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sábado, 28 de março de 2015

Não à terceirização sem limite

Terceirização

O PL 4.330/2004, que libera a terceirização em todas as atividades empresariais, voltou com toda força à agenda política em 2015, e está preste a ser votado pelo Plenário da Câmara dos Deputados, com grande possibilidade de aprovação, já que o novo Congresso Nacional eleito em 2014 possui um perfil muito mais conservador do que a composição anterior.

Segundo o DIAP, na última eleição houve uma transferência de aproximadamente 60 parlamentares progressistas, dos partidos de esquerda, centro-esquerda e centro, para partidos mais liberais, que defendem a menor intervenção do Estado em proteção do trabalhador. Nesse novo cenário, aumenta o perigo de desregulamentação do trabalho, por meio da disseminação da terceirização.

Desde 1993, a prática da terceirização tem sido disciplinada, no setor privado, pela Súmula n. 331 do TST, que só admite a terceirização em atividade-meio das empresas, desde que inexistente a subordinação e a pessoalidade. O Projeto de Lei n. 4.330/2004 pretende acabar com esses limites à terceirização, incitando sua prática de forma indiscriminada.

Os dados sociais demonstram que a terceirização precariza as condições de trabalho, fragiliza o vínculo de trabalho, dispersa a organização dos trabalhadores, aumenta os níveis de adoecimentos e acidentes de trabalho, e baixa profundamente os níveis de efetividade dos direitos dos trabalhadores, seja no setor público ou privado.

A imposição de limites à terceirização é exigência constitucional, para compatibilizar os ditames da livre iniciativa com a afirmação dos direitos fundamentais dos trabalhadores.

A aprovação do PL 4.330/2004 ensejará a terceirização desmedida e sem responsabilidade social, esvaziando a eficácia dos direitos dos trabalhadores e constituindo, assim, a mais rigorosa reforma flexibilizadora de direitos trabalhistas após à Constituição de 1988.

E por derrogar direitos tão duramente conquistados pela sociedade brasileira, o PL 4.330/2004 deve ser integralmente rejeitado.

É nosso dever dizer NÃO a este Projeto de Lei.

Vamos exortar o nosso Deputado Federal a que diga NÃO ao PL 4.330/2004, verdadeiro atentado à dignidade do trabalhador brasileiro!

segunda-feira, 23 de março de 2015

INTERSINDICAL participa do debate "Direitos Sociais e Ameaça Conservadora no Brasil"

23 de março de 2015
INTERSINDICAL - Central da Classe Trabalhadora


Mais de mil pessoas estiveram na Quadra dos Bancários neste sábado, 21, para acompanhar o debate Direitos Sociais e Ameaça Conservadora no Brasil. A INTERSINDICAL - Central da Classe Trabalhadora esteve presente representada pela Secretária de Defesa do Serviço Público da Central, Bernadete Menezes. Também compuseram a mesa Guilherme Boulos (MTST), Ivan Valente (Deputado Federal pelo PSOL), Frei Betto (Escritor) e André Singer (Cientista Político).

Trabalhadores sem direito ao seguro-desemprego, limitação de acesso ao abono salarial e a privatização das perícias médicas do INSS são algumas alterações instituídas pelo Governo Federal de forma estratégica ao apagar das luzes de 2014 sem debate algum com setores ligados às causas trabalhistas. Na forma das MPs (Medidas Provisórias) 664 e 665 a análise é que essas medidas atinjam negativa e diretamente milhares de trabalhadores e trabalhadoras.

Entre as justificativas apresentadas pelo governo, está o fato de que é necessário fazer este "esforço fiscal" para que se produza superávit primário ao economizar R$ 18 bilhões neste ano. No entanto, de acordo com recente relatório do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), nos últimos anos o governo deixou de arrecadar cerca de R$ 200 bilhões do setor empresarial em benefícios concedidos a estes pelo próprio Governo Federal.

Para além das medidas impostas no fim do ano passado, também está em curso outro ataque de maior intensidade: com grande chance de ser votado no Congresso já no próximo dia 7 de abril o Projeto de Lei (PL) 4330/04 tem o objetivo de ampliar e generalizar a terceirização a todos os setores do trabalho. Ou seja, a precarização do trabalho, que já é uma realidade, pode se intensificar ainda mais. Esta é, sem dúvida, uma das maiores ofensivas que a classe trabalhadora pode ser vítima caso este projeto seja aprovado.

Além dos ataques aos trabalhadores por meio de dispositivos legais, há algum tempo já está se desenhando uma crise política. Essa situação se intensificou após a última eleição presidencial, em que o Partido dos Trabalhadores fez uma campanha com pautas reivindicadas pela esquerda, mas, passada a eleição, voltou a compor com a direita mais radical do país. Daí alguns fatores que motivaram a necessidade do debate do último sábado.

Uma das causas mais apontadas pelos debatedores foi de que o PT deixou de privilegiar suas pautas populares, que constam em documentos originários do partido, para "assegurar sua governabilidade por meio do mercado e do Congresso", como definiu Frei Betto.

Embora nestes últimos doze anos de governo petista o Brasil tenha avançado em diversas demandas de combate à miséria – ao contrário das gestões anteriores –, não houve nenhuma reforma estrutural, como a agrária, a urbana, a tributária ou a política por exemplo.

Berna Menezes iniciou sua exposição fazendo uma retrospectiva dos primeiros anos de formação de uma frente de esquerda e do PT, composta pelos mais diversos setores populares. "Essa frente impediu e atrasou por dez anos a aplicação dos planos neoliberais no Brasil, enquanto no mundo inteiro estes planos estavam sendo aplicados", lembrou. Ela também destacou vitórias importantes obtidas por esta frente, como na Constituinte de 1988 e na luta para barrar o processo de integração do Brasil à ALCA (Área de livre comércio das Américas).

Contudo, essa mesma frente, que também teve participação na ascensão de Lula ao poder, acabou sendo abandonada pelo governo após 2003. "O PT e a maioria do governo decidiram ir por outro rumo: não comprar grandes brigas", afirmou. "E o fato de eles não terem lutado pelo que já se estava acumulando desde os anos 1980, está sendo descontado agora".

Na análise de Berna, no período atual há um descontentamento que já está se capitalizando há muito tempo. "As reivindicações de 2013 não foram atendidas, assim como as pautas de outubro de 2014 também foram deixadas de lado". Segundo ela, em parte, esse clima de descontentamento foi apropriado pela direita nas manifestações ocorridas no último 15 de março, culminando em apoio popular, "apesar de a massa não estar consolidada com a direita", disse ela.

"O maior erro que podemos cometer é achar que o povo está na defensiva e a Intersindical está focada em construir uma frente que, de fato, reúna a esquerda para lutar", recordando as muitas paralisações que estão ocorrendo, mas que estão fragmentadas.

Nesse sentido, ela alertou para duas lutas fundamentais nesse período: a da Reforma do Estado, que está sendo operada por um conselho gestor formado por empresários e ministérios: "nós temos de derrotar essa reforma administrativa, porque ela tem consequências negativas para todo o conjunto do povo por abrir para a iniciativa privada os serviços mais importantes do Estado".

A segunda luta se referiu à votação do PL 4330 que tem sua votação preparada para o próximo dia 7 de abril e tem apoio do atual Presidente da Câmara, Eduardo Cunha. "Ou nós levantamos a cabeça fazendo o debate em todo o país, para acabar com esse Projeto de Lei, ou todos os setores do trabalho, seja de atividades meio ou atividades fim, serão terceirizadas".

O coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos, também concordou que os movimentos de esquerda foram abandonados em lugar de acordos com a elite brasileira. "Não podemos esquecer que tivemos lucros recordes dos bancos. Os banqueiros não tem nada que reclamar desses doze anos. O agronegócio também ganhou como nunca, as grandes empreiteiras se tornaram trustes internacionais".

"Mas, a estratégia petista de conciliação se esgotou", continuou Boulos. De acordo com ele, nesse tempo quem foi capaz de canalizar o esgotamento petista acabou sendo a direita pela oposição. Mas, ainda segundo ele, "a saída da direita é aprofundar o que o governo petista tem de pior, como a política econômica neoliberal e privatista e de ataque aos direitos sociais".

"Há sem dúvida uma onda insatisfação popular no país, e ela tem a ver com o ajuste fiscal e as medidas antipopulares que estão sendo feitas". Segundo ele, essas medidas são suicidas para o governo. "Ou o governo reverte esses ajustes, ou o golpismo pode ter o apoio popular", disse.

Boulos analisou que estes desafios estão colocados para as forças de esquerda e temos, de maneira decidida, formar uma frente para enfrentamento da direita. "Movimentos sociais e sindicais, intelectuais progressistas e partidos de esquerda têm de fazer uma frente clara para não deixar avançar uma ofensiva de intolerância".

Por outro lado, o cientista político André Singer, destacou que é importante fazermos uma análise minuciosa da manifestação do dia 15 de março. Para ele quem está puxando essas manifestações é formado por um grupo à direita, com características golpistas e que está fazendo barulho, mas que não se configura como um grupo majoritário no universo das manifestações. Nesse sentido, lembrou, “temos de ter claro que a democracia é uma conquista da classe trabalhadora".

Para ele, não foram somente as opções do PT que geraram a contradição que vivemos hoje. Singer destacou que o desenrolar da história também contribuiu. "O neoliberalismo também quebrou o movimento sindical, por meio do desemprego. E atualmente estamos num momento diferente, pois o 'lulismo', com todas as suas contradições, gerou uma situação de pleno emprego e, hoje, é essa situação que está dando à classe trabalhadora condição de resistência a esta política que o próprio 'lulismo' está sustentando".

Ivan Valente, Deputado Federal e presidente nacional do PSOL, levantou dois elementos importantes para o esgotamento do modelo atual de governo. Um dos motivos, segundo ele, se deve à conjuntura de crise internacional; outro motivo foi a opção de um modelo econômico pela concessão de crédito: "consumo não gera direitos e consciência", disse.

Para Ivan, não há outra saída senão avançar em demandas que são bandeiras de lutas dos movimentos populares há tempos, como a taxação das grandes fortunas e a regulamentação da mídia. "Há demandas que é de rápida e fácil assimilação pelo povo, como o fim da propriedade cruzada dos meios de comunicação e o fim da posse de concessões por políticos que controlam as redes de TV no Brasil", afirmou.

"Nós temos de centrar na corrupção também, é o nosso papel, mas temos de centrar em um programa unitário de esquerda. Pois são as bandeiras de luta que vão nos unificar", continuou, também sinalizando que a esquerda tem de se unir em uma frente. "Não podemos permitir que os trabalhadores paguem pela crise. Temos de ter um movimento que lute, que seja organizado e esteja articulado com bandeiras que representem avanços para a classe trabalhadora, contra o direitismo, mas pela democracia, por direitos sociais dos trabalhadores e contra o autoritarismo e regressão dos direitos humanos", finalizou.

#DevolveGilmar

Devolva Gilmar

domingo, 22 de março de 2015

A crise hídrica podia ter sido evitada sim

Click aqui para ver o Vídeo:

Crise da água

O Observatório de Gestão Pública do Trabalhador promoveu  um bate papo enriquecedor com pessoas que tratam do assunto por  diferentes vertentes. A conclusão é que a crise hídrica poderia sim, ter sido amenizada ou evitada, se os governantes tivessem feito o dever de casa.  O Deputado Estadual Carlos Giannazi/PSoL mostrou como na maioria da vezes o interesse econômico consegue calar  as demandas da população e ressaltou que o governo de São Paulo foi omisso e relapso sobre a crise hídrica. O presidente do Congeapa, Rafael Moya salientou a importância da participação popular, das pessoas tomarem para si o problema e de não  aceitar o senso comum ventilado pela grande mídia. E por fim, o professor da Unicamp e pós doutor em recursos hídricos, Antonio Carlos Zuffo , mostrou que a ciência está atenta a ciclos que interferem no nosso clima. Claro que as causas de interferência para esses ciclos é que ainda não estão bem definidas porque a humanidade se transforma rapidamente. O que havia nos anos de 1950 não é mais constatado em 2015. Mas salientou que a previsão das secas e enchentes são sempre levantadas e repassadas, mas infelizmente o poder público ignora.

sábado, 21 de março de 2015

Cordão da Mentira

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O Cordão da Mentira desfilará no dia 1º de abril de 2015 sob o tema “Condenadxs da terra”, o qual contempla a crítica dos mais variados coletivos e movimentos sociais atentos às violações dos direitos dos povos que continuam perseguidos pelo Estado brasileiro. Nas ruas, os participantes lembrarão as perseguições, extermínios e violações dos direitos dos povos indígenas, negros, sem-terra, sem-teto, imigrantes, transexuais, trabalhadores e todos os seguimentos da sociedade que até hoje lutam pela garantia das condições de sobrevivência.

O evento terá concentração a partir das 18h no Largo General Osório, em frente ao Memorial da Resistência (antigo prédio do Departamento de Ordem Política e Social -Dops), conhecido centro de tortura e prisão dos indesejados do Estado. A ideia é fazer uma carnavalização crítica, num desfil&scracho composto por apresentações teatrais e batucadas de samba. O evento é aberto para qualquer participante e terá alas compostas por diversos grupos.

No ano em que completa 51 anos do golpe civil-militar de 1964, os organizadores reivindicam a memória das denúncias de tantas décadas em que esses povos são massacrados sem que haja nenhum avanço nas políticas públicas do período democrático. A data escolhida remete ao dia do Golpe e ao dia da mentira, que contempla a forma como são retratados esses povos diante da sociedade, invisíveis para com seus direitos e violentados cotidianamente.  A luta dos povos quer romper com a política violenta orquestrada pelas elites brasileiras.

Cordão da Mentira

Assista aqui o Cordão da Mentira https://vimeo.com/115563882

Evento: Cordão da Mentira

Data: 01/04
Horário: 18h
Concentração:Largo General Osório (em frente ao Memorial da Resistência)

Site: https://cordaodamentira.milharal.org/

Página no Facebook: https://www.facebook.com/cordaodamentira

Para colaborar com o desfile: https://cordaodamentira.milharal.org/2015/03/10/doacao-para-o-cordao-da-mentira/

E-mail para contato: cordaodamentira.2015@gmail.com

sábado, 14 de março de 2015

De guerra civil a bloqueio do Facebook: protestos geram boatos na web

Edgard Matsuki
Do UOL, em Brasília

14/03/201506h00

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Os protestos agendados para este final de semana agitaram não só o meio político, mas também as redes sociais. Em meio à discussão entre críticos e defensores do governo Dilma Rousseff, informações sobre golpe militar, guerra civil, golpe de esquerda e até o fim do Facebook no Brasil circularam na internet. Confira alguns boatos e o que dizem as autoridades sobre eles.

1 – Guerra Civil à vista. Estoque mantimentos!

Um áudio que circula nas redes sociais aponta que a "Inteligência das Forças Armadas" do Brasil está nas ruas e recomenda que as pessoas estoquem mantimentos para a Guerra Civil que deverá ocorrer entre as forças de direita e de esquerda. Primeiro vai ocorrer a intervenção militar de direita e, depois, a de esquerda.

Em uma das versões, uma pessoa se identifica como "ex-soldado Carvalhal e agora sargento Ferreira" e diz que a informação é sigilosa. Porém, no final, diz que a informação "está sendo vazado propositalmente" e pede o compartilhamento.

Em resposta, o Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEx) informou, por meio de nota, que "os áudios veiculados nas mídias sociais não tem origem no Exército Brasileiro".

2 – Lula e Stédile planejam golpe de esquerda

Uma fala do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocando "o exército de João Pedro Stédile e do MST" para os protestos tem sido interpretada como uma tentativa de golpe de esquerda. A declaração de Lula foi dada durante um ato em defesa da Petrobras, no dia 24 de fevereiro. Além de Stédile, tropas venezuelanas também iriam ajudar na guerra.

No evento, Lula disse esperar que os movimentos sociais se mobilizem para defender as conquistas do governo do PT.

3 – Novo golpe militar está à vista

Assim como há pessoas falando em ditadura comunista, também fala-se em golpe militar no dia 15. Até uma suposta foto de exército marchando rumo à Brasília está circulando na web.

Em resposta sobre a possibilidade de um golpe, o Exército informou, por meio de nota, que pauta suas ações conforme o previsto na Constituição Federal. Assim, não cabe à Força Terrestre apresentar juízo de valor em relação aos assuntos políticos da Nação.

4 – Dilma vai confiscar a poupança no dia 18/3

Alguns posts em redes sociais afirmam que, no dia 18 de março, o governo vai confiscar o dinheiro das poupanças. Logo que a informação começou a se espalhar, o Ministério da Fazenda desmentiu a informação.

Não é a primeira vez que isso acontece no ano. A primeira promessa havia acontecido no dia 13 de fevereiro e dizia que o confisco seria no dia 17. Assim como da outra vez, o Ministério da Fazenda fez o desmentido.

5 - Dilma vai tirar o Facebook do ar

Esse boato é velho, mas ganha força sempre quando há instabilidade política no Brasil. Uma rápida busca no Google em com "é verdade que Dilma vai..." é completada com "desativar", "cancelar" e "fechar" o Facebook.

Para o Facebook ser tirado do ar, existiria apenas dois caminhos. O primeiro seria o governo entrar uma ação na Justiça e ela teria que ser julgada procedente. Na página da AGU não há nenhuma referência a qualquer tentativa de processo do governo contra o Facebook.

O segundo passo (e muito mais improvável) seria o governo publicar um MP extinguindo o Facebook. Não só o governo não tem motivações para fazer isso (até porque Dilma e o governo usam a rede social como ferramenta de divulgação de material) como também não há nenhuma Medida Provisória que aponte para isso.

Como não cair em boatos

Seguir alguns passos pode ajudar na hora de identificar se uma notícia é verdadeira ou não. Uma dessas dicas é verificar sempre a fonte da informação. Os boatos normalmente não citam fontes ou, quando muito, relatam fontes anônimas (um amigo, um delegado etc). Vale também ficar de olho na estrutura do texto. Textos falsos na web sempre contam com muitos erros ortográficos, de concordância, letras em caixa alta e tom alarmista.

Os boatos também, normalmente, pedem o compartilhamento da informação (essa é a forma básica de sobrevivência das mentiras). Se você vir isso em uma mensagem, desconfie. Por fim, vale sempre checar a se a informação é verdadeira em sites de notícias (como o UOL).

Afinal, do que se trata? Simples: destituir Dilma e liquidar o PT.

 

O governo cometeu erros, alguns muito graves, não há como negar. Mas surge um sentimento injustificável de ódio. E não é um ódio banal: é ódio de classe.

Eric Nepomuceno

Postado: Carta Maior

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Não há como negar que existe uma concreta e substantiva dose de insatisfação geral, inclusive em parcelas significativas, talvez majoritárias, do eleitorado de Dilma Rousseff. Saber que a verdadeira situação da economía foi camuflada não apenas durante a campanha eleitoral, mas ao longo de todo o ano, é causa de frustração e inquietude. Ver como rápidamente – e da maneira mais torpe possível – foram anunciadas medidas restritivas, que durante a campanha eran imputadas ao adversário, caso alcançasse a vitória, também levou milhões de brasileiros a se sentirem enganados. 
A – digamos – pouca hablidade de Dilma ao armar seu ministério, um dos mais formidáveis desfiles de mediocridades num país que já viu, entre outras bizarrices, Renan Calheiros ser ministro de Justiça, foi a sequência do mal estar.
E então vieram os índices de inflação, que ainda estão longe de ser efetivamente graves e dramáticos, mas são, sim, preocupantes. O passo seguinte, nesse mostruário de pequenos (embora sanáveis) desastres, foi a articulação absolutamente desarticulada entre o governo, o Congresso e os aliados. E, como se tudo isso fosse pouco, continua em curso outro escândalo, graças às denúncias concretas de corrupção, desta vez na Petrobras.
Ou seja: foram oferecidos todos os ingredientes para uma receita de crise política de bom tamanho.
Acontece que o verdadeiro problema é outro. Pela primeira vez desde a retomada da democracia, em 1985 e depois de 21 anos de benefícios para os mesmos grupos econômicos e midiáticos que agora clamam pelo Estado de Direito, surge em pleno esplendor um sentimento que andou bem distanciado do cenário político, e que é o ódio.
Assim de fácil, assim de simples: o ódio. Mais que a fúria de um Carlos Lacerda, que em última instância era um orador brilhante, o que temos é um ódio rasteiro, sem pena nem glória.
E não é um ódio banal: é ódio de classe. Preconceito de classe. As elites e as classes médias tradicionais, que invejam as elites enquanto a elas se submetem, se lançam com fúria desatada não exatamente contra o alvo de seus preconceitos, mas contra seus promotores.
O alvo é essa nova classe ignara e bruta que de repente ocupa aeroportos, gente ralé que viaja em avião usando sandálias de borracha e deixam perfeitamente claro que não sabem como se portar à altura de ambientes seletos como os aeroportos; essa gentalha que compra geladeiras e nos obrigam, digo, nós, brancos, que só soubemos o que é ter fome quando a empregada atrasou o almoço, pois nos obrigam a esperar pela entrega de um novo modelo de tanto que compram; enfim, essa turba que de repente começa a exigir melhor qualidade na educação, na assassina saúde pública, no humilhante transporte público.
A essa gente, o verdadeiro alvo, o desprezo. Aos que promoveram essa gente a ponto de nos perturbar, o ódio.
Da mesma forma que o Brasil soube disfarçar doses colossais daquele preconceito racial que os cínicos mais indecentes negam existir, a questão agora é tentar disfarçar o preconceito de classe. Porque as elites brasileiras que odeiam os pobres e, mais ainda, os que deixaram de ser pobres, se dizem defensoras da justiça social – desde que, claro, seja feita de acordo com seus criterios esdrúxulos. Porque as elites brasileiras exigem, em primeiro lugar e acima de tudo, a preservação de seus privilégios de sempre, agora ameaçados por uma crise econômica provocada, dizem, por governos irresponsáveis e inconsequentes, que gastaram rios de dinheiro para que os miseráveis passasem a ser pobres, e os pobres passassem a integrar a mesma economia de mercado, de consumo, que alimenta esas mesmas elites.  
No fundo, é esse o motor que gera o cenário que vivemos.
O governo é inábil, com certeza. Cometeu erros, alguns muito graves, não há como negar. Há muita culpa no cartório da corrupção, claro.


Mas não é disso que se trata. Do que se trata é de fazer o Estado dismilinguir, retomar o domínio do país. Devolver às margens o que é marginal, aos subúrbios o que é suburbano, ao pé do chão o que se atreveu a andar de avião.
De destituir Dilma, liquidar o PT, enterrar Lula da Silva. Que, claro, cometeram erros e equívocos, mas, acima de tudo, cometeram um pecado capital, imperdoável: levar adiante um projeto de país, e não um projeto de preservação dos beneficios de determinada classe.
E isso, vale repetir, é crime imprescritível. Pecado imperdoável.
Para os porta-vozes e porta-silêncios das elites preconceituosas, Dilma merece o direito de escolha. Os mais educados dizem que não é o caso de impeachment, e oferecem a ela o nobre gesto da renúncia. Os mais desembestados sentenciam que a saída é deixá-la – e a seu governo – sangrar. Os mais energúmenos preferem diretamente destituí-la.
Será que não há uma única alma capaz de convencê-la de que é preciso se defender?  E não apenas se defender, mas defender um projeto de país?
Por que ela, que em seus anos jovens soube resistir a tudo, superar tudo, não dá um passo concreto, não faz um único gesto viável para reagir a uma conspiração baseada no mais vil dos sentimentos, que é o preconceito?

Créditos da foto: Roberto Stuckert Filho / PR

terça-feira, 10 de março de 2015

Osasco: Seminário Macro Região da Educação

Postado: Intersindical Central da Classe Trabalhadora

10 de março de 2014

Faça a sua inscrição no link abaixo descrito!
http://goo.gl/forms/aH2q9KC69x

A Intersindical Central da Classe Trabalhadora " INTEROESTE" convida todos os Educadores a participar do Seminário da Macro Região.

Dias: 24 e 25 de Abril de 2015

Local: UNIFESP - Campus Osasco

Endereço: R. Angélica,100 - Jardim das Flores, Osasco - SP
TEMAS:

Desafios da Educação Nacional / Região Oeste
Plano Nacional de Educação/ Financiamento Público de Educação
Terceirização na Educação/ Pública e Privada PL 4330

Programação:

24 Abertura - Sexta-feira 18:00 hs

Desafios  da Eucação Nacional / Região Oeste

Professora Rose Valentim - Dirigente do Sinpemor.

Representantes dos Sindicatos da Região Oeste Apos, Simpro Osasco, Apeoesp Osasco,  Siproem Barueri e Sinpemor.

25 Sábado - 09h00 ás 13:00 hs

Plano Nacional de Educação/ Financiamento Público de Educação

Ivan Valente - Deputado Federal PSOL SP

Lisete Regina Gomes Arelaro Professora Doutora em Educação - Diretora da Fac. de Educação da USP.

14h00 ás 18:00 hs

Terceirização na Educação/ Pública e Privada PL 4330.

Alexandre Caso – Dirigente dos  Bancários na Luta e  representante da Intersindical no Fórum em Defesa dos Direitos dos Trabalhadores Ameaçados pela Terceirização.

Gisele Kemp - Diretor Vice-Presidente APASE - Sindicato dos Supervisores de Ensino  do Magistério Oficial no Estado de São Paulo.

convocação Seminario da educação
Faça a sua inscrição no link abaixo descrito!
http://goo.gl/forms/aH2q9KC69x

Por: Carlos Roberto kaká

sábado, 7 de março de 2015

Na Grécia, Syriza abre cenário de polêmicas e interrogações

Escrito por Achille Lollo, de Roma para o Correio da Cidadania

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Na Grécia, o entusiasmo da empolgante vitória eleitoral do partido Syriza durou apenas três dias, durante os quais Alexis Tsipras e seu braço direto, Yanis Varoufakis, o novo Ministro das Finanças, continuaram a recitar o copião do populismo eleitoreiro,  repetindo nos palanques a célebre frase “....Nunca nós iremos nos rebaixar aos homens da Troika e nunca mais seus ditames voltarão em Athenas...”.

Durante três anos, isto é, do momento em que a Coalizão de Esquerda “Syriza” se transformou em partido, Alexis Tsipras alimentou sabiamente a esperança na maioria dos gregos que, repetitivamente, votaram nele e nos deputados do Syriza, acreditando nas palavras de ordem das campanhas eleitorais, que eram claras, diretas, tal como o programa que não apresentava dúvidas, concluindo com a celebre frase: “...nunca iremos baixar a cabeça, nunca iremos  aceitar a continuação dos programas de austeridade....”.

Lindas palavras, que fizeram chorar de felicidade os gregos, tanto que, nos dias que antecederam as eleições, o que mais se escutava nas ruas era o jingle da campanha eleitoral do Syriza, “...Afinal chegou a hora de uma mudança…”. Um refrão que as rádios haviam transformado em um segundo hino nacional e que recebeu a solidariedade dos partidos da esquerda do mundo inteiro.

Syriza bicéfalo?

Hoje, devemos reconhecer que o marketing eleitoral do Syriza foi mais que ótimo. Em particular, a performance do seu líder, Alexis Tsipras, foi nota dez, do momento que soube persuadir a maioria dos gregos de que o novo governo iria batalhar intensamente em Bruxelas, na mesa de negociações, para dobrar os tecnocratas da BCE.

Excluindo poucos comentaristas – entre os quais o próprio –, todos acreditaram nas promessas de Tsipras, inclusive porque o New York Times, uma semana antes das eleições, sentenciou: “…Alexis Tsipras é o Hugo Chávez helênico, capaz de tirar a Grécia da União Europeia e romper com o Euro...”.

Um equívoco político gigantesco, que a “grande mídia” criou propositalmente, para fazer explodir o sentimento de alarmismo já existente nos países da União Europeia, à causa das ameaças dos jihadistas do IS, do caos na Líbia e da guerra na Ucrânia. Um equívoco no qual tropeçou todo mundo, de Atílio Boron a Noam Chomsky, de Tony Negri a Naomi Klein.

Mas foi na Itália que esse equívoco atingiu o nível máximo, porque, nesse país, Paolo Ferrero, líder do PRC (Partido para a Refundação Comunista), já nas eleições europeias de maio de 2014, havia tentado a carta do marketing eleitoral do Syriza, trocando o nome e o emblema do PRC para o slogan “Lista Tsipras”. Uma opção que provocou a perda de quase 3% de sufrágios, do momento que nem todos os eleitores da esquerda sabiam quem era Alexis Tsipras e porque o partido havia renunciado a sua identidade comunista!

Porém, apesar do deslavado resultado eleitoral, na esquerda italiana continuou forte a convicção de que o Syriza era “a essência da nova esquerda do século XXI”, tanto que Nick Vendola, líder do SEL (Socialismo Ecologia e Liberdade) - uma espécie de PSOL, mas muito mais parlamentar e reformista -, logo após a vitória eleitoral de Syriza, declarou: “...Alexis Tsipras, líder de Syriza, entende libertar os grupos da esquerda das aréolas da ortodoxia e dos vestígios do extremismo. De fato, ontem, Tsipras esteve com o presidente do Parlamento Europeu e do PSE (Partido Socialista Europeu), Martin Schultz, depois deverá se encontrar com Matteo Renzi, e isso significa que ele quer fazer política.... Depois da afirmação do Syriza, acredito que precisamos olhar com muita atenção o que vai acontecer nas famílias da esquerda política europeia, visto que os partidos ortodoxos, ou seja, os partidinhos comunistas, podem abandonar o GUE/NGL (grupo parlamentar da esquerda europeia), tal como fizeram os dois deputados europeus do KKE em junho do ano passado...”.

Declarações de mero oportunismo político, que pretendem mascarar e, sobretudo, esconder aos militantes da esquerda o conúbio no Parlamento Europeu com os deputados europeus da socialdemocracia alemã. Um casamento ilícito, que provocou a saída do KKE (Partido Comunista da Grécia) do GUE/NGL (Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica), porque, segundo o secretário do KKE, Dimitris  Koutsoumpas: “...o novo posicionamento político e a pressão hegemônica do Syriza e dos alemães do Die Linke (partido “A Esquerda”) no âmbito do GUE, em favor de  um maior relacionamento com os  socialdemocratas do PSE (Partido do Socialismo Europeu), na realidade acabou por desnaturar a natureza política confederativa do GUE que, originariamente, visava preservar a identidade da esquerda europeia...”.

Alinhamento com a socialdemocracia?

Em Bruxelas, as negociações entre o Syriza, o BCE e a União Europeia duraram dez dias. Alexis Tsipras e Yanis Varoufakis foram os únicos representantes do Syriza, visto que, na delegação do governo grego, não havia nenhum membro da chamada “Plataforma de Esquerda”, a minoria de esquerda do Syriza. Por sua parte, a Troika era representada por Jeroen Dijsselbloem, presidente do Euro-grupo, Wolfang Scauble, ministro das Finanças da Alemanha, e Mario Draghi, presidente do BCE, todos em contato direto com a presidente do FMI, Christine Lagarde, e o primeiro-ministro da Alemanha, Ângela Merkel.

Foi nessa fase que a verdadeira essência política e ideológica dos antigos “eurocomunistas” gregos, Alexis Tsipras e Yanis Varoufakis, se manifestou claramente. Aliás, foi com base à lógica de um pretenso “compromisso histórico em moldes europeu” que Alexis Tsipras e Yanis Varoufakis assinaram um acordo que, por um lado, é a negação do Programa de Salonico de 14 de Setembro de 2014 e, por outro, é uma reedição melhorada do antigo Memorando que o governo de Samaras assinou com a Troika (FMI, EU e BCE) em julho de 2012.

A imprensa europeia e, em particular, os jornais e as televisões da Alemanha exaltaram “o realismo político de Alexis Tsipras”, para poder estraçalhar até o fim as temáticas da esquerda do Syryza (Plataforma de Esquerda e Tendência Comunista).

Entretanto, é necessário sublinhar que o verdadeiro objetivo estratégico dos tecnocratas da União Europeia era manter a Grécia atrelada ao Euro, estritamente monitorada com os programas de austeridade da BCE. Desta forma, era evidente que o novo governo grego perderia toda sua vitalidade política, deixando de ser um reiterado exemplo de resistência na Europa. Consequentemente, o “realismo político” de Alexis Tsipras e Yanis Varoufakis possibilitaria evitar hipotéticas fraturas no Euro-grupo, visto que o alinhamento do Syriza com as posições conciliadoras da socialdemocracia alemã abafaria as contradições políticas na Espanha, em Portugal, na Itália e na própria França.

De fato, é necessário lembrar que, nesses países, o desemprego e a espiral recessiva chegaram aos níveis máximos à causa dos programas de austeridade e das regras financeiras europeias fixadas aos 12 de março de 2012, com o Tratado Europeu sobre Estabilidade, Coordenação e Governança. Regras que, no lugar de ajudar, deprimiram ainda mais as economias da Itália, Espanha, Portugal e França, com a introdução do Fiscal Compact e a obrigação de manter a relação entre déficit orçamentário e PIB em no máximo 3%.

Na realidade, o cerne da situação grega é de natureza política, visto que o argumento do reescalonamento da dívida ou o agendamento de novos empréstimos para realizar intervenções de caráter meramente assistenciais são elementos técnicos que podem ser enquadrados, a qualquer hora, nos diferentes programas “Salva-Estados”, que o BCE guarda nos seus cofres como uma mera reserva financeira de última hora.  Portanto, o elemento político determinante da questão grega era impedir que o Syriza radicalizasse o programa político de esquerda para a salvação da nação grega e que o apoio popular recebido por sua contraposição aos ditados de Ângela Merkel e de Christine Lagarde não se tornasse um exemplo vitorioso, sobretudo na Espanha e na Itália, onde existem forças políticas em ascensão que apostam na possibilidade de construir uma real alternativa ao fiscal compact da União Europeia  e à lógica neoliberal dos conglomerados financeiros alemães e franceses.

Um contexto que também evidenciou a ausência de uma base ideológica e de um preparo político por parte do grupo majoritário do Syriza – politicamente chefiado por Alexis Tsipras e Yanis Varoufakis -, necessários para sustentar o confronto político com os tecnocratas da União Europeia e, também, com a primeira-ministra da Alemanha, Ângela Merkel, cujo governo é sustentado pelos socialdemocratas com a chamada “Grande Coalizão”.

Elementos que ficaram evidentes quando Alexis Tsipras convocou ao governo o partido da direita nacionalista ANEL, para depois empossar na presidência da República Procopios Pavlopoulos (historicamente ligado ao partido de direita Nova Democracia), no lugar de Manolis Glezos, herói da resistência ao nazi-fascismo e atual deputado europeu do Syriza.

Todas essas opções prognosticavam o alinhamento com as posições conciliadoras da socialdemocracia alemã; de fato não foi por mera simpatia que o socialdemocrata Martin Schultz, presidente do Parlamento Europeu e do PSE, dois dias depois da vitória eleitoral do Syriza, já estava em Athenas para se reunir com Alexis Tsipras e Yanis Varoufakis!

Por dentro do Syriza

O ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, porta-voz da ala mais conservadora da CDU, após o enquadramento do governo grego, com ar de vencedor, declarou  ...os parlamentares do Bundestang, em larga maioria, ratificaram o acordo entre a União Europeia e o novo governo da Grécia, configurando a extensão da ajuda financeira por mais quatro meses, sendo que a mesma será condicionada com a realização das reformas econômicas que o governo grego se comprometeu em realizar. Por isso, o montante de 11 bilhões de euros não ficará no National Bank of Grece, mas nos cofres do Fundo Europeu (EFSF) gerenciado pelo Banco Central Europeu...”.

É evidente que um acordo desse tipo desmascarou por completo as contradições entre a estratégia política do Syriza,  adversa aos programas de austeridade da Troika e ao progressivo endividamento de quase 153 bilhões de Euros, em grande parte utilizados para saldar as dívidas com os bancos europeus (alemães, franceses e italianos) e para o refinanciamento dos bancos gregos, e o marketing eleitoral de Alexis Tsipras, que, no último comício realizado em Athenas, aos 25 de janeiro, diante de quase cem mil pessoas,  disse:  “... Depois de ter ganho essas eleições, o pessoal da Troika nunca mais pisará o chão de Athenas!!!”.

Se Alexis Tsipras e seu braço direito, Yanis Varoufakis, tivessem logo declarado que nunca iriam romper com o Euro-grupo, mas que pretendiam, apenas, melhorar as duras condições do endividamento, realizando os programas de privatização identificados pelos técnicos do FMI, certamente muitos eleitores teriam votado nos comunistas do KKE, que sempre se manifestaram contra a União Europeia e a OTAN.  Por outro lado, se Alexis Tsipras tivesse revelado que o aumento do salário mínimo de 450 para 750 euros não seria imediato, mas gradual e, talvez, a partir de setembro de 2015, em base ao conjunto dos novos recursos financeiros, é evidente que o Syriza nunca teria ganho as eleições, e talvez nunca existiria como Partido da Esquerda Radical.

Uma consideração que reflete a análise sobre o complexo processo de transformação do Syriza em partido. De fato, em 2004, a coalizão de movimentos Synaspismós foi transformada em partido, com um programa de esquerda totalmente diferente da lógica social-democrática do PSE (Partido da Esquerda Europeia), de que, hoje, Alexis Tsipras e seu braço direito, Yanis Varoufakis, são ferventes discípulos.

Um contexto que o acadêmico marxista esloveno, Slavoj Zizek, enfocou perfeitamente em outubro de 2013 no Subversive Festival de Zagabria, sublinhando: “...a situação da Grécia e, portanto, o surgimento do Syriza nos obriga a questionar as chamadas alianças inteligentes, do momento que deveremos viver ainda várias décadas no capitalismo, isto é, com a chamada burguesia progressista ou patriótica que, de fato, tem interesse em produzir....Hoje, no capitalismo, há coisas que funcionam, como, por exemplo, a competição. Por isso o Syriza, atuando no âmbito da redistribuição global da economia, deveria tornar a vida mais simples para os capitalistas que produzem. Este seria o verdadeiro triunfo do Syriza, no sentido de que, além de apoiar os trabalhadores, seria capaz de resolver os problemas dos capitalistas. Aliás, acredito que, hoje, um capitalista honesto deveria votar para o Syriza!!!”.

Um argumento que não escapou a Paolo Ferrero, líder do PRC italiano (Rifondazione Comunista) e fiel discípulo de Fausto Bertinotti, teórico do socialismo democrático, mas também adjetivado “ ... o fomentador do anticomunismo do século XXI...”. Desde 2014, Ferrero utiliza o exemplo das vitórias eleitorais do Syriza para reformular ideologicamente o PRC italiano, com vista  a lhe tirar o “estigma de comunista” e, assim, poder abocanhar consensos no eleitorado e voltar no Parlamento.

De fato, para os órfãos do “compromisso histórico” do PCI de Berlinguer, as vitórias eleitorais e o crescimento político do Syriza se tornaram o elemento fundamental para impor o chamado “socialismo democrático”, que é uma mera forma de convivência pacífica com o capitalismo. Um contexto que, hoje, após a assinatura do acordo com a União Europeia, os grupos majoritários que controlam o partido Syriza,  os eurocomunistas do grupo AKOA, os socialdemocratas e os ambientalistas do Synaspismós e os nacionalistas de esquerda (DIKKI), não escondem mais.

Entretanto, o pretenso “controle político” do Comitê Central do Syriza e, portanto, o “controle social das massas” podem fugir das mãos de Alexis Tsipras e Yanis Varoufakis, do momento em que os grupos minoritários de esquerda se rebelaram na última reunião do Comitê Central do Syriza, quando 5 deputados não votaram o acordo que Alexis Tsipras e Yanis Varoufakis assinaram com a União Europeia, e outros 30 se recusaram a votar. Enquanto isso, as pequenas organizações da esquerda associadas ao Syriza, nomeadamente os trotskistas de Xekinima, Κόκκινο e DEA, os maoístas do KOE, os revolucionário do KEDA, os grupos feministas, os ambientalistas e os eco-socialistas, já iniciaram protestos publicamente contra a assinatura do acordo com a União Europeia.

Consequentemente, o complexo sistema de alianças e de compromissos políticos que rege o partido Syriza começou a vacilar, quando Statis Kuvelakis, um dos teóricos do partido, Dimitris Stratouli, ministro do Bem  Estar Social,  Panaghiotis Lafazanis, ministro do Desenvolvimento Econômico, Ambiental e da Energia, a presidente da Câmara dos Deputados, Zoe Konstantopoulou, e o mítico Manolis Glezos, herói nacional da resistência  ao nazi-fascismo e hoje deputado europeu, manifestaram seu aberto dissenso com Alexis Tsipras, reforçando, assim, o grupo de opositores de esquerda, reunidos na chamada “Plataforma de Esquerda”. Aliás, Manolis Glezos fez mais, ao publicar um editorial onde, textualmente, escreveu “ ...Peço desculpa aos gregos por ter apostado em uma ilusão. Eu me dissocio das opções econômicas assumidas pelo novo chefe do governo, Alexis Tsipras, visto que tentaram usar uma nova terminologia para melhorar o Memorando da Troika, sem que isso possa mudar em nada a situação da Grécia...É um mês que esperamos implementar o que está escrito no nosso programa e que prometemos realizar. Por isso peço desculpa ao povo grego por ter participado dessa ilusão!!!”.

É evidente que esse contexto vai transformar o Syriza em um grande caldeirão de ideias, reivindicações, cooptações, alianças, programas de lutas, e que, certamente, deverá estourar daqui a quatro meses, quando a Comissão da União Europeia,  o BCE e o governo alemão devem averiguar a realização dos programas de austeridade e o cumprimento das “reformas”,  com as quais o governo deverá reduzir o emprego, privatizar por completo o sistema portuário do Pireo e todas as empresas públicas, em particular as que distribuem a eletricidade e a água.

Um período que será extremamente positivo para o KKE (Partido Comunista Greco) e a confederação sindical PAME, que hoje são os verdadeiros opositores, ideológicos e políticos, ao governo de Alex Tsipras.

Por isso, o secretário do KKE, Dimitris Koutsoumpas, declarou: “…O que podemos esperar de um governo que legitima uma dívida que não foi criada para beneficiar o povo, mas apenas os bancos? Podemos contar com um governo que reduz seu orçamento para encontrar dinheiro para os grupos empresariais e que não se preocupou de impedir a fuga de 20 bilhões de euros dos bancos da Grécia? Por qual motivo deveríamos apoiar um governo que, com muita fadiga, vai conseguir poder garantir uma estável permanência na União Europeia, mantendo inalteradas todas as condições que destruíram a economia da Grécia? As poucas coisas feitas em favor do povo, tais como os cupons para dar um prato de sopa aos mais pobres, por exemplo, perdem seu valor humanitário diante das garantias que Alexis Tsipras deu à União Europeia, aos banqueiros, aos operadores da City e, sobretudo, à Confederação dos Empresários Gregos. Afinal, o que podemos esperar de um governo que se diz de esquerda, mas, na realidade, deixou inalterado o poderio dos grandes empresários gregos e das multinacionais?”.

Achille Lollo é jornalista italiano, correspondente do Brasil de Fato na Itália, editor do programa TV “Quadrante Informativo” e colunista do "Correio da Cidadania

segunda-feira, 2 de março de 2015

ASSISTA VÍDEO: Cubano visita Intersindical e fala sobre abertura Cuba x Estados Unidos

Intersindical

O cubano Ramon Cardona (ao microfone, na foto), secretário da Federação Sindical Mundial (FSM) , participou da abertura da reunião da direção nacional da Intersindical – Central da Classe Trabalhadora, que ocorre de 27 a 29 de fevereiro no Centro de Formação e Lazer (Cefol) da Regional Campinas do Sindicato Químicos Unificados. Nos dias 24 e 25 ele também participou de atividades na Regional Campinas do Sindicato Químicos Unificados e no Sindicato dos Bancários de Santos, ambos filiados à Intersindical.

FSM é a mais antiga do mundo

A FSM foi fundada em Paris, em 1945. É a organização sindical internacional mais antiga e fundadora da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Ela segue a linha do movimento classista e luta contra o capital e o imperialismo, por uma sociedade sem exploração do homem pelo homem. Tem representantes na Organização as Nações Unidas (ONU), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco),  Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura

(FAO)  e Organização Internacional do Trabalho (OIT). Atualmente a FSM tem cerca de 80 milhões de membros, em 120 países.

Soberania, direitos, e bloqueio

dos Estados Unidos a Cuba

 Intersindical e Ramon Cardona

Dirigentes da Intersindical assistem palestra do cubano Ramon Cardona

“Precisamos defender a soberania e a economia de nossos países, com a integração dos trabalhadores contra os ataques capitalistas”, diz Cardona.

Sobre o bloqueio dos Estados Unidos a Cuba, que durou 53 anos, Cardona fez questão de frisar que se trata de “genocídio”. E analisa: “A vontade de negociar dos norte-americanos é bem-vinda. Porém, o que se está fazendo é mudando a tática, mas mantendo a estratégia. A estratégia continua sendo destruir a soberania e a liberdade conquistada pelo povo cubano após a revolução socialista.”

“Os ianques (norte-americanos), para dizer que o bloqueio acabou, facilitaram a entrada de produtos cubanos, mas apenas aqueles que foram produzidos por setores privados. No entanto, os produtos produzidos pelo estado cubano estão proibidos, com objetivo de incentivar a privatização e destruir o Estado Socialista de dentro para fora.

A abertura das relações diplomáticas é outra tática para estar dentro de Cuba e tentar minar a soberania. Porém o povo cubano está preparado para enfrentar essa manipulação”, encerra Cardona.

Fonte: Sindicato dos Bancários de Santos


Entrevista de Cardona à TV Movimento


Após a palestra que realizou na Regional de Campinas do Sindicato Químicos Unificados, Ramon Cardona deu uma entrevista para a TV Movimento .

Ramon Cardona

SIGA ESTE ENDEREÇO – ou na imagem acima – para assistir a entrevista.

Dia Mundial de Combate à LER/DORT

O cubano Cardona também fez uma visita ao Espaço de Saúde e Meio Ambiente do Trabalhador, em Campinas, durante a realização de atividades pela passagem do 28 de Fevereiro – Dia Internacional de Combate à LER/DORT.

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Cardona, dirigente da Federação Sindical Mundial, na atividade pelo Dia Internacional de Luta Contra a LER/DORT, na Regional Campinas do Unificados

SIGA ESTE ENDEREÇO – ou na imagem acima – para ler sobre a atividade, sobre LER/DORT, como prevenir, se cuidar e denunciar condições de risco em seu local de trabalho.

Para Cardona, a defesa da saúde do trabalhador e a luta constante por condições seguras no local de trabalho deve ser prioridade e não se deve nunca abrir mão dela.

domingo, 1 de março de 2015

Estourou o cano: mais de 10 mil pessoas tomam as ruas contra falta d'água em SP

Ivan Longo, da Spressosp

Postado: Carta Maior

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Nota da redação: em negociação após o ato, o governo do Estado assumiu quatro compromissos com o movimento. São eles: reeditação do decreto do Comitê de Crise, até então restrito ao governador e prefeitos, para incluir movimentos sociais como o MTST;
compromisso em formar uma comissão para identificar os locais que tem falta d’água crônica;
distribuição de caixas d’água nas periferias da Grande São Paulo;
reunião com Paulo Massato, diretor metropolitano da Sabesp, para discutir a operacionalização da distribuição de cisternas, construção de poços artesianos e envio de caminhões pipas para as regiões mais necessitadas;
compromisso em avaliar os contratos de demanda firme estabelecido com grandes gastadores e apresentar uma resposta até a próxima semana

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Índios fazendo a dança da chuva, caminhão-pipa, Alckmin na banheira, 10 mil pessoas e movimento social na sede do governo: assim aconteceu a Marcha pela Água, convocada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). Uma maré vermelha invadiu as ruas da zona sul da capital na noite desta quinta-feira (26) protestando contra o que entendem ser negligência do governo em não tomar medidas para conter a crise hídrica que assola o estado, principalmente as periferias.
“Exigimos que o governo minimize o impacto do racionamento que existe – apesar de ele sempre negar – nas periferias. Nós temos creches fechando as portas, escolas suspendendo as aulas, hospitais adiando cirurgias. A periferia está sendo agredida”, afirmou Jussara Basso, coordenadora estadual do MTST. “Sabemos que grandes empresas têm ganhando descontos na conta de água. Não por economia, mas por gasto. Enquanto isso, na periferia, quanto mais for gasto, mais se paga”, completou.
Com representantes dos Trabalhadores, da União Nacional dos Estudantes (Une) e de diversas outras entidades e lideranças políticas, como a ex-candidata à presidência Luciana Genro (Psol), a manifestação seguiu, em um percurso de duas horas, do Largo da Batata, na zona oeste, até o Palácio dos Bandeirantes, na zona sul.
O foco principal das críticas dos manifestantes - a maior parte deles militantes do movimento e moradores da periferia – foi, naturalmente, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que insiste em minimizar um claro racionamento que faz milhares dessas pessoas ficarem sem água por dias.
“O foco é ele [Alckmin], o responsável pela Sabesp, pela gestão hídrica e pela crise”, disse o coordenador nacional do movimento, Guilherme Boulos, que garantiu ainda que a ideia é ocupar as ruas até que suas demandas sejam atendidas.
“Em primeiro lugar, nós queremos um plano emergencial para minimizar o impacto desse racionamento que já ocorre nas periferias. Instalar caixa d’água, cisternas e poços artesianos. Além disso, é necessário ter maior transparência do governo e participação popular no comitê de gestão da crise. O movimento exige ainda o fim imediato dos contratos de demanda firme e nenhum reajuste na tarifa, isso é um absurdo”, explicou.
Ao som do funk “Não vai faltar água”, em que a voz do governador dizendo que não iria faltar água em São Paulo é mixada à um “batidão”, a manifestação chegou ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, onde lideranças do movimento conseguiram entrar e serem recebidas por Edson Aparecido, chefe da Casa Civil.
A Polícia Militar, por sua vez, não mobilizou grande contingente e o ato foi, durante todo o trajeto, pacífico.

Créditos da foto: Marlene Bergamo/Conta d'Água