e informações dos brasileiros e outros povos. Destaque para o episódio em que o técnico da CIA,Edward Snowden, divulga o esquema de espionagem dos Estados Unidos e invasão de privacidade de diversos países. O desdobramento atingiu até mesmo o brasileiro David Miranda, companheiro do jornalista que recebeu os documentos de Snowden. Assista ao vídeo e compartilhe outros ideais.

TV MOVIMENTO

EUA X Edward Snowden X Brasil

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Aldo Santos: está surgindo uma nova central

Aldo Santos, Sindicalista e Militante do Psol.

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Veja a Revista da INTERSINDICAL

OCUPAR AS RUAS! Para mudar o Brasil e conquistar direitos!

No dia 08 de Agosto de 2013 participei  de  uma reunião com dirigentes da Intersindical, onde por algum tempo ouvimos dos mesmos as deliberações do recente seminário realizado nos dias 02 e 03 de Agosto de 2013, onde, por unanimidade optaram pela construção e legalização da Intersindical.
Compareci a essa reunião em nome da diretoria da APROFFESP que em deliberação interna aprovou que deveríamos buscar dados e informações sobre o papel e a importância das centrais sindicais, para posterior deliberação.
Além de uma rápida analise de conjuntura e da reestruturação produtiva o seminário apontou um calendário de luta e ações práticas rumo à formalização e registro da entidade até o primeiro semestre de 2014.
Do ponto de vista conjuntural o documento afirma: “Para a INTERSINDICAL, é preciso parar o Brasil numa greve política contra o capital e as políticas dos governos que impedem o atendimento das reivindicações dos trabalhadores e da juventude. Denunciar os planos patronais de ampliar a precarização do trabalho, denunciar os lucros dos bancos e do grande capital com a apropriação de dinheiro público e exigir do governo Dilma a mudança da política econômica é o caminho para avançar nas conquistas exigidas pelas ruas”.
Além de constatações citadas, ainda apresentam as seguintes reivindicações programáticas:
- Não ao PL 4330. Chega de terceirização. Salário igual para trabalho igual;
- Auditoria da dívida pública. Nem dinheiro para a copa. Nem dinheiro para as montadoras. Nem dinheiro para os bancos. Dinheiro público é para as políticas públicas.;
- Onde está o Amarildo? Basta de violência policial, de repressão por parte do Estado, de extermínio da juventude negra e da periferia. Pela desmilitarização das polícias e contra a criminalização da pobreza e dos movimentos sociais;
- Em defesa da demarcação das terras indígenas. Não a PEC 215;
- 10% do PIB para educação pública. Cumprimento imediato do salário e da jornada da Lei do Piso onde ela ainda não é cumprida. Redução da jornada e aumento de salários em todo o país - 1/3 da jornada com atividades extraclasse e mínimo do Dieese para jornada de 20 horas;
- Chega de violência contra as mulheres. Participação na Jornada contra o Estatuto do Nascituro de 28 de agosto a 28 de setembro e das atividades da Marcha Mundial de Mulheres no dia 31 de agosto;
- Democratização dos meios de comunicação e participação na campanha de coleta de assinaturas para um projeto de lei de iniciativa popular por uma mídia democrática;
- Não às privatizações do petróleo, das rodovias, dos portos, dos aeroportos, das elétricas.”
Em relação a atuação sindical afirmam que: “O movimento sindical brasileiro passa pelo período de maior fragmentação das últimas décadas. A dispersão deu um salto quando a CUT, por conta da ausência de autonomia na relação com o governo, perdeu a capacidade de aglutinar em torno de si vários setores do movimento.”
        Em relação a Conclat    constatam que :   “O fracasso do Conclat de 2010 demonstrou que a batalha pela organização dos trabalhadores com independência em relação aos patrões, Estado, governos e partidos políticos segue na pauta. As tentativas de "repactuação" do Conclat também fracassaram.”
Nesse contexto, definem que: “É hora de avançar na organização e no fortalecimento de um instrumento de concepção e prática sindical independente, classista, democrática, ampla e de luta. O fortalecimento dessa concepção passa, nesse momento, por avançar na formalização e organização de uma central dos trabalhadores, buscando inclusive o registro no Ministério do Trabalho. Isso não tem a ver com aqueles que defendem que uma central deva ser sustentada pelo imposto sindical ou por outros fundos públicos. Tampouco faremos isso para participar de fóruns permanentes de negociação tripartites”.
O documento finaliza convidando os trabalhadores e organizações para: Construírem um calendário de formalização da Intersindical como Central, bem como propõe um encontro Nacional para os dias 15,16 e 17 de Novembro de 2013 para debater concepção, pratica sindical, programa, estatuto e plataforma de lutas da nova Central. O cume desse processo de construção será consumado com a realização nos dias 14,15 e 16 de março de 2014 no congresso de Fundação da nova Central.
Entendemos que é o momento de participarmos nesse processo de construção, tendo em vista que os demais setores estão comprometidos e definidos de forma unidimensional sem a menor possibilidade de acolhimento ou participação de movimentos ou personalidades que ainda estão independentes ou em via de organização. É melhor  participar organizado mesmo que numa conjuntura de fragmentação, do que ficar esperando ou fazendo o  necessário chamado pela unidade que a cada dia fica mais distante. Entendemos que a Intersindical deveria instituir uma plenária mensal para assegurar a participação de todos que estão de acordo com o processo de construção da nova central, tendo como ponto de partida a pauta geral apresentada, para evitar erros e práticas já conhecidas e questionadas em relação aos outros processos de unidade.
Quem sabe faz agora !
Aldo Santos, Sindicalista e Militante do Psol.

Click aqui para ver a Resolução Política do Seminário Nacional da Intersindical

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Milhares vão às ruas contra a corrupção no sistema metroviário

15 de agosto de 2013
Interisndical
Acusações envolvem três governos seguidos do PSDB, inclusive o atual, de Geraldo Alkmin

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"Doutor, eu não me engano, propinoduto é coisa de tucano", cantavam em coro os 3 mil manifestantes no ato realizado nesta quarta-feira, 14. Desde que veio à tona as acusações de formação de cartel montado por diversas empresas em conluio com gestões do Governo do Estado de São Paulo, a Fenametro, Sindicato dos Metroviários, MPL, Intersindical, entre outras entidades se empenham em denunciar amplamente os desvios que chegam na casa dos R$ 425 milhões, segundo diversas reportagens.

_DSC4490 bxPartindo do Vale do Anhangabaú, onde uma bandeira gigante foi pendurada sob o viaduto, a manifestação fez passagens em três locais diretamente ligados ao escândalo: no Ministério Público Estadual, Tribunal de Contas do Estado de São Paulo e, por fim, na Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Estado, onde representantes do Sindicato dos Metroviários, Fenametro e Ferroviários entregaram uma carta com reivindicações.

Todo o esquema teve início em 1995, ainda no Governo 1097769_562810590449782_1227021688_oMário Covas e se estendeu para seus sucessores José Serra e o governador atual, Geraldo Alckmin. Todos pertencem ao mesmo partido, PSDB. Nestes dezoito anos as empresas Siemens, de origem alemã, a francesa Alstom, a canadense Bombardier, a espanhola CAF e a japonesa Mitsui se articulavam para ganhar licitações onde, quando uma recebia o direto a se responsabilizar pelo serviço, esta mesma subcontratava as demais.

Com a denúncia por parte da Siemens – visando se isentar de penalidades judiciais – revelou-se muitos contratos _DSC4520 bxvencidos com superfaturamento de até 30% para serviços de manutenção, aquisição de novos trens e realizações de obras de expansão ferroviária.

Festa com dinheiro público e sufoco nos transportes

Durante estes dezoito anos enquanto a enorme verba foi desviada quase nada se avançou na qualidade e ampliação dos transportes públicos. Com os valores desviados com certeza a população poderia pagar valores menores nas tarifas – tendo maior proximidade com o projeto de tarifa zero –, assim como ter a integração da EMTU com o transporte municipal.

A ampliação do funcionamento e da malha da rede metroviária e ferroviária, também são alguns pontos que poderiam ter recebido avanços.

domingo, 11 de agosto de 2013

PL 4.330, o Shopping Center Fabril


Dogville mostra a sua cara e as possibilidades de redenção.
Jorge Luiz Souto Maior
Diante das manifestações de junho, sobretudo em razão da rapidez e da espontaneidade como se produziram, representantes do governo federal vieram a público para dizer que não estavam entendendo o que estava acontecendo.
Depois, assumiram que era preciso “ouvir a voz das ruas”. No entanto, passado o momento mais agudo das manifestações, menos de dois meses depois, esse mesmo governo está patrocinando, abertamente, com apoio de parte da classe empresarial brasileira, a aprovação de um projeto de lei que amplia as possibilidades de terceirização.
Isso demonstra, de maneira clara, que o governo continua não entendendo o que está acontecendo e que, ao contrário do que manifestou, permanece não escutando a voz das ruas. Por acaso, alguém viu, nas manifestações de junho, alguém ir às ruas pedir “mais terceirização”, “mais precarização no trabalho”, “mais segregação” ou “rebaixamento de salários”? A classe empresarial, ademais, não precisou ir às ruas. Utilizou-se do mecanismo tradicional da via dos bastidores para conduzir suas pretensões junto ao governo.

Todos ao ato do dia 14/8 na luta por um transporte público!no Vale do Anhangabaú

09 de Agosto de 2013
Metroviários de SP

Carta aberta a popula__o

Veja aqui: Carta aberta a população

As recentes denúncias sobre a corrupção no Metrô e CPTM são apenas a ponta do iceberg de um esquema muito maior da utilização de investimentos públicos para interesses e lucros privados.

Um dos negócios nebulosos envolvendo o governo do PSDB e grandes empresas é o fracassado caso da implantação do CBTC no Metrô, um contrato com a Alstom no valor de R$ 780 milhões. O sistema deveria colocar mais trens em circulação, diminuindo o tempo de espera para os usuários, mas os testes apontaram problemas para a segurança dos usuários e trabalhadores. 

No caso da CPTM, a terceirização de boa parte dos serviços prestados para a empresa, sem contrapartida em qualidade e segurança para os usuários. Outro caso é a reforma de péssima qualidade dos trens do Metrô, que custou R$ 1,8 bilhão, quase o mesmo preço de trens novos. 

O que poderia ser feito com o dinheiro desviado

- Redução da tarifa, rumo à tarifa zero

- Ampliação da rede metroviária e ferroviária

- Integração da EMTU com transporte municipal e ampliação do funcionamento

- Redução de falhas, paradas técnicas e acidentes

Só a luta muda a vida!

Em junho, a população revoltada contra o aumento da tarifa do metrô  trens e ônibus foi às ruas, como não se via há anos. As enormes mobilizações forçaram Alckmin e Haddad a recuar e cancelar os aumentos. Todos ao ato do dia 14/8 na luta por um transporte público!

Concentração: 15:00 horas no Vale do Anhangabaú

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A borracha cega mas não cala: Entrevista com o fotógrafo Sérgio Silva

Definitivamente, isso não pode continuar!

Apesar de ser politicamente engajado, eu nunca fui porta-voz de uma causa, mas as circunstâncias pelas quais passei me colocaram literalmente nesta posição, de uma vez por todas. Agora vou até o fim. E ressalto que é um grande incentivo para mim saber que tenho o apoio de outras 43613 pessoas como você.

Quero compartilhar este vídeo com você, para continuarmos mobilizando o maior número de pessoas conscientes contra o uso de armas não-letais.

É importantíssimo também continuarmos divulgando nosso abaixo-assinado. Compartilhe no seu mural nas redes sociais, poste no feed de seus amigos, tuíte os links, peça para todos assinarem, envie para sua lista de emails pessoais e se puder, para a lista de emails do trabalho.

No Rio, a situação é ainda pior, por isso estou em contato com as outras pessoas que também foram atingidas naquele estado, e trabalhando com entidades e coletivos para conseguir abrir diálogos com o poder público visando a melhoria de processos relacionados a segurança da população em manifestações. 

Mais uma vez eu quero dizer muito obrigado. Mais do que somente assinar um abaixo-assinado, o seu apoio e de minha família são fatores que me mantém forte e esperançoso para seguir em frente, colocar a prótese no lugar do olho perdido, e voltar a trabalhar.

Não posso deixar que essa situação seja esquecida.

Sérgio Silva
Fotógrafo Futura Press

O fotógrafo Sérgio Silva foi uma das inúmeras vítimas da violência policial que marcou o dia 13 de junho de 2013 e a história das manifestações sociais no Brasil. Enquanto cobria o ato contra o aumento da passagem de ônibus em São Paulo, ele foi atingido no olho por uma bala de borracha disparada pela Tropa de Choque, e pode perder a visão esquerda.
Nesta entrevista, Sérgio conta como têm sido seus dias desde a agressão.
Quem quiser ajudar mais, pode divulgar e assinar a Petição contra o uso de balas de borracha, iniciada pelo Sérgio:
http://www.change.org/pt-BR/peti%C3%A...
Sofreu violência policial? Manifeste-se!
https://www.menosletais.org
veja também
https://www.facebook.com/menosletais
Entrevistas: Leonardo Blecher
Imagens: Jeferson Stader e Leonardo Blecher
Edição: Jeferson Stader e Leonardo Blecher
Arte: Anah Assumpção

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Cadê Amarildo? Mãe de criação de Amarildo rompe o silêncio e critica a polícia

Jornal A Nova Democracia - No domingo, dia 14 de julho, o operário construção civil, Amarildo de Souza, conhecido como "Boi", de 43 anos, morador do morro da Rocinha no Rio de Janeiro, desapareceu depois de ser detido por PMs da Unidade de Polícia Pacificadora, a UPP. Enquanto as autoridades tentam explicar o desaparecimento de um trabalhador sob custódia do Estado, a mãe de criação de Amarildo, dona Jurema, quebrou o silêncio e pela primeira vez falou para as câmeras. Sem que filmássemos seu rosto, ela concordou em falar e não poupou palavras.

Primavera Brasileira

Contra o Governo, vendido ao capital
Contra a Dilma, contra o Alkimim, Haddad e o Cabral!
(BIS)
Em Porto Alegre, eu vi a luta começar,
Depois no Brasil todo eu vi ela se espalhar
Chegou em São Paulo, no Rio de Janeiro,
Goiânia e os Capixaba fechamento é os mineiros
Em Brasilia, lá em Belém, no Macapá,
Lá em Teresina e também no Ceará
Enfrentamo a mídia, a PM, o caveirão
Foi na Maré que eu perdi meus 10 irmão
E até na repressão é desigual esse Brasil
No asfalto é borracha na favela é fuzil
(REFRÃO)
Mais que 20 centavos, nosso povo não é otário
Pode chamar de vândalo quem'é Revolucionário
Quem usa o vinagre ou entraga uma rosa
Não importa pro governo é uma ameaça perigosa
Que se foda a Copa, a FIFA aqui não vai mandar
Fica a dica, Saúde é melhor que Neymar
Eu quero é Passe-Livre, Saúde, Educação
Sou contra o Genocídio, eu sou contra a Remoção
Viva a aliança trabalhador/estudantil
Vamos à Luta, mudar a história desse Brasil
(REFRÃO)
Acabou o amor, nosso país virou Turquia
Fechado com o Egito, com a Argentina quem diria
E o prefeito bandido, o nome dele é o Paes,
Vai pro Inferno e remove o Satanás
Aldeia Resisti, Belo Monte, Pinheiro
Os índio e os quilombola cada dia tão sumindo
Se liga parceiro que eu te mando a real
No país inteiro o Fascimo é institucional
No Senado é Sarney, na Câmara o Renan
Color o Lindberg agora virou teu fã
Feliciano, tá presente quem diria,
A Dilma guerrilheira hoje é a chefe de quadrilha
Não quero pacto com o bonde do mensalão
Não faço aliança com quem defende o patrão
(REFRÃO)
Não adianta, tu tentar me reprimir
ME BATE, ME PRENDE, mas teu Governo cair
Dia 20 de Junho eu sempre vou me lembrar,
No Rio 2 milhões, no Brasil nem dá pra contar
Eu finalizo o rap, deixo aqui o meu racado
Pro Rio, Niterói, Baixadão e São Gonçalo
É o Estado todo, gritando Fora Cabral
E no Brasil inteiro vamo pra GREVE GERAL!
(REFRÃO)
Ole, ole,
Ole, ole, ole, olá
Dilma bandida agora tu vai rodar
Ole, ole,
Ole, ole, ole, olá
Cabral Bandido agora tu vai rodar
Ole, ole,
Ole, ole, ole, olá
Alkim Bandido agora tu vai rodar
(REFRÃO)

terça-feira, 6 de agosto de 2013

INTERSINDICAL participa do Dia Nacional contra o projeto PL 4330

Foto0343Intersindical participa do Ato das Centrais Sindicais em frente a FIESP na Avenida Paulista no dia 06 de Agosto Dia Nacional contra o projeto PL 4330 que tramita na Câmara, outro projeto muito semelhante foi protocolado na CCJ do Senado pelo ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria Senador Armando Monteiro (PTB/PE). O PLS 87/10, do senado federal, prevê, no geral, os mesmos ataques aos direitos dos trabalhadores através da generalização da terceirização para todas as atividades, no setor público e privado.
Foto: Carlos Roberto kaká

domingo, 4 de agosto de 2013

Onde está Amarildo? Onde estão os “desaparecidos”?

ESCRITO POR FÁBIO ALVES ARAÚJO

Postado: Correio da Cidadania

 

250xNx010813_amarildo.jpg.pagespeed.ic.lX8iQoyjnHO desaparecimento do pedreiro Amarildo Souza Lima, após abordagem dos policiais da UPP da Rocinha, não é um fato isolado. Ele voltava de uma pescaria quando foi levado pelos policiais para averiguação e desde então jamais reapareceu. Policiais alegam que após o depoimento Amarildo foi liberado, porém sua esposa afirma ter visto os policiais colocarem Amarildo dentro de uma viatura policial. O desaparecimento ocorreu no dia 14 de julho de 2013. São muitos osdesaparecidos no estado do Rio de Janeiro e Brasil afora.

Acabo de realizar uma pesquisa acadêmica (1) sobre o desaparecimento forçado de pessoas. Encontrei vários casos similares. São muitos os Amarildos desaparecidos na região metropolitana do Rio de Janeiro. Cada favela, periferia, subúrbio, tem suas histórias de pessoas desaparecidas. Seria interessante construir uma geografia ou cartografia dos desaparecimentos. O caso de Izildete, ex-moradora de Queimados, Baixada Fluminense, é mais um que vem somar às estatísticas e compor o mosaico dos desaparecidos. Seu filho Fábio Eduardo Soares Santos de Souza é mais um que desapareceu após uma abordagem policial, ao sair de uma festa em um bar. Em outro caso, uma moradora de uma conhecida favela conta que seu filho desapareceu junto com outros doze rapazes, numa ação em que traficantes teriam alugado o caveirão da polícia para invadir uma favela rival. Segundo o relato dessa mãe, durante as investigações foram encontradas ossadas, sangue, roupas, partes dos corpos como dedos etc.. Essa mesma mãe sugeriu que, caso se deseje investigar os desaparecimentos, um bom início poderia ser a drenagem de todos os rios da região metropolitana do Rio de Janeiro, que muito provavelmente estão cheios de cadáveres.

Na zona oeste, numa área próxima a Campo Grande, uma mãe teve seu filho desaparecido e após meses depositaram uma ossada dentro de um saco preto no portão de sua casa. Era a devolução dos restos mortais de seu filho. Nesse caso, os acusados pelo homicídio e ocultação de cadáver eram milicianos. Há outros casos em que familiares encontraram apenas partes dos corpos como cabeça, pé... Os corpos são muitas vezes esquartejados.

É possível pensar, nesse sentido, em escalas de desaparecimento. Algumas vezes consegue-se encontrar vestígios dos desaparecidos, em outras se consegue encontrar partes do corpo, em outras o que se tem são apenas os rumores, o “ouvi dizer”. A rotina dos familiares passa a ser peregrinar por delegacias, Institutos Médicos Legais, hospitais, bocas de fumo. Onde houver informações sobre um morto ou um desaparecido lá estão os familiares buscando esclarecimentos.

Há que se lembrar do caso mais emblemático de desaparecimento forçado pós-ditadura: trata-se da Chacina de Acari, em julho de 1990. Nesta ocasião, onze jovens moradores da favela de Acari e seu entorno teriam sido sequestrados por um grupo de extermínio, formado por policiais, conhecido por Cavalos Corredores. Os jovens jamais apareceram para contar o que se passou. A luta das mães dos jovens ficou conhecida internacionalmente e foi inovadora ao abrir o caminho para uma nova forma de ação coletiva e protesto político contra a violência estatal. As mães ficaram conhecidas como Mães de Acari e só muito recentemente, quando algumas já haviam morrido ou encontravam-se em processos graves de adoecimento, começaram a ser emitidos os primeiros atestados de óbito. No atestado de óbito, o documento oficial emitido pelo Estado, consta causa mortis “ignorada”, e no local de falecimento está escrito “Chacina de Acari”.

O desaparecimento de pessoas compreende uma variedade de tipos, situações e circunstâncias, mas é possível afirmar que parte dos casos é composta por desaparecimentos forçados, muitos, como mostra o próprio caso Amarildo, envolvendo integrantes das forças policiais. Hádesaparecimentos forçados que ocorrem durante operações policiais oficiais e outros em situações extra-oficiais.

Os casos por mim pesquisados indicam a participação de “policiais”, “milicianos” e “traficantes” em casos de desaparecimento. Sendo possível sugerir que há uma espécie de divisão do trabalho, em alguns casos, entre esses atores, no ato de desaparecer corpos. Pode-se também dizer que há uma espacialização dos desaparecimentos forçados, ou seja, eles ocorrem majoritariamente nos territórios da pobreza, sendo os jovens do sexo masculino as principais vítimas.

As possibilidades de tematização e enquadramento da problemática do desaparecimento de pessoas são múltiplas, sendo que, nos embates e disputas pelos usos destas categorias, ora o desaparecimento aparece construído como um “problema de família”, ora como “problema de segurança pública”, outras vezes ainda como “problema de assistência social”.

As categorias desaparecido e desaparecimento são categorias em disputa, e seus significados estão diretamente associados à pluralidade de vozes que falam, ou deixam de falar, sobre o assunto, envolvendo familiares, autoridades públicas, pesquisadores, movimentos sociais, mídia, entre outros atores.

Recentemente, o assunto tem despertado o interesse crescente de pesquisadores que vêm produzindo diferentes olhares e perspectivas sobre essa questão. A trajetória do debate sobre o tema, no Brasil, poderia ser enquadrada em dois contextos históricos: o primeiro refere-se ao desaparecimento político e o segundo diz respeito à forma contemporânea marcada por uma diversidade de percepções sobre o assunto. Enquanto o desaparecimento político é compreendido a partir da noção de desaparecimento forçado e reporta-se ao período da ditadura civil-militar, o segundo engloba modalidades diversas e remete-se ao período pós-ditadura.

A figura do “desaparecido” ficou associada nas memórias e na cultura política brasileira à imagem do desaparecimento político e localizada a um certo campo de protesto político, aquele referente à luta contra a ditadura. Uma das heranças que ficou do regime militar foi a polícia militar e todo um conjunto de práticas autoritárias e violadoras dos direitos civis mais básicos, por exemplo, a inviolabilidade do corpo e a integridade física. Essas práticas autoritárias, importante ressaltar, estão arraigadas não apenas na polícia, mas de maneira estrutural na sociedade brasileira, indo desde as relações afetivas às institucionais. E se a prática de fazer desaparecer corpos/pessoas foi um método de repressão da ditadura, permanece hoje como uma técnica de governar pessoas, grupos e territórios.

O desaparecimento forçado de pessoas corresponde atualmente a um dispositivo de governo-gestão e que há, por um lado, no plano dos perpetradores, um campo de continuidades, que envolve polícia/milícia/“traficantes”. Por outro lado, há um universo de vítimas possíveis que têm em comum sua vulnerabilidade a esse dispositivo de gestão, pela combinação de variáveis territórios/condição social/atividade/suspeição.

O ato de desaparecer corpos, enquanto prática-evento, fornece um denominador comum para atores que geralmente são colocados como distintos ou mesmo antagônicos. Esses atores se movimentam ora “colaborativamente” ora em disputa, mas compartilham de certos pressupostos comuns (por exemplo, que algumas pessoas sejam desaparecidas/“desaparecíveis”).

E a pergunta permanece: onde está Amarildo? Onde estão os milhares de Amarildos“desaparecidos”?

Nota:

1) Araújo, Fábio Alves. Das consequências da “arte” macabra de fazer desaparecer corpos: violência, sofrimento e política entre familiares de vítima de desaparecimento forçado. Rio de Janeiro: PPGSA/UFRJ, 2012. (Tese de Doutorado).

Fábio Alves Araújo é doutor em Sociologia/UFRJ, professor do IFRJ. É membro da Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência.

sábado, 3 de agosto de 2013

Fortalecer as lutas contra a terceirização e precarização

31 de julho
Índio - Coordenação INTERSINDICAL

Fortalecer as lutas contra a terceiriza__o e precariza__o

Os trabalhadores devem intensificar as mobilizações para derrotar os projetos de terceirização que tramitam no Congresso. O PL 4330 que tramita na CCJ da Câmara dos Deputados pode ser votado no próximo dia 13 ou 14 de agosto. Até lá, temos de reforçar as mobilizações no dia 06 para deixar claro aos patrões, governo e parlamentares: se aprovarem o PL da precarização, o Brasil vai parar. Além de paralisar as atividades, devemos realizar manifestações em frente às entidades patronais contra esse projeto que visa quebrar a espinha dorsal dos direitos trabalhistas no Brasil.

Já nos dias 13 e 14 de agosto, temos de organizar caravanas ao Congresso para pressionar os parlamentares da CCJ. Além disso, é muito importante que os trabalhadores e suas entidades enviem emails ou telefonem aos parlamentares exigindo que não votem esse projeto nocivo aos interesses dos trabalhadores e da maioria do povo brasileiro. Se os parlamentares não deixarem claro sua posição contrária ao PL, devemos realizar grandes manifestações em frente a casa destes parlamentares para denunciar seu compromisso com os patrões e seu descaso para com os direitos dos trabalhadores.

Além do PL 4330 que tramita na Câmara, outro projeto muito semelhante foi protocolado na CCJ do Senado pelo ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria Senador Armando Monteiro (PTB/PE). O PLS 87/10, do senado federal, prevê, no geral, os mesmos ataques aos direitos dos trabalhadores através da generalização da terceirização para todas as atividades, no setor público e privado.

INTERSINDICAL não aceitará retrocessos

No último mês, foi estabelecida uma mesa de negociação quadripartite, envolvendo quatro centrais sindicais, patrões, governo e congresso para negociarem os termos de uma possível regulamentação da terceirização no Brasil.

E existe risco de alguns setores do movimento aceitar negociar pontos de interesse dos empresários e governos no projeto. Para a INTERSINDICAL, não se pode aceitar nenhum recuo nesta matéria. Os trabalhadores e suas entidades devem pressionar para rechaçar qualquer possibilidade de permitir a terceirização nas atividades-fins. Além disso, devemos rechaçar a possibilidade de acabar com a responsabilidade solidária das empresas contratantes de firmas terceirizadas, ou permitir a fragmentação, ainda maior, das categorias e ramos por meio da precarização do contrato de trabalho de milhões e milhões de trabalhadores.

A luta contra a terceirização e a precarização do trabalho é um dos principais pontos da luta unitária que devemos ampliar neste mês, culminando com uma grande jornada unificada no dia 30 de agosto. Derrotar a terceirização é uma bandeira fundamental desta jornada, pois de nada adiantaria obter algum avanço na pauta se, de outro lado, patrões e governos aprovarem a ampliação da terceirização. É por isso que os setores patronais fazem pressão total sobre o governo e sobre o parlamento, pois sabem a importância da precarização do trabalho como forma de ampliar seus já altíssimos lucros.

Greve Geral

Os trabalhadores devem se conscientizar do risco que corremos com esses projetos de terceirização. Para derrotar esses projetos e avançar em novas conquistas, como o fim do fator previdenciário, a redução da jornada, a reforma agrária e urbana e a luta por investimentos vigorosos em políticas sociais como saúde, educação e transportes públicos, a INTERSINDICAL entende que devemos debater, a partir dos locais de trabalho, a necessidade de construir uma Greve Geral para derrotar a precarização do trabalho e dos serviços públicos. Até que isso aconteça, vamos jogar todo o peso na construção do Dia Nacional de Lutas do dia 30 de agosto, em conjunto com os demais setores do movimento sindical.

Mas que fique claro: é preciso uma Greve Geral contra o capital e a política econômica para levar ao atendimento das reivindicações dos trabalhadores e da juventude, particularmente acabando com a precarização do trabalho e a precarização dos serviços públicos. Sem mudar a política econômica e deixar de transferir bilhões e bilhões para os cofres dos bancos e das multinacionais não será possível atender ao clamor que vem das ruas e dos locais de trabalho.

Calendário:

Dia 06/08: paralisações e manifestações nas entidades patronais

Dia 13/08: atividades na Câmara para pressionar deputados da CCJ

Dia 30/08: Dia Nacional de Lutas Unificado

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Tucanoduto: Escancarado esquema de corrupção tucana no Metrô de São Paulo

Brasil de Fato
PSDB é apontado como base de esquema de cartel que envolvia empresas transnacionais no avanço sobre licitações públicas no Metrô e trens metropolitanos

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Márcio Zonta
da Redação

Na última semana, uma denúncia da transnacional alemã Siemens escancarou de vez a relação de sucessivos governos do PSDB, em São Paulo, com empresas internacionais na formação de um cartel para se apoderar de licitações públicas no Metrô e trens metropolitanos. Há 20 anos, desde Mário Covas e mantido pelos governos de José Serra e Geraldo Alckmin, o esquema envolve volumosas cifras pagas em propinas por aproximadamente 11 transnacionais, além do desvio de dinheiro público das obras do Metrô e da Companhia Paulista de Transportes Metropolitano (CPTM).

A Siemens, que também fazia parte do esquema, revelou que as empresas venciam concorrências com preços superfaturados para a manutenção e a aquisição de trens e para a realização das obras de expansão de linhas férreas tanto da CPTM, quanto do Metrô.

Segundo investigações concluídas na Europa, a teia criminosa também vinculada a paraísos fiscais, teria onerado minimamente, até o momento, 50 milhões de dólares dos cofres públicos paulistas.

Ademais, informações recentes de um inquérito realizado na França apontam que parte da verba movimentada nas fraudes seria para manter a base sólida do esquema no Brasil, formada pelos governadores tucanos, funcionários de alto escalão do governo, autoridades ligadas ao PSBD e diversas empresas de fachada montadas para atuar na trama.

Dessa forma, o financiamento de campanhas eleitorais aos governadores do PSDB foi constante desde o início da fraude na tentativa de manter a homogeneidade do esquema ilícito.

“Não dá para manter uma armação dessas sem uma base, um alicerce que garanta a continuação das falcatruas. Por isso José Serra e Alckmin, que se alternaram no poder nos últimos anos, estão intimamente bancados e ligados a essa tramoia”, acusa Simão Pedro, secretário municipal de Serviços.

Um dos executivos da Siemens, que prestou depoimentos ao Ministério Público paulista, confirma as acusações de Simão. “Durante muitos anos, a Siemens vem subornando políticos, na sua maioria do PSDB e diretores da CPTM”, relata.

Agora, diante de provas contundentes, sobre o que seria um dos maiores crimes de corrupção da história envolvendo o transporte público no Brasil, políticos da oposição, autoridades no assunto e parte dos próprios metroviários questionam no momento a forma como a justiça brasileira vem tratando o caso.

Para eles, o episódio ganhou apenas mais um capítulo com a delação da Siemens ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), pois a situação já é investigada e denunciada com vigor desde 2008 por países europeus. Porém, no Brasil, algo parece amarrar o andamento dos 15 processos abertos pelo Ministério Público, só em São Paulo.

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Há 20 anos, desde Mário Covas e mantido pelos governos de José Serra e Geraldo Alckmin, o esquema envolve volumosas cifras pagas em propinas por aproximadamente 11 transnacionais. Foto: Goveno SP

Nomes

A transnacional francesa Alstom, a canadense Bombardier, a espanhola CAF e a japonesa Mitsui são algumas das que fazem parte do esquema delatado pela Siemens. Após ganhar uma licitação, essas empresas geralmente subcontratavam uma outra para simular os serviços, e por meio da mesma realizar o pagamento da propina.

Em 2002, no governo de Geraldo Alckmin, a alemã Siemens venceu a disputa para manutenção preventiva de trens da CPTM. Para isso, subcontratou à época a MGE Transportes. A Siemens teria pagado a MGE R$ 2,8 milhões em quatro anos. Desse montante, ao menos R$ 2,1 milhões foram distribuídos a políticos do PSDB e diretores da CPTM.

Diversos nomes foram citados na delação da transnacional alemã que fariam parte da lista de pagamento de propinas das diversas empresas de fachada. São eles: Carlos Freyze David e Décio Tambelli, respectivamente ex-presidente e ex-diretor do Metrô de São Paulo; Luiz Lavorente, ex-diretor de Operações da CPTM; além de Nelson Scaglioni, ex-gerente de manutenção do Metrô paulista. Scaglioni, por exemplo, seria o responsável por controlar “várias licitações como os lucrativos contratos de reforma dos motores de tração do metrô, em que a MGE teria total controle” diz trecho do documento da delação.

No mais, outro ponto do depoimento do executivo da Siemens que vazou à imprensa cita Lavorente como o responsável por receber o dinheiro da propina e fazer o repasse aos políticos do PSDB e partidos aliados.

Silêncio no Tribunal

Se as provas estão às claras, a pergunta que paira no ar é por que a justiça brasileira, sendo previamente avisada por órgãos da justiça internacional europeia sobre casos parecidos que pipocavam, em outros lugares do mundo, envolvendo a Alstom, por exemplo, não tomou as devidas providências e permitiu que novos contratos fossem realizados com o governo paulista.

Em 2010, dois anos após as investigações terem se iniciado também no Brasil, José Serra estabeleceu um contrato de R$ 800 milhões com a Alstom para supostamente resolver o problema da superlotação dos trens do metrô. A alternativa era aumentar a malha ferroviária e modernizar o sistema do metrô nas linhas 1, 2 e 3.

Uma das exigências da Alstom, entretanto, era que os trens da composição fossem reformados pela mesma para que se adequassem ao novo sistema. “O orçamento apresentado pela transnacional francesa ficou mais caro do que se fossem comprar novos trens, mesmo assim Alckmin aceitou e bancou”, diz Paulo Pasim, secretário-geral do Sindicato dos Metroviários de São Paulo.

Com o término da implantação do sistema previsto para 2011, até o momento a empresa não viabilizou o prometido. “A Alstom não tinha as mínimas condições técnicas para realizar o projeto e ganhar a licitação, tanto é que estamos em 2013 e a empresa não conseguiu fazer o que foi prometido”, afirma Pasim.

Diante dos fatos, a reportagem do Brasil de Fato tentou contato com diversos promotores de Justiça para apurar sobre o andamento das investigações já instauradas contra a Alstom. O responsável pela investigação sobre a empresa francesa, o promotor Silvio Marques do Ministério Público Estadual, não quis prestar declarações.

Outros dois promotores foram procurados pela reportagem, Marcelo Mendroni, que investiga as irregularidades da linha 5 do Metrô, e Roberto Bordini. Ambos também preferiram não comentar sobre o assunto. Por fim, o promotor Saad Mazum, que investiga a improbidade administrativa do caso não foi encontrado até o fechamento dessa edição.

“O único lugar que o processo de investigação não foi levado adiante foi no Brasil. Nos outros países o desfecho foi mais rápido”, lamenta Pasim. Na Inglaterra, França e Suíça, as investigações concluíram que a Alstom realizava pagamento de propina para ganhar licitações.

Também foi confirmado que os executivos da transnacional francesa estavam envolvidos em lavagem de dinheiro e fraude na contabilidade da empresa. O deputado federal Ivan Valente (PSOL) também reclama da demora e do silêncio da justiça brasileira frente aos crimes. Ele aponta que desde 2009 vem realizando uma série de denúncias contra as relações de irregularidades envolvendo o PSDB, a Alstom e a Siemens em licitações de obras públicas.

“Até agora esperamos resposta do promotor do processo Silvio Marques, mas sem sucesso”, reclama.

Para Valente, é necessário, diante dessas novas denúncias, cobrar com rigor a Justiça para que todos os envolvidos sejam punidos verdadeiramente. “Não cabe ao Cade ou ao Ministério Público conceder delação premiada a Siemens ou fazer acordo e aplicar multa às transnacionais envolvidas num caso de corrupção milionário como esse. Todos têm que pagar, inclusive Serra e Alckmin”, cobra.

Por que a Siemens delatou?

Ao expor à Justiça os detalhes do cartel formado por diversas transnacionais para avançar sobre licitações públicas envolvendo o metrô de São Paulo e os trens da Companhia Paulista de Transportes Metropolitano (CPTM), a alemã Siemens ficará livre de possíveis processos referentes ao caso.

Para o deputado federal Ivan Valente, não resta dúvida de que a Siemens agiu muito mais em busca de uma situação favorável a ela do que por um sentimento de honestidade ou arrependimento por fazer parte das irregularidades.

“A atitude da Siemens é a tentativa de limpar a barra dela caso a situação viesse a público de outra forma, ainda mais nesse clima anticorrupção que vivemos nas ruas”, pensa o deputado.

Ademais, a Siemens teria a intenção de formar um clima favorável para ganhar futuras licitações públicas no âmbito do transporte público na esteira dos grandes eventos esportivos, Copa do Mundo e Olimpíadas. Não por acaso, as empresas denunciadas pela Siemens: Alstom, Bombardier, CAF e a Mitsu apresentaram projeto para as obras do trem-bala entre São Paulo e Rio de Janeiro, que será licitado em agosto. “Por isso, de olho nos diversos negócios futuros no Brasil, a Siemens não queria se comprometer”, conclui Valente.

(Foto do topo: Governo de SP)

(publicado originalmente em 25/07/2013)