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segunda-feira, 31 de agosto de 2015

“Encurralado, o governo vai cada vez mais para a direita”

Escrito por Raphael Sanz, da Redação

Correio da Cidadania

230908_ivan_valenteApós o recesso parlamentar, o país deu de cara com a “Agenda Brasil”, que na prática nada mais é que a segunda rodada do duro ajuste fiscal comando pelo ministro Joaquim Levy, ampliando o peso da crise sobre as costas dos trabalhadores. Uma insólita resposta à série de manifestações tanto à esquerda como à direita, o que em nada parece aliviar o quadro de crise. A este respeito, o Correio da Cidadania conversou com o deputado federal Ivan Valente, que comentou as medidas de governo e os embates entre os gatos pardos do Congresso.

“É um governo refém de uma política que ele não declarou totalmente no processo eleitoral. Cada vez que é pressionado por um setor perdedor da eleição, pratica a agenda do candidato perdedor. Age por pressão, ou de movimentos. Além disso, o governo também é refém de ataques na parte moral, no que se refere aos desdobramentos da Operação Lava Jato”, resumiu.

Ivan ressalta ser importante uma “Frente de Esquerda” a fim de reivindicar um outro modelo econômico, o que já se vê em algumas movimentações, e refuta a ideia de seu partido acabar atuando como linha auxiliar do governo, apesar das previsões pouco animadoras “O segundo semestre começa com o impacto do aprofundamento da crise econômica, da recessão, do aumento do desemprego e da situação de inflação razoavelmente alta. São todos fatores que causam uma imensa impopularidade”, destacou.

Como não poderia faltar, comentou o complexo e até contraditório ambiente político brasileiro.

“O impeachment está no ar, vai ser mantido em evidência, mas não tem base legal para ser efetivado. A tensão vai continuar e o enfraquecimento do governo pode levar a grandes instabilidades. Penso que vamos ter anos de crise. O Congresso Nacional, para começar, está ameaçado de sofrer uma grande desmoralização. Temos um presidente da Câmara que possivelmente vai virar réu da Lava Jato com o acatamento da denúncia no STF, e isso pode acontecer também com o presidente do Senado e várias lideranças do PT”, analisou.

A entrevista completa com Ivan Valente pode ser lida a seguir.

Correio da Cidadania: Como você avalia o primeiro semestre político brasileiro de 2015, tendo em vista o ajuste fiscal, os cortes nos direitos trabalhistas e um governo fragilizado que agora parece terceirizar sua agenda política?

Ivan Valente: O que tivemos nesse período foi um governo que se desgastou muito rapidamente, depois de haver vencido as eleições. Agora, está debaixo de uma pesada crise econômica, social, política e moral. É um governo refém de uma política que ele não declarou totalmente no processo eleitoral. Cada vez que é pressionado por um setor perdedor da eleição, pratica a agenda do candidato perdedor. Age por pressão, ou de movimentos de rua pelo impeachment ou pela própria pressão empresarial, para se manter no poder.

É o caso das medidas de ajuste fiscal, das Medidas Provisórias 664 e 665, das terceirizações e, agora, da “Agenda Renan Calheiros” – Agenda Brasil, recém-anunciada oficialmente. São sinalizações que visam manter a ponte com setores empresariais e garantir a governabilidade a todo custo, cada vez mais à direita. É isso que está ocorrendo.

Além disso, o governo também é refém de ataques na parte moral, no que se refere aos desdobramentos da Operação Lava Jato, sem contar a chantagem da liderança do PMDB, justamente o deputado Eduardo Cunha, acusado de corrupção na Petrobrás.

Correio da Cidadania: Nesse sentido, como avalia mais profundamente a chamada Agenda Brasil, anunciada sob auspícios de Renan Calheiros e Michel Temer e recebida com bons olhos pelo governo federal?

Ivan Valente: Como o governo está muito encurralado pelas pressões da mídia, do empresariado e também pelas manifestações de rua, precisa se agarrar em qualquer bóia, mesmo que essa bóia seja feita de mais ataques aos direitos dos trabalhadores. Essa chamada Agenda Brasil é superregressiva. Vai tão longe que acaba por atacar questões que até agora não haviam sequer sido ventiladas, como a cobrança do SUS e o perdão às dívidas dos planos de saúde.

E agora vem mais ataques aos direitos indígenas, para ficar bem com a bancada ruralista e a senhora Kátia Abreu. Teremos mais terceirizações, privatizações e desregulamentação da economia. Em outras palavras, o governo tenta tudo que soe como música aos ouvidos do grande empresariado, do capital financeiro, monopolista e do agronegócio.

Assim, encurralado, o governo vai cada vez mais para a direita e nesse sentido é fundamental que haja pressão de rua contra o ajuste fiscal, contra a privatização da Petrobras, pela garantia dos direitos dos trabalhadores e assim por diante. Mas, certamente, estamos em um momento difícil, porque se a direita passa a ter a ofensiva do processo teremos ainda mais retrocessos. E com apoio midiático, do mercado financeiro, entre outros. Por outro lado, o governo também cumpre a agenda da direita.

Portanto, é necessário reconstruir o imaginário de um programa de esquerda de verdade, o que será uma tarefa gigantesca.

Correio da Cidadania: Acredita que lutar pelo fim do financiamento empresarial de campanhas políticas seja um dos principais alicerces deste novo programa de esquerda?

Ivan Valente: Certamente, é necessário um movimento para acabar com o financiamento empresarial de campanha, hoje a raiz da corrupção no nosso país, explicitamente. Fica claro através dos próprios financiamentos, de operadores, de doleiros e de gente das estatais e dos próprios empresários que praticamente não existe doação legal de campanha. Existe investimento. Empresário não doa, investe.

Pudemos, por exemplo, observar uma votação de uma reforma política, sob égide do senhor Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados: ele perdeu a votação e virou a noite para revertê-la, ilegalmente. O resultado: já passou na Câmara a constitucionalização do financiamento empresarial de campanha. O que isso quer dizer? Que eles estão na contramão do combate à corrupção. Esse era o grande momento. Só que a grande mídia não defende a pauta, os partidos da direita também não. E o PT defende, mas não pratica.

Assim, é obvio que se desaprendeu a fazer campanha sem grandes recursos no Brasil, o que fará continuar todo o processo fisiológico e corruptor dos processos eleitorais. Há um grande cinismo na questão, mas vamos continuar fazendo uma campanha para que haja uma verdadeira reforma política no país, que tenha como centro o fim do financiamento privado de campanha.

É uma batalha, porque existe a tendência de continuar com a mesma política que já está posta. E o mais interessante: os movimentos de rua que vão à Avenida Paulista não se colocam contrários ao financiamento empresarial. São capazes de fazer uma manifestação contra a corrupção, atacar somente o governo federal (o que é justo), mas não o senhor Eduardo Cunha. É o momento que vivemos.

Correio da Cidadania: Como viu a recente volta do recesso parlamentar, levando em consideração os desdobramentos da operação Lava-Jato, que atinge diversos atores relevantes, além das ameaças das tais “pautas-bomba”?

Ivan Valente: O segundo semestre começa com o impacto do aprofundamento da crise econômica, da recessão, do aumento do desemprego e da situação de inflação razoavelmente alta. São todos fatores que causam uma imensa impopularidade.

Em segundo lugar, a Operação Lava Jato atinge o presidente da Câmara dos Deputados, que não quer se afastar e utiliza de todo o seu poder e o silêncio da maioria cúmplice para continuar lá, enquanto deveria se afastar imediatamente. Mas o círculo se fecha, porque novas revelações trarão à tona o fechamento do circuito do processo de corrupção na Petrobrás e vão atingir grandes próceres da República. Principalmente do PMDB, através da delação premiada do senhor Fernando Soares, mas também do Leonardo Attuch, do Nestor Cerveró e outras figuras que podem complementar toda a trama que vai envolver mais de 50 políticos de diversos partidos.

Tudo isso embora na CPI da Petrobrás o PSDB tenha se unido ao PMDB para blindar o senhor Eduardo Cunha, com a omissão do PT.

Correio da Cidadania: Diante desse quadro e levando em conta as grandes manifestações convocadas pela direita, acredita na hipótese do impeachment? Como avalia essas manifestações?

Ivan Valente: Existe, sim, um clima criado por vários setores, particularmente na mídia e nos setores perdedores da eleição como o PSDB. Há um tensionamento – em relação a mecanismos para propor um impeachment – que realmente não tem profundidade, como é o caso das pedaladas fiscais. Nenhum governo foi cassado por pedalada fiscal. Isso foi feito pelo Fernando Henrique, pelo Lula e pela Dilma. Para mim, é uma falsidade, um factóide para aumentar o clima e alimentar movimentações de rua.

A mesma coisa vale para o TSE. O senhor Gilmar Mendes é um militante do PSDB. O que existe é um descontentamento da população com o estelionato eleitoral da Dilma, isto é, praticar uma política contrária ao que ela disse no final da campanha. Ela está praticando uma agenda política e econômica liberal, e até mesmo ultraliberal, através do senhor Joaquim Levy e suas propostas de reserva fiscal que acabam apertando o cinto dos trabalhadores.

Em outras palavras, faz os trabalhadores pagarem pela crise. E não vemos iniciativas que apertem os grandes, o empresariado, o mercado financeiro e assim por diante. Iniciativas como a regulação do capital financeiro, a auditoria da dívida, a taxação das grandes fortunas deveriam estar na ordem do dia, jamais a revisão dos direitos dos trabalhadores, como vemos.

O impeachment está no ar, vai ser mantido em evidência, mas não tem base legal para ser efetivado. A tensão vai continuar e o enfraquecimento do governo pode levar a grandes instabilidades. Acho que esse descontentamento de manifestantes vai continuar em setores de classe média e nos setores populares também, mas aí temos outra questão: é necessária uma verdadeira frente de esquerda em cima da plataforma política. Uma mobilização que seja contra o ajuste fiscal. Contra o governo e pelas reformas agrária, urbana, política, pela democratização dos meios de comunicação etc. Tal mobilização certamente será contra a quebra da legalidade.

Se não houver nenhuma prova concreta para o impeachment, mas mesmo assim o promoverem, será criada uma situação de instabilidade na qual qualquer um que considerar o governo impopular poderá derrubá-lo. Precisa de prova material concreta, que ainda não apareceu contra a presidenta da República.

Mas o que importa para quem tem um outro projeto de sociedade é que se juntem todos os lutadores sociais. Assim, somos favoráveis às manifestações de rua por um programa que avance nos direitos dos trabalhadores, combata as privatizações, as terceirizações e todos os sacrifícios impostos à classe trabalhadora. Mas também somos contra o PT e os partidos governistas utilizarem as manifestações para promoverem o “fica Dilma”, e não para defender as bandeiras concretas.

Essa é a grande encruzilhada da esquerda. Sou favorável aos movimentos unitários, que buscam mudanças sociais e achei bem importante a manifestação de São Paulo no último dia 20 de agosto, apesar da tentativa de manipulação de alguns setores efetivamente governistas que não percebem que, assim, acabam fazendo a bipolarização sem politizar o processo político.

Correio da Cidadania: Um dado curioso das manifestações da direita é que em São Paulo, onde foi maior, 75% manifestantes eram contrários ao financiamento privado de campanhas. O que pode causar essa aparente contradição?

Ivan Valente: Uma grande parte dos manifestantes que vão para as ruas contra o governo é, de fato, eleitora do PSDB, ou com uma tendência mais conservadora. Em um primeiro momento, considerei a manifestação de março mais popular, mas agora estão mais condensadas em uma política que foca seu programa apenas no impeachment, não tem uma proposta programática. E quando este lado programático aparece, é para dizer que nós precisamos de mais mercado e menos Estado. Ou seja, é uma proposta de programa ultraconservador, que não diz respeito à grande necessidade do povo brasileiro.

Por outro lado, existe uma grande manipulação, não só nos setores médios da sociedade, mas também nas classes trabalhadoras, de que acabar com o financiamento privado vai se dar mais dinheiro ainda aos políticos – que estão em baixa, muito mal avaliados. Isso causa desconfiança e é uma grande manipulação política. Os fatos vão demonstrar que a raiz da corrupção é justamente o financiamento empresarial. Que presidentes, governadores, prefeitos e legisladores acabam sendo eleitos para posteriormente cumprir a agenda econômica dos seus financiadores. No próximo período, vamos ter um esclarecimento maior sobre isso.

Correio da Cidadania: O PSOL corre algum risco de ser visto como uma linha auxiliar do PT, já que se opõe ao impeachment? A construção de uma frente de esquerda seria, por acaso, a principal saída para que o seu partido não fique preso entre a direita e a defesa do governo?

Ivan Valente: Não há nenhum risco de isso acontecer com o PSOL. A linha que o PSOL está liderando no Congresso Nacional – onde estamos em mais evidência hoje – é a luta pela derrubada do Eduardo Cunha. Os quatro deputados do PSOL se tornaram líderes na luta contra a corrupção, seja no Congresso, na CPI da Petrobrás e também nas ruas, seja na luta pela mudança de forma associada aos movimentos contrários ao ajuste fiscal. Temos o MTST, várias entidades da sociedade civil que lutam pela moradia, saúde, educação, que estão do nosso lado.

O principal desafio é termos mais capilaridade, mais interação social e lutar por mais inserção social. O PT ocupa muito espaço como partido, assim como o PCdoB, e essa correlação vai mudar na prática quando houver um acesso maior aos movimentos sociais. Mas o PSOL está cumprindo um papel exemplar de luta e é a maior referência política e ética do momento. Agora, é relativamente pequeno para ocupar todo o espaço à esquerda que está colocado.

Para completar: quando fazemos um manifesto no Congresso contra o Cunha, ali, vários setores democráticos e populares aderem ao PSOL. Temos que estar também atentos para trazer estes setores que estão cansados do petismo, do governo, se cansaram do estelionato eleitoral e continuam com um pensamento mais à esquerda.

Acho que estamos com uma política correta e temos perspectiva de crescimento, de nos tornarmos uma referência cada vez maior na política brasileira, independentemente deste Fla-Flu e do bipartidarismo ao qual o próprio Correio da Cidadania se refere. É difícil ocupar tal espaço de movimento social e institucional. Precisa ser preenchido e ainda somos pequenos. Porém, mesmo pequenos temos referência nítida de luta e, com um programa claro, vamos ocupando espaço.

Correio da Cidadania: Para além da análise das políticas vigentes, de que outro modo seria possível contornar a atual recessão, que já tem seus reflexos na vida da população?

 

Ivan Valente: Ainda temos um movimento bastante indefinido. Acredito que a tendência seja um aprofundamento da recessão. No governo e na economia existe uma situação instável, ou seja, qualquer crise nos balança. Somos um país reprimarizado e agroexportador de commodities. Assim, se aparece uma crise na China, sofremos um impacto grande. Se há crise com o dólar, piora ainda mais. E a dominação do capital financeiro cria uma extrema instabilidade. É necessário rever o modelo econômico.

A revisão do modelo econômico não é fácil porque o governo não fez o que precisava ter sido feito há muitos anos. Hoje, é refém desta política. O agravamento da situação política pode ser até o desdobramento de outro títere que ainda não dá para prever totalmente, mas é provável que neste ano e no próximo ainda tenhamos de conviver com um processo recessivo e a triste realidade dos direitos dos trabalhadores sendo atacados, com condições de desemprego ec.

É bem visível que precisamos ver um crescimento das lutas sociais e o que precisamos fazer é com que elas cresçam com uma plataforma de esquerda, com um programa popular e democrático, levantando bandeiras que interessem ao conjunto do povo brasileiro.

Correio da Cidadania: Como vê os próximos três anos e meio do mandato Dilma Rousseff frente a tanta pressão da oposição de direita, da classe média, da mídia, combinada com crescente desconfiança dos setores mais à esquerda de dentro e fora do PT?

Ivan Valente: Penso que vamos ter anos de crise. O Congresso Nacional, para começar, está ameaçado de sofrer uma grande desmoralização. Temos um presidente da Câmara que possivelmente vai virar réu da Lava Jato com o acatamento da denúncia no STF, e isso pode acontecer também com o presidente do Senado e mais gente ligada ao PMDB. E há também várias lideranças do PT bastante desmoralizadas pela Operação Lava Jato.

O ambiente institucional é bastante instável e de difícil previsão. A crise econômica aguça o quadro e cria grande instabilidade. A elite brasileira, através dos bancos, das grandes corporações industriais e comerciais, não tem interesse em um aprofundamento da crise, ou seja,  na instabilidade causada pelo impeachment. Acho que eles têm interesse em sangrar o governo, mas só haverá um processo de rompimento de um mandato se os ânimos políticos chegarem a um nível muito elevado de tensão. Porque o impeachment e a quebra da legalidade têm um preço alto na própria economia e eles se preocupam com as notas do mercado, com os rankings de risco e assim por diante. Eis o caldo de política que estamos vivendo.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Doleiro Alberto Yousseff afirma que Aécio Neves recebeu propina de Furnas

Postado: Brasil de Fato

Delator também reafirmou que o ex-presidente do PSDB, Sergio Guerra, recebeu R$ 10 milhões para abafar CPI da Petrobras em 2009.

LM-AECIONEVES-20150818-12

Em acareação realizada nesta terça-feira (25) com o ex-diretor de abastecimento de Petrobras Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Yousseff confirmou aos deputados que o senador Aécio neves recebeu dinheiro desviado de Furnas. O procedimento fez parte da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras.

A revelação foi feita ao deputado Jorge Sola (PT-BA), quando este questionou Yousseff se ele confirmava que o então governador de Minas Gerais havia recebido dinheiro desviado da estatal. "Eu confirmo por conta do que eu escutava do deputado José Janene, que era meu compadre, e eu era operador dele", disse.

Além de Aécio, o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra também foi citado como receptor de R$ 10 milhões para abafar uma CPI para investigar irregularidades da Petrobras em 2009. Yousseff declarou que o dinheiro teria sido pago pela empreiteira Camargo Correa. Costa declarou ele foi procurado por Guerra e pelo deputado Eduardo da Fonte (PP-PE). "De minha parte, posso dizer que eles receberam", afirmou.

Cobertura da mídia

Muitos internautas criticaram a cobertura que a imprensa deu ao caso. O portal de notícias UOL publicou, às 19h37, uma manchete onde se lia: “Yousseff e Costa confirmam repasse de propina a Aécio e Sérgio Guerra”. Porém, às 20h24 o nome dos dois foram suprimidos do título, que se transformou em “Delatores Yousseff e Costa mencionam repasse de propinas a tucanos”. A expressão “podemos tirar se achar melhor”, utilizada em comentários relacionados ao caso no Twitter, entrou para os trending topics.

Outra que causou polêmica foi a comentarista da Globo News e colunista do Estado de S. Paulo Eliane Cantanhêde. Ela foi questionada no twitter o motivo do jornal ao qual participa, o Em Pauta, não ter tocado no assuntos dos envolvimentos dos tucanos no escândalo. Cantanhêde se defendeu dizendo que se tratava de muitas informações ao mesmo tempo e que iria “tentar encaixar” o assunto em algum de seus próximos comentários.

O portal Uol foi procurado pela reportagem mas não respondeu os questionamentos até o fechamento da matéria.

Assista o Vídeo no UOL – Click Aqui

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Agenda Brasil pode derrubar mais a aprovação de Dilma, diz Boulos

Postado: O POVOonlineGilherme Boulos

Boulos: "Essa agenda tem potencial de levar a popularidade de 7% para zero. Ela é um pacto dos de cima contra os de baixo"

O coordenador nacional do MTST, em visita a Fortaleza, afirma que a presidente cede à direita na mesma proporção que é atacada por ela.

Convulsão social. Essa é a previsão de Guilherme Boulos, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), para o caso de o governo federal realmente acabar abraçando a “Agenda Brasil”, plataforma apresentada pelo presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB). “Essa agenda é de um nível de retrocesso que não se ousou neste país nem em momentos muito piores do que este”, diz.

O dirigente, que veio a Fortaleza a convite de professores da Universidade Estadual do Ceará (Uece), afirmou que, ao contrário do que dizem os defensores do governo, a presidente Dilma Rousseff (PT) não está fazendo o que pode. “Todas as sinalizações que o governo tem dado são de que quanto mais ele for acuado pela direita, mais irá ceder a ela”, acusa. Para Boulos, que também é filósofo, é preciso construir uma alternativa “nas ruas”. Confirma os principais trechos da entrevista concedida ao O POVO:


OPOVO - Como está o MTST do Ceará, neste momento de polarização social no País?

Guilherme Boulos - O MTST tem se fortalecido no Estado. Fez uma ocupação no ano passado em Messejana, mais uma este ano em Maracanaú, a Bandeira Vermelha... Tem obtido conquistas e vai continuar fazendo novas ocupações. O problema da moradia urbana na Região Metropolitana de Fortaleza é gravíssimo. É uma das capitais com maior déficit habitacional do País. E o MTST vai continuar fazendo sua organização, tanto pela moradia, quanto nessa mobilização mais geral a que você se referiu.
Nessa polarização social do Brasil, o MTST vai continuar fazendo o enfrentamento nas ruas, tanto a direita mais conservadora como às políticas do governo federal, como o ajuste fiscal e esta política econômica, que são desastrosas para o povo.


OP- Na sexta-feira, a presidente afirmou que o ajuste fiscal não iria atingir os programas sociais.

Boulos - Ela está atrasada, porque já está atingindo há muito tempo. O Minha Casa Minha Vida 3 deveria ter sido lançado no começo do ano. Agora, só será lançado, se de fato o for, em setembro. Foram cortados R$ 80 bilhões de orçamento, e os ministérios da Educação e das Cidades, que tratam muito de questões sociais, foram os dois mais atingidos. Este ajuste está sim jogando a conta da crise no colo dos mais pobres e está, sim, prejudicando programas sociais.
OP- Na semana passada, tivemos uma série de manifestações convocadas por centrais sindicais e movimentos sociais de esquerda que serviu também como uma resposta para as manifestações de domingo. Qual a avaliação que o senhor faze destes protestos?
Boulos - As manifestações do dia 16 buscaram canalizar a insatisfação social para um projeto social de direita e de retrocesso. Não havia ali nada da pauta de direitos sociais ou de trabalhadores. E a sua composição era majoritariamente de classe média e mesmo de setores mais ricos da sociedade.


Estas manifestações também tiveram um tom muito forte de intolerância, preconceito... Já as manifestações do dia 20 foram uma resposta no sentido de dizer que somos contra todo este pacote conservador e de direita, mas não foram em hipótese alguma em defesa do governo. É muito simplista dizer “dia 16 foi ‘Fora Dilma!” e dia 20 foi ‘Viva Dilma!”. Não foi nada disso. Quem esteve no dia 20 viu que foi um ato de duras cobranças contra o governo federal, contra o ajuste fiscal, contra a “Agenda Brasil”, que é um retrocesso”.


OP- O senhor falou sobre a Agenda Brasil, apresentada pelo presidente do Congresso, Renan Calheiros. Você acha que, do ponto de vista da popularidade, essa proposta tem possibilidade de recuperar algo?

Boulos - Essa agenda tem potencial de levar a popularidade de 7% para zero. Ela é um pacto dos de cima contra os de baixo. Se de fato o governo federal encampar essa agenda - o que não está dado, mas houve sinalizações -, ele vai estar sepultado politicamente. Ele pode tentar amenizar uma crise política com essa proposta, mas vai produzir uma imensa convulsão social. Essa agenda é de um nível de retrocesso que não se ousou neste País nem em momentos muito piores do que este.
OP- Então, é mais um prego no caixão?

Boulos -A menos que você ache que vai resolver a governabilidade no parlamento destruindo a governabilidade nas ruas, sepultando o que existe de possibilidade deste governo ter uma sustentação social. Porque essa agenda é isso: uma agenda contra o Brasil e contra a maioria do povo brasileiro.
OP- Desde 2013, está acontecendo um fenômeno que, para as gerações mais recentes, é novo, que é uma direita com capacidade de mobilização social para manifestações de rua. Por que você acha que isso aconteceu?
Boulos - Primeiro, destampou-se um caldeirão. Durante os últimos doze anos de governos petistas, teve-se certa coesão social. A partir de junho de 2013, destampou-se um caldeirão de mobilização social, tanto para o lado popular e de esquerda, tanto para o lado da direita. E a direita foi construindo uma capacidade de mobilização. A política cada vez mais tem transbordado para as ruas.


Agora, nós não podemos ignorar que uma parte importante da mobilização com bandeiras de direita atingiu os níveis que atingiu porque tem sido convocada, abertamente, pelos grandes meios de comunicação. Uma coisa é você fazer um ato convocado por movimentos sociais, outra coisa é ser convocado pela TV Globo.


OP- Nesse cenário, em que a direita conta com esse poder de mobilização potencializado pela grande mídia, os movimentos sociais de esquerda têm como se contrapor?

Boulos - É importante a gente entender que, nas mobilizações do dia 16, felizmente, nem todos eram de direita. Seria muita caricatura dizer isso. “100 mil pessoas na Paulista eram de direita!”, ou aqui, em Fortaleza. De forma geral, as pessoas foram porque estão insatisfeitas, e tem motivos legítimos para isso. Agora, de forma geral, as pessoas foram porque estão insatisfeitas, e tem motivos legítimos para isso. A direita tem buscado surfar na onda da insatisfação social e buscado canalizá-la para pautas que são de retrocesso para o País.
OP- Então, é possível dialogar com esses manifestantes do dia 16?
Boulos -A questão não são somente os que foram. É muita gente que talvez tenha ficado em casa e que também está insatisfeita. A maioria da população não está nas ruas. Você tem um setor que não está mobilizado, mas está descontente. E o nosso papel é apresentar uma saída para essa crise que não seja essa saída de retrocessos da direita, mas que também não seja “este governo está fazendo o que dá”, porque não está.


OP- Existe a possibilidade da presidente sinalizar para outro campo que não este que você define como conservador?

Boulos - É difícil acreditar nisso. Todas as sinalizações que o governo tem dado são de que quanto mais ele for acuado pela direita, mais irá ceder a ela. As saídas que esse governo tem apresentado são as piores possíveis. Nós não acreditamos em uma saída vinda de cima. A saída tem que ser construída nas ruas. (Renato Sousa - renatoallan@opovo.com)
Frases

"AS SINALIZAÇÕES DO GOVERNO SÃO DE QUE QUANTO MAIS ELE FOR ACUADO PELA DIREITA, MAIS IRÁ CEDER A ELA. AS SAÍDAS QUE SÃO APRESENTADAS SÃO AS PIORES POSSÍVEIS”"

"SE DE FATO O GOVERNO FEDERAL ENCAMPAR A AGENDA BRASIL, ELE VAI ESTAR SEPULTADO POLITICAMENTE. VAI PRODUZIR UMA IMENSA CONVULSÃO SOCIAL"

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Contra o ajuste fiscal e a Agenda Brasil. Ato 20 de agosto de 2015

Por; TV Movimento

Apoio: Intersindical Central da Classe Trabalhadora

Milhares de trabalhadores foram às ruas no dia 20 de agosto contra a retirada de direitos e o ajuste fiscal do governo. A manifestação foi uma resposta aos recentes ataques aos direitos dos trabalhadores promovidos pela Câmara dos Deputados e Senado, além das medidas econômicas tomadas pelo governo federal. Em São Paulo a concentração foi no Largo da Batata . Depois todos seguiram para a avenida Paulista.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Trabalhadores tomam as ruas contra a direita, o ajuste fiscal e a Agenda Brasil

Postado: Intersindical Central da Classe Trabalhadora

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Em manifestação em SP prevalece o tom de repúdio às saídas da direita e de combate ao ajuste fiscal e à Agenda Brasil

Milhares de trabalhadores foram às ruas na noite desta quinta-feira, 20, contra a retirada de direitos e o ajuste fiscal do governo. A manifestação foi uma resposta aos recentes ataques aos direitos dos trabalhadores promovidos pela Câmara dos Deputados e Senado, além das medidas econômicas tomadas pelo governo federal.

“Estamos aqui hoje contra o ajuste fiscal e essa política econômica que está aumentando os juros, cortando investimentos sociais e moradia. Nós não defendemos isso. Viemos dizer também que somos contra a Agenda Brasil, que tem sido levantada como pacto para salvar o país. Mas eles esqueceram de consultar o povo. Esse tal de ‘pacto’, é pacto dos ‘de cima’ contra os ‘de baixo'”, disse Guilherme Boulos, coordenador nacional do MTST.

Edson Carneiro Índio, Secretário-Geral da Intersindical, ressaltou o objetivo do ato: Estamos aqui para combater a movimentação da direita, o ajuste fiscal e a Agenda Brasil. Estamos aqui para dizer que não concordamos com a política econômica, com o aumento da taxa de juros, o desemprego e a recessão”.

Por fim, Índio lembrou que o combate à terceirização é essencial. “Entre os pontos mais lesivos da Agenda Brasil está PLC 30 no Senado que extermina os direitos dos trabalhadores ao instituir a terceirização no Brasil”.

Também no Senado tramitam projetos para a redução da maioridade penal e as tentativas de privatização da Petrobras, a exemplo do projeto de José Serra (PSDB) que entrega o pré-sal ao capital estrangeiro e retira os 50% dos lucros operados pela Petrobras para o financiamento da saúde e da educação.

Além das pautas do governo federal, o ato desta quinta também foi um recado aos tucanos Geraldo Alckmin e Aécio Neves para dizer que os trabalhadores são contra a privatização da Petrobras e do Metrô.

Os 18 de Osasco

Outro ponto lembrado por diversas entidades foram as 18 pessoas assassinadas em Osasco (SP) na madrugada da última sexta-feira (14), gerando um contraponto com a manifestação organizada por setores da direita, que não apenas omitiram este importante e lamentável fato, como pediram a retirada de um trabalhador da manifestação por insistir em ressaltar a chacina em seu protesto.

O povo em peso

Partindo do Largo da Batata e indo em direção à Avenida Paulista, centro financeiro do país, a manifestação de ontem contou com a presença de trabalhadores, estudantes, artistas e chamou muita atenção durante o trajeto por conta de sua extensão.

Em São Paulo, o número estimado de participantes foi: 100 mil para os organizadores; 73 mil para a Polícia Militar; 40 mil segundo a Secretaria de Segurança Pública.

Fora Cunha

Neste último semestre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), se tornou notório pelas denúncias de corrupção e por ser o responsável por colocar em votação diversas pautas prejudiciais ao conjunto dos trabalhadores. “Ele que encarcerar os filhos da classe trabalhadora, por meio da redução da maioridade penal. Ele é o homem que representa o avanço da terceirização no Brasil”, exemplificou Índio.

Na Câmara, o PL 2016/2015, conhecido como Lei Antiterror, criminaliza os movimentos sociais, institui o controle e a aprovação prévia de manifestações.

Houve também críticas ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que vem capitaneando o maior gasto do governo federal em tempos de crise: o pagamento exorbitante de juros aos banqueiros.

Alguns veículos de mídia preferiram caracterizar o ato como uma manifestação “pró-Dilma”, mas não puderam deixar de registrar as reivindicações dos movimentos ali presentes. Outros taxaram o ato de “protesto ambíguo”, buscando imprimir uma contradição entre ser contra a movimentação da direita e criticar a política econômica do governo.

Pelo Brasil

As manifestações desta quinta-feira também aconteceram em muitas outras cidades pelo país. Leia abaixo um breve informe de algumas das principais localidades que foram às ruas:

Bahia

O ato convocado na Bahia agregou diversas cidades, como Salvador, Juazeiro, Itabuna, Vitória da Conquista, Ilhéus, Barreiras entre outras. Como não poderia deixar de ser a maior ocorreu em Salvador, e reuniu entre 8 e 10 mil pessoas – o maior ato em dois anos, desde o grande ato da Avenida Tancredo Neves nos protestos de junho 2013.

Ceará

O ato ocorreu pela manhã em Fortaleza e reuniu os movimentos sociais e sindicatos de trabalhadores. A manifestação ganhou o apoio dos servidores federais do Ceará e os servidores do INSS. O PT e os defensores do governo Dilma realizaram seus protestos à tarde.

Brasília

Em Brasília, houve ato unificado, convocado para a Praça dos Aposentados (CONIC), às 17h, como na maioria das cidades. Milhares de trabalhadores se reuniram em defesa dos direitos, contra o ajuste fiscal, a Agenda Brasil e as ofensivas da direita.

Pará

Também houve ato unitário em Belém e Altamira, com forte participação dos trabalhadores contra a direita e Agenda Brasil.

Leia também: Tomar as ruas por direitos, liberdade e democracia! Contra a direita e o ajuste fiscal!

Confira as fotos da atividade em São Paulo:

No Ceará, trabalhadores vão às ruas contra a direita e o ajuste fiscal

Postado: Intersindical Central da Classe Trabalhadora

Contra a retirada de direitos, por liberdade, pela democracia, contra a direita e o ajuste fiscal o Ceará foi às ruas hoje pela manhã na capital Fortaleza. Servidores municipais organizados no Sindifort e Intersindical – Central da Classe Trabalhadora, juntamente com o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e outras entidades e movimentos tomaram as ruas para reafirmar que não aceitamos a agenda da direita em curso neste período, assim como as retiradas de direitos propostas pelo governo Dilma.

A manifestação se concentrou inicialmente na Praça Clóvis Beviláqua, ao lado da Faculdade de Direito da UFC, saindo em caminhada até a av. Treze de Maio, onde se juntam a servidores e professores em greve no IFCE e UFC.

O Sindifort reafirmou sua insatisfação contra a mudança do regime de celetista para estatutário dos trabalhadores da Emlurb, em defesa do IPM-Saúde, Previdência e das aposentadorias.

Veja as fotos da atividade em Fortaleza:

 

Leia abaixo o manifesto nacional assinado por diversas entidades no Brasil:

Manifesto nacional: Tomar as ruas por direitos, liberdade e democracia! Contra a direita e o ajuste fiscal!

Estaremos nas ruas de todo o país neste 20 de agosto em defesa dos direitos sociais, da liberdade e da democracia, contra a ofensiva da direita e por saídas populares para a crise.

– Contra o ajuste fiscal! Que os ricos paguem pela crise!

A política econômica do governo joga a conta nas costas do povo. Ao invés de atacar direitos trabalhistas, cortar investimentos sociais e aumentar os juros, defendemos que o governo ajuste as contas em cima dos mais ricos, com taxação das grandes fortunas, dividendos e remessas de lucro, além de uma auditoria da dívida pública.

Somos contra o aumento das tarifas de energia, água e outros serviços básicos, que inflacionam o custo de vida dos trabalhadores. Os direitos trabalhistas precisam ser assegurados: defendemos a redução da jornada de trabalho sem redução de salários e a valorização dos aposentados com uma previdência pública, universal e sem progressividade.

– Fora Cunha: Não às pautas conservadoras e ao ataque a direitos!

Eduardo Cunha representa o retrocesso e um ataque à democracia. Transformou a Câmara dos deputados numa Casa da Intolerância e da retirada de direitos. Somos contra a pauta conservadora e antipopular imposta pelo Congresso: terceirização, redução da maioridade penal, contrarreforma política (com medidas como financiamento empresarial de campanha, restrição de participação em debates etc.) e a entrega do pré-sal às empresas estrangeiras. Defendemos uma Petrobrás 100% estatal.

Além disso, estaremos nas ruas em defesa das liberdades: contra o racismo, a intolerância religiosa, o machismo, a LGBTfobia e a criminalização das lutas sociais.

– A saída é pela Esquerda, com o povo na rua, por Reformas Populares!

É preciso enfrentar a estrutura de desigualdades da sociedade brasileira com uma plataforma popular. Diante dos ataques, a saída será pela mobilização nas ruas, defendendo o aprofundamento da democracia e as Reformas necessárias para o Brasil: Reforma Tributária, Urbana, Agrária, Educacional, Democratização das comunicações e Reforma democrática do sistema político para acabar com a corrupção e ampliar a participação popular.