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sábado, 29 de junho de 2013

Todos/as no Dia Nacional de Lutas com greves e mobilizações

28 de junho de 2013
INTERSINDICAL

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A INTERSINDICAL orienta seus sindicatos, dirigentes e militantes a se engajarem firmemente na construção do dia 11 de julho, Dia Nacional de Lutas com Greves e Mobilizações, juntamente com as outras centrais sindicais. O formato e a construção dessa luta ainda serão definidos nos próximos dias. Defendemos jogar todo o peso nas paralisações do setor privado e público, com mobilizações no campo e na cidade, parando a produção e a circulação de mercadorias.

Desde que as mobilizações alavancadas pela juventude ganharam as ruas ficou patente a necessidade de os trabalhadores e trabalhadoras se somarem na luta. Para fortalecer as reivindicações da juventude e dos que vivem do trabalho, e impedir o sequestro da pauta pela direita, é necessário que os trabalhadores e a juventude entrem em cena de forma unitária.

Em vários fóruns, como na importante plenária chamada pelo MST em São Paulo, no dia 21/06, que reuniu cerca de 80 organizações populares e mais de 300 dirigentes, a INTERSINDICAL salientou a importância da construção unitária de uma greve geral contra o capital e as políticas dos governos contrárias aos interesses populares. A unidade dos mais amplos setores organizados em torno de uma pauta com eixos comuns é fundamental neste momento.

A luta pelo direito à cidade e o passe livre e o amplo apoio de massas pela redução das tarifas e melhoria no transporte coletivo foi o primeiro grande passo para que a maioria do povo brasileiro seja ouvida e respeitada em seus direitos.

E o dia 11 de julho deve se configurar em outro grande momento para colocar no centro do debate as bandeiras que expressam as reais necessidades da juventude e das classes trabalhadoras.

A luta por investimentos massivos na saúde, educação e transporte públicos, o repúdio a precarização do trabalho expressa no PL 4330 da terceirização, o fim do fator previdenciário, o fim das privatizações, particularmente dos leilões do petróleo, as Reformas Agrária e Urbana e a redução da jornada de trabalho expressam, em linhas gerais, essas necessidades.

Não à precarização do trabalho. Não ao PL 4330!

Que o movimento que vem das ruas e o próprio dia de luta marcado sejam recados claros aos deputados da CCJ da Câmara Federal não vote o PL 4330. Esse Projeto de Lei visa quebrar a espinha dorsal dos direitos trabalhistas no Brasil, ampliando a precarização do trabalho, em todos os setores. É preciso rechaçar esse projeto e avançar num modelo que garanta emprego, salários e direitos para todos os que vivem do trabalho. O fim do fator previdenciário e a melhoria das aposentadorias também é uma necessidade premente.

Nos próximos dias, será necessário construir a mobilização e as paralisações nos mais diversos locais de trabalho. Com as recentes manifestações, muitos trabalhadores viram seus filhos saírem às ruas para exigir mudanças profundas na realidade brasileira. É chegada a hora de os trabalhadores e trabalhadoras cruzarem os braços e se juntar aos setores populares em grandes manifestações em defesa das reivindicações populares.

Todos/as em unidade de ação e paralisação no dia 11 de julho!

São Paulo, 27 de junho de 2013-06-28

INTERSINDICAL – Coordenação Nacional

Como construir e participar do Dia Nacional de Lutas com greves e mobilizações

27 de junho de 2013
INTERSINDICAL

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A enorme maioria dos que se manifestam nas ruas quer mudanças profundas na realidade brasileira. E a construção das lutas no dia 11 deve articular um conjunto de medidas que demonstre qual país queremos. Além da pauta unitária do movimento sindical, que contém em geral os eixos principais, a INTERSINDICAL é parte de um conjunto amplo de organizações que entende ser necessário abarcar outras bandeiras populares no debate com os trabalhadores, a juventude e a sociedade.

Para a INTERSINDICAL, a construção do dia de luta unitário deve ser precedida de outras atividades também unitárias, recusando ações unilaterais.

Dinheiro público para as políticas públicas

Para garantir o atendimento da pauta unitária é necessário mudar a política econômica. A política fiscal reafirmada pela presidente Dilma não permite a melhoria dos serviços públicos na medida das necessidades. Para a INTERSINDICAL, O fim do superávit primário e a destinação dos recursos para as políticas públicas devem estar no centro do debate.

A enorme maioria da população não aceita os gastos com a copa e a construção de estádios, que só beneficiam empreiteiras e outras grandes empresas.

Ainda mais grave que isso, é a destinação da metade da arrecadação do governo federal – e de parcela significativa do orçamento dos Estados e municípios - para o cofre dos bancos e rentistas, na forma de juros e amortização de uma dívida que precisa ser auditada.

Chega de abrir mão de serviços públicos de qualidade enquanto os governos drenam recursos públicos para engordar as fortunas de banqueiros, rentistas e multinacionais!

As cartolinas dos manifestantes precisam denunciar o altíssimo lucro dos bancos, amealhados com a sangria do tesouro nacional e também com a exploração dos clientes e da população que pagam tarifas caríssimas e altíssimas taxas de juros aos banqueiros!

Duas décadas de mercantilização da saúde, educação e transporte coletivo, tornando-os simples fontes de altíssimos lucros para grupos empresariais é o que impede o exercício desses direitos fundamentais.

Entendemos que é preciso exigir do governo Dilma a inversão desse modelo. Investir 10% do orçamento federal na saúde pública, desprivatizar o setor e fortalecer o SUS público e estatal é condição para garantir saúde pública de qualidade para todos/as.

Valorização efetiva do magistério, investimento de 10% do PIB para a educação pública e fim das políticas mal chamadas “meritocráticas” e a aplicação do PNE da sociedade são o caminho para dotar a escola pública de condições para efetivar o processo de ensino-aprendizagem. Para isso, é pressão total sobre os governos federal, estaduais e municipais.

Tirar das empresas privadas o domínio do transporte coletivo, garantir o passe livre e o direito a cidade para todos também é importante no processo de construção e participação no Dia Nacional de Mobilizações.

A necessária democratização dos meios de comunicação também deve ser estampada nos cartazes e bandeiras que saem às ruas. É preciso acabar com o monopólio controlado por meia dúzia de famílias que impede a livre comunicação e a liberdade de imprensa! Basta de manipulação orquestrada por quem quer mudar tudo para tudo continuar como está.

A reforma agrária, abandonada pelo governo Dilma, o apoio decisivo para a agricultura familiar, que é o que garante a produção de alimentos e o fim dos privilégios ao agronegócio precisam voltar para o centro da pauta dos setores compromissados com a mudança social.

O direito a moradia digna para todos, recusando a espoliação levada a cabo pela especulação imobiliária, também é parte da afirmação do Brasil que os que vivem do trabalho merecem e precisam.

A desmilitarização das polícias e o fim da violência contra, principalmente, a juventude pobre e negra, também é parte do modelo de País que queremos. É preciso enterrar o entulho autoritário e discriminatório que marca o Estado brasileiro!

É preciso denunciar as várias formas de opressão de gênero, etnia, de orientação sexual, avançando nas liberdades democráticas fundamentais para um convívio saudável com a diversidade humana.

É importante debater, também, qual modelo de desenvolvimento o Brasil deve trilhar. O respeito aos bens da natureza e o modelo que enxerga o meio ambiente apenas como recurso e fonte de lucros privados não pode ser reforçado. Neste aspecto, por fim aos leilões do petróleo é uma medida urgente.

Por fim, mas não menos importante, a mudança das estruturas políticas. O fim do financiamento privado das campanhas eleitorais, entre outras medidas, para acabar com a ação dos corruptos e corruptores é necessário para atender a voz legítima do clamor popular cansado do Estado patrimonialista.

Evitar o predomínio do poder econômico na definição dos rumos do País é condição para mudar a realidade brasileira. Um plebiscito que garanta a efetiva participação popular na reforma política, garantindo aos setores populares e progressistas as condições para o esclarecimento à população de propostas que avancem na democratização do processo é importante e desejável. Basta do controle do poder econômico e dos interesses alheios a maioria do povo brasileiro.

Esses elementos são parte do processo de construção da luta deste período tão importante aberto com as manifestações de indignação e a insatisfação popular com a permanência de um modelo que há mais de duas décadas não permite à maioria do povo brasileiro exercer seus direitos de forma plena.

Sem perder o foco em torno das reivindicações consensuais do movimento sindical, que são a base para a intervenção da militância da INTERSINDICAL, vamos nos somar na construção de ações unitárias o mais amplo possível para que os trabalhadores, a juventude e a maioria do povo possam avançar mais, conquistando, finalmente, condições dignas de vida e trabalho, com o exercício da participação popular.

Viva as mobilizações que chacoalham as desigualdades brasileiras!

Unidade de ação em torno às bandeiras e reivindicações populares!

Todos/as no Dia Nacional de Lutas, com greves e manifestações!

São Paulo, 27 de junho de 2013-06-28

INTERSINDICAL – Coordenação Nacional

Tarifa zero: entenda como é possível

Lúcio Gregori, nosso entrevistado desta edição especial e atualíssima do Diálogos do Movimento, é engenheiro e foi secretário de Transportes no governo da Luiza Erundina ( 1990- 1992). Foi ele quem propôs na época, o projeto de tarifa zero. Depois de 23 anos Lúcio Gregori vê a juventude nas ruas reivindicando por um serviço que pode ser gratuito e de qualidade, desde que mudanças importantes, que dependem da boa vontade de nossos políticos, sejam feitas. Ele ainda fala sobre o Movimento do Passe Livre que caminha pela esquerda e é apartidário. Assista ao vídeo e entenda porque o Passe Livre é um caminho palpável para todos neste país.

TV MOVIMENTO

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Intersindical junto com a população na Manifestação em Campinas

TV Movimento

O dia 20 de junho de 2013 fica para a história de Campinas.Milhares de pessoas foram às ruas. A multidão colorida, de cara pintada e com cartazes, celebrava, cantava e manifestava. Além do transporte público essa massa reivindicava várias causas como o descaso com a saúde e educação, o não a PEC 37, os gastos com a copa do mundo, a indignação diante do preconceito sexual . O grito era de basta.

TV Movimento

terça-feira, 25 de junho de 2013

O significado e as perspectivas das mobilizações de rua

manifestação_paulista_Marcelo-Camargo_ABr

Para João Pedro Stedile, a juventude mobilizada, por sua origem de classe, não tem consciência de que está participando de uma luta ideológica. Assim, estão sendo disputados pelas ideias da direita e da esquerda

Nilton Viana

da Redação Brasil de Fato

É hora do governo aliar-se ao povo ou pagará a fatura no futuro. Essa é uma das avaliações de João Pedro Stedile, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) sobre as recentes mobilizações em todo o país. Segundo ele, há uma crise urbana instalada nas cidades brasileiras, provocada por essa etapa do capitalismo financeiro. “As pessoas estão vivendo um inferno nas grandes cidades, perdendo três, quatro horas por dia no trânsito, quando poderiam estar com a família, estudando ou tendo atividades culturais”, afirma. Para o dirigente do MST, a redução da tarifa interessava muito a todo o povo e esse foi o acerto do Movimento Passe livre, que soube convocar mobilizações em nome dos interesses do povo.

Nesta entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, Stedile fala sobre o caráter dessas mobilizações, e faz um chamamento: devemos ter consciência da natureza dessas manifestações e irmos todos para a rua disputar corações e mentes para politizar essa juventude que não tem experiência da luta de classes. “A juventude está de saco cheio dessa forma de fazer política burguesa, mercantil”, constata. E faz uma alerta: o mais grave foi que os partidos da esquerda institucional, todos eles, se moldaram a esses métodos. Envelheceram e se burocratizaram. As forças populares e os partidos de esquerda precisam colocar todas as suas energias para ir para a rua, pois está ocorrendo, em cada cidade, em cada manifestação, uma disputa ideológica permanente da luta dos interesses de classes. “Precisamos explicar para o povo quem são os principais inimigos do povo”.

Brasil de Fato – Como você analisa as recentes manifestações que vêm sacudindo o Brasil nas últimas semanas? Qual é a base econômica para elas terem acontecido?

joão_pedro_stedile_jose_cruz_abrJoão Pedro Stedile, da coordenação do MST - Foto: José Cruz/ABr

João Pedro Stedile – Há muitas avaliações sobre por que estão ocorrendo estas manifestações. Me somo à análise da professora Ermínia Maricato, que é nossa maior especialista em temas urbanos e já atuou no Ministério das Cidades na gestão Olívio Dutra. Ela defende a tese de que há uma crise urbana instalada nas cidades brasileiras, provocada por essa etapa do capitalismo financeiro. Houve uma enorme especulação imobiliária que elevou os preços dos aluguéis e dos terrenos em 150% nos últimos três anos. O capital financiou – sem nenhum controle governamental – a venda de automóveis para enviar dinheiro para o exterior e transformou nosso trânsito um caos. E, nos últimos dez anos, não houve investimento em transporte público. O programa habitacional Minha casa, minha vida empurrou os pobres para as periferias, sem condições de infraestrutura. Tudo isso gerou uma crise estrutural, em que as pessoas estão vivendo um inferno nas grandes cidades, perdendo três, quatro horas por dia no trânsito, quando poderiam estar com a família, estudando ou tendo atividades culturais. Somado a isso, a péssima qualidade dos serviços públicos, em especial na saúde e mesmo na educação, desde a escola fundamental, ensino médio, em que os estudantes saem sem saber fazer uma redação. E o ensino superior virou loja de vendas de diplomas a prestações, onde estão 70% dos estudantes universitários.

Do ponto de vista político, por que isso aconteceu?

Os 15 anos de neoliberalismo e mais os últimos dez anos de um governo de composição de classes transformou a forma de fazer política em refém apenas dos interesses do capital. Os partidos ficaram velhos em suas práticas e se transformaram em meras siglas que aglutinam, em sua maioria, oportunistas para ascender a cargos públicos ou disputar recursos públicos para seus interesses. Toda a juventude nascida depois das Diretas Já não teve oportunidade de participar da política. Hoje, para disputar qualquer cargo, por exemplo, o de vereador, o sujeito precisa ter mais de um milhão de reais. O de deputado custa ao redor de dez milhões de reais. Os capitalistas pagam e depois os políticos os obedecem. A juventude está de saco cheio dessa forma de fazer política burguesa, mercantil. Mas o mais grave foi que os partidos da esquerda institucional, todos eles, se moldaram a esses métodos. Envelheceram e se burocratizaram. E, portanto, gerou na juventude uma ojeriza à forma dos partidos atuarem. E eles têm razão. A juventude não é apolítica, ao contrário, tanto é que levou a política para as ruas, mesmo sem ter consciência do seu significado. Mas está dizendo que não aguenta mais assistir na televisão essas práticas políticas que sequestraram o voto das pessoas, baseadas na mentira e na manipulação. E os partidos de esquerda precisam reapreender que seu papel é organizar a luta social e politizar a classe trabalhadora. Senão cairão na vala comum da história.

E por que as manifestações eclodiram somente agora?

Provavelmente tenha sido mais pela soma de diversos fatores de caráter da psicologia de massas, do que por alguma decisão política planejada. Somou-se todo o clima que comentei, mais as denúncias de superfaturamento das obras dos estádios, que é são um acinte ao povo. Vejam alguns episódios. A Rede Globo recebeu do governo do estado do Rio de Janeiro e da prefeitura R$ 20 milhões do dinheiro público para organizar o showzinho de apenas duas horas do sorteio dos jogos da Copa das Confederações. O estádio de Brasília custou R$ 1,4 bilhão e não tem ônibus na cidade! A ditadura explícita e as maracutaias que a Fifa/CBF impuseram e que os governos se submeteram. A reinauguração do Maracanã foi um tapa no povo brasileiro. As fotos eram claras, no maior templo do futebol mundial não havia nenhum negro ou mestiço! E aí o aumento das tarifas de ônibus foi apenas a faísca para acender o sentimento generalizado de revolta, de indignação. A gasolina para a faísca veio do governo tucano Geraldo Alckmin, que protegido pela mídia paulista que ele financia, e acostumado a bater no povo impunemente – como fez no Pinheirinho e em outros despejos rurais e urbanos – jogou sua polícia para a barbárie. Aí todo mundo reagiu. Ainda bem que a juventude acordou. E nisso houve o mérito do Movimento Passe Livre, que soube capitalizar essa insatisfação popular e organizou os protestos na hora certa.

Por que a classe trabalhadora ainda não foi à rua?

É verdade, a classe trabalhadora ainda não foi para a rua. Quem está na rua são os filhos da classe média, da classe media baixa, e também alguns jovens do que o Andre Singer chamaria de subproletariado, que estudam e trabalham no setor de serviços, que melhoraram as condições de consumo, mas querem ser ouvidos. Esses últimos apareceram mais em outras capitais e nas periferias. A redução da tarifa interessava muito a todo o povo e esse foi o acerto do Movimento Passe livre, soube convocar mobilizações em nome dos interesses do povo. E o povo apoiou as manifestações. Isso está expresso nos índices de popularidade dos jovens, sobretudo quando foram reprimidos. A classe trabalhadora demora a se mover, mas quando se move afeta diretamente o capital. Coisa que ainda não começou acontecer. Acho que as organizações que fazem a mediação com a classe trabalhadora ainda não compreenderam o momento e estão um pouco tímidas. Mas a classe, como classe, acho que está disposta a também lutar. Veja que o número de greves por melhorias salariais já recuperou os padrões da década de 1980. Acho que é apenas uma questão de tempo, é só as mediações acertarem nas bandeiras que possam motivar a classe a se mexer. Nos últimos dias já se percebe que em algumas cidades menores e nas periferias das grandes cidades já começam a ter manifestações com bandeiras de reivindicações bem localizadas. E isso é muito importante.

Vocês do MST e dos camponeses também não se mexeram ainda...

É verdade. Nas capitais onde temos assentamentos e agricultores familiares mais próximos já estamos participando. Inclusive, sou testemunha de que fomos muito bem recebidos com nossa bandeira vermelha e com nossa reivindicação de reforma agrária, alimentos saudáveis e baratos para todo o povo. Acho que nas próximas semanas poderá haver uma adesão maior, inclusive realizando manifestações dos camponeses nas rodovias e municípios do interior. Na nossa militância está todo mundo doido para entrar na briga e se mobilizar. Espero que também se mexam logo.

Na sua opinião, qual é a origem da violência que tem acontecido em algumas manifestações?

Primeiro vamos relativizar. A burguesia, através de suas televisões, tem usado a tática de assustar o povo colocando apenas a propaganda dos baderneiros e quebra-quebra. São minoritários e insignificantes diante das milhares de pessoas que se mobilizaram. Para a direita, interessa colocar no imaginário da população que isso é apenas bagunça e no final, se tiver caos, colocar a culpa no governo e exigir a presença das Forças Armadas. Espero que o governo não cometa essa besteira de chamar a guarda nacional e as Forças Armadas para reprimir as manifestações. É tudo o que a direita sonha! Quem está provocando as cenas de violência é a forma de intervenção da Policia Militar. A PM foi preparada desde a ditadura militar para tratar o povo sempre como inimigo. E nos estados governados pelos tucanos (SP, RJ e MG), ainda tem a promessa de impunidade. Há grupos direitistas organizados com orientação de fazer provocações e saques. Em são Paulo, atuaram grupos fascistas e leões de chácaras contratados. No Rio de Janeiro, atuaram as milícias organizadas que protegem seus políticos conservadores. E claro, há também um substrato de lumpesinato que aparece em qualquer mobilização popular, seja nos estádios, carnaval, até em festa de igreja, tentando tirar seus proveitos.

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PM reprime manifestação em frente ao estádio Mané Garrincha, em Brasília (DF) - Foto: Felipe Canova

Há, então, uma luta de classes nas ruas ou é apenas a juventude manifestando sua indignação?

É claro que há uma luta de classes na rua. Embora ainda concentrada na disputa ideológica. E o que é mais grave, a própria juventude mobilizada, por sua origem de classe, não tem consciência de que está participando de uma luta ideológica. Eles estão fazendo política da melhor forma possível, nas ruas. E aí escrevem nos cartazes: somos contra os partidos e a política? Por isso têm sido tão difusas as mensagens nos cartazes. Está ocorrendo, em cada cidade, em cada manifestação, uma disputa ideológica permanente da luta dos interesses de classes. Os jovens estão sendo disputados pelas ideias da direita e pela esquerda. Pelos capitalistas e pela classe trabalhadora. Por outro lado, são evidentes os sinais da direita muito bem articulada e de seus serviços de inteligência, que usam a internet, se escondem atrás das máscaras e procuram criar ondas de boatos e opiniões pela internet. De repente, uma mensagem estranha alcança milhares de mensagens. E aí se passa a difundir o resultado como se ela fosse a expressão da maioria. Esses mecanismos de manipulação foram usados pela CIA e pelo Departamento de Estado Estadunidense, na Primavera Árabe, na tentativa de desestabilização da Venezuela, na guerra da Síria. É claro que eles estão operando aqui também para alcançar os seus objetivos.

E quais são os objetivos da direita e suas propostas?

A classe dominante, os capitalistas, os interesses do império Estadunidense e seus porta-vozes ideológicos, que aparecem na televisão todos os dias, têm um grande objetivo: desgastar ao máximo o governo Dilma, enfraquecer as formas organizativas da classe trabalhadora, derrotar quaisquer propostas de mudanças estruturais na sociedade brasileira e ganhar as eleições de 2014, para recompor uma hegemonia total no comando do Estado brasileiro, que agora está em disputa. Para alcançar esses objetivos, eles estão ainda tateando, alternando suas táticas. Às vezes, provocam a violência para desfocar os objetivos dos jovens.

Às vezes, colocam nos cartazes dos jovens a sua mensagem. Por exemplo, a manifestação do sábado (22), embora pequena, em São Paulo, foi totalmente manipulada por setores direitistas que pautaram apenas a luta contra a PEC 37, com cartazes estranhamente iguais e palavras de ordem iguais. Certamente, a maioria dos jovens nem sabem do que se trata. E é um tema secundário para o povo, mas a direita está tentando levantar as bandeiras da moralidade, como fez a UDN em tempos passados. Isso que já estão fazendo no Congresso, logo, logo vão levar às ruas. Tenho visto nas redes sociais controladas pela direita, que suas bandeiras, além da PEC 37 são: saída do Renan do Senado; CPI e transparência dos gastos da Copa; declarar a corrupção crime hediondo e fim do foro especial para os políticos. Já os grupos mais fascistas ensaiam Fora Dilma e abaixo-assinados pelo impeachment. Felizmente, essas bandeiras não têm nada a ver com as condições de vida das massas, ainda que elas possam ser manipuladas pela mídia. E, objetivamente podem ser um tiro no pé. Afinal, é a burguesia brasileira, seus empresários e políticos que são os maiores corruptos e corruptores. Quem se apropriou dos gastos exagerados da copa? A Rede Globo e as empreiteiras!

Nesse cenário, quais os desafios que estão colocados para a classe trabalhadora e as organizações populares e partidos de esquerda?

Os desafios são muitos. Primeiro devemos ter consciência da natureza dessas manifestações e irmos todos para a rua disputar corações e mentes para politizar essa juventude que não tem experiência na luta de classes. Segundo, a classe trabalhadora precisa se mover, ir para a rua, manifestar-se nas fábricas, campos e construções, como diria Geraldo Vandré. Levantar suas demandas para resolver os problemas concretos da classe, do ponto de vista econômico e político. Terceiro, precisamos explicar para o povo quem são os principais inimigos do povo. E agora são os bancos, as empresas transnacionais que tomaram conta de nossa economia, os latifundiários do agronegócio e os especuladores. Precisamos tomar a iniciativa de pautar o debate na sociedade e exigir a aprovação do projeto de redução da jornada de trabalho para 40 horas; exigir que a prioridade de investimentos públicos seja em saúde, educação, reforma agrária. Mas para isso, o governo precisa cortar juros e deslocar os recursos do superávit primário, aqueles R$ 200 bilhões que todo ano vão para apenas 20 mil ricos, rentistas, credores de uma dívida interna que nunca fizemos, deslocar para investimentos produtivos e sociais. É isso que a luta de classes coloca para o governo Dilma: os recursos públicos irão para a burguesia rentista ou para resolver os problemas do povo? Aprovar em regime de urgência para que vigore nas próximas eleições uma reforma política de fôlego, que, no mínimo institua o financiamento publico exclusivo da campanha. Direito a revogação de mandatos e plebiscitos populares autoconvocados. Precisamos de uma reforma tributaria que volte a cobrar ICMS das exportações primárias e penalize a riqueza dos ricos, e amenize os impostos dos pobres, que são os que mais pagam. Precisamos que o governo suspenda os leilões do petróleo e todas as concessões privatizantes de minérios e outras áreas publicas. De nada adianta aplicar todo os royalties do petróleo em educação, se os royalties representarão apenas 8% da renda petroleira, e os 92% irão para as empresas transnacionais que vão ficar com o petróleo nos leilões! Uma reforma urbana estrutural, que volte a priorizar o transporte público, de qualidade e com tarifa zero. Já está provado que não é caro, e nem difícil instituir transporte gratuito para as massas das capitais. E controlar a especulação imobiliária. E, finalmente, precisamos aproveitar e aprovar o projeto da Conferência Nacional de Comunicação, amplamente representativa, de democratização dos meios de comunicação. Assim, acabar com o monopólio da Globo, para que o povo e suas organizações populares tenham amplo acesso a se comunicar, criar seus próprios meios de comunicação, com recursos públicos. Ouvi de diversos movimentos da juventude que estão articulando as marchas que talvez essa seja a única bandeira que unifica a todos: abaixo o monopólio da Globo! Mas, para que essas bandeiras tenham ressonância na sociedade e pressionem o governo e os políticos, é imprescindível a classe trabalhadora se mover.

O que o governo deveria fazer agora?

Espero que o governo tenha a sensibilidade e a inteligência de aproveitar esse apoio, esse clamor que vem das ruas, que é apenas uma síntese de uma consciência difusa na sociedade, que é hora de mudar. E mudar a favor do povo. Para isso o governo precisa enfrentar a classe dominante, em todos os aspectos. Enfrentar a burguesia rentista, deslocando os pagamentos de juros para investimentos em áreas que resolvam os problemas do povo. Promover logo as reformas políticas, tributárias. Encaminhar a aprovação do projeto de democratização dos meios de comunicação. Criar mecanismos para investimento pesados em transporte público, que encaminhem para a tarifa zero. Acelerar a reforma agrária e um plano de produção de alimentos sadios para o mercado interno. Garantir logo a aplicação de 10% do PIB em recursos públicos para a educação em todos os níveis, desde as cirandas infantis nas grandes cidades, ensino fundamental de qualidade até a universalização do acesso dos jovens a universidade pública. Sem isso, haverá uma decepção e o governo entregará para a direita a iniciativa das bandeiras, que levarão a novas manifestações, visando desgastar o governo até as eleições de 2014. É hora do governo aliar-se ao povo ou pagará a fatura no futuro.

E que perspectivas essas mobilizações podem levar para o país nos próximos meses?

Tudo ainda é uma incógnita, porque os jovens e as massas estão em disputa. Por isso que as forças populares e os partidos de esquerda precisam colocar todas suas energias, para ir para a rua. Manifestar-se, colocar as bandeiras de luta de reformas que interessam ao povo. Porque a direita vai fazer a mesma coisa e colocar as suas bandeiras conservadoras, atrasadas, de criminalização e estigmatização das ideias de mudanças sociais. Estamos em plena batalha ideológica, que ninguém sabe ainda qual será o resultado. Em cada cidade, em cada manifestação, precisamos disputar corações e mentes. E quem ficar de fora, ficará de fora da historia.

Foto: Marcelo Camargo/ABr

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Globo e os Protestos

Se você foi na manifestação , assista este vídeo que é excelente, todos precisam assistir e compartilhar, ele traz o fundamento de todos os protestos. . . .

 

Unificados e INTERSINDICAL no ato (20) em Campinas. A luta continua!

21 de Junho de 2013
Químicos Unificados


Ônibus baixa em quase todo Brasil. Agora:
saúde, educação, fim da terceirização, Previdência…

Avenida Francisco Glicério, no largo do Rosário, às 17 horas. Foto postada sem crédito no Facebook

Após quase 15 dias de centenas de milhares de manifestantes tomando as ruas de todo o país, uma vitória foi conquistada: Na grande maioria dos municípios o valor da passagem de ônibus foi reduzido. Em Campinas, que em dezembro de 2012 subiu para R$ 3,30, a partir de 24 de junho (segunda-feira) volta para os R$ 3,00 que era no final do ano. Em São Paulo, a passagem baixou de R$ 3,20 para R$ 3,00 e no Rio de Janeiro de R$ 2,95 para R$ 2,75 – o que se repetiu em quase todas cidades. Mas, segundo os manifestantes a luta continua, agora por mais direitos e serviços públicos de qualidade.

A manifestação teve sua concentração inicial no largo do Rosário, de onde saiu em passeata pela avenida Francisco Glicério, Moraes Salles e Irmã Serafina, sempre ocupando todas as faixas das vias, até à Prefeitura Municipal. O Sindicato Químicos Unificados participou da manifestação que, conforme estimativas iniciais, contou com perto de 25 mil pessoas.

Integrantes do Sindicato Químicos Unificados e da INTERSINDICAL , na passeata, na avenida Francisco Glicério, em Campinas

Arlei Medeiros, dirigente do Unificados, da Intersindical e da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas do Estado de São Paulo (Fetquim), disse: “O Brasil acordou… um professor tem que valer mais do que o Neymar.”

Passeata ocupa a avenida Moraes Salles

A vitória arrancada nas ruas com a redução dos valores das passagens de ônibus, não coloca fim nas manifestações. Agora, elas devem continuar e exigir um serviço de saúde ágil e de qualidade, não à reforma previdenciária, escola pública gratuita e decente, o fim da corrupção e a responsabilização dos envolvidos, o fim do fator previdenciário, a não aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37 (que tira do Ministério Público o direito de promover investigações, deixando-as apenas com as polícias), o fim das privatizações e a efetivação de todos os terceirizados (sistema de emprego temporário que
quebra direitos dos trabalhadores ao não se subordinar à convenção coletiva de uma categoria) entre outros.

VEJA AQUI fotos do ato e da passeata

Unificados e Intersindical no ato do (17/06) em São Paulo. 230 mil nas ruas no país

18 de Junho de 2013
Químicos Unificados

Dirigentes do UNIFICADOS e da INTERSINDICAL reunidos pouco antes do início do ato em São Paulo


Largo da Batata, no bairro Pinheiros, em São Paulo, antes do início do ato,por volta das 17 horas - Foto Mídia Ninja
Cerca de 65 mil pessoas participaram no final da tarde/início da noite de hoje (17 de junho) do quinto grande ato conjunto em São Paulo em protesto contra o aumento no valor da passagem de ônibus de R$ 3,00 para R$ $3,20, em vigor desde primeiro de junho. Nos dois últimos, dias 11 e 13 (detalhes AQUI) de junho a Polícia Militar (PM) do Estado de São Paulo agiu com criminosa truculência, partindo para cima de manifestantes e de populares que estavam pelas imediações, com tiros de balas de borracha, cassetetes, bombas de gás lacrimogêneo e de intimidação pelo barulho que faz. Foram centenas de feridos e outros tantos de detidos. Atos também foram realizados em diversas cidades brasileiras e, para além da questão aumento na tarifa do transporte coletivo urbano, se transformaram em protesto e reivindicações “Por Um Brasil Melhor”.

O Sindicato Químicos Unificados e a Intersindical, entre outras entidades de trabalhadores, de partidos políticos de esquerda e de movimentos sociais, populares, estudantes e feministas participaram da manifestação de hoje, além de milhares de populares por iniciativa individual e espontânea.

VEJA AQUI vídeo de 45′ sobre a concentração no largo da Batata, no bairro Pinheiros, momentos antes do início da passeata.

Em todo o país, estimativas indicam a participação de 230 mil pessoas: Rio de Janeiro – 100 mil; São Paulo – 65 mil; Belo Horizonte – 30 mil; Brasília – 5.000; Salvador – 5.000; Curitiba – 5.000; Porto Alegre – 5.000; Maceió – 2.000; Belém – 2.000 e Santos (SP) – 1.000. Ainda não há números oficiais destas e de outras manifestações pelo país. Houve também, hoje, uma manifestação em Nova York e em Los Angeles, ambas nos Estados Unidos.

VEJA AQUI fotos no portal UOL das manifestações de hoje em São Paulo e em todo o Brasil.

Pressão até internacional:
“Democracia não tem fronteiras”

Hoje, após muita pressão e críticas de muitas entidades – até internacionais – contra o governador Alckmin, responsável e comandante primeiro da PM, a violência não se repetiu em São Paulo. Pelo país ocorreram confrontos isolados e pontuais.

Movimento se expande

Com os desdobramentos da forte reação policial em 11 e 13 de junho em São Paulo, os atos de hoje transformaram-se em um grito da sociedade contra a desproporcional repressão e em um protesto generalizado contra a criminalização dos movimentos sociais, por mais democracia, fim da corrupção e contra a política econômica. O movimento se soma aos ocorridos neste final de semana nos jogos da Copa das Confederações, que tem como seu lema o questionamento: “Copa Pra Quem?”, referindo-se ao torneio de 2014 .