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segunda-feira, 31 de março de 2014

Trabalhadores (as) fundam a Intersindical

Por Químicos Unificados

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A Intersindical – Central da Classe Trabalhadora foi oficialmente fundada ontem (30 de março), na quadra dos Bancários, em São Paulo, ao final do congresso que contou com ampla participação de trabalhadoras e trabalhadores de diferentes setores, totalizando 550 pessoas, sendo 353 delegados de 64 sindicatos do campo e da cidade, 54 oposições sindicais, 48 minorias sindicais, 12 movimentos de luta pela terra, moradia e serviços públicos de 19 estados brasileiros de todas as regiões do país. Após debates de conjuntura, concepção sindical e discussões em 12 grupos setoriais, realizados nos dias 28 e 29 de março, os delegados aprovaram por unanimidade o estatuto e fundaram a central.

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Por unanimidade, foram eleitos os 39 membros que compõem a direção nacional, sendo 19 companheiros (as) da direção executiva. Também foram eleitos os 06 representantes para o conselho fiscal (03 titulares e 03 suplentes) da central.

A Intersindical nasce rompendo com velha estrutura sindical, sendo contra o imposto sindical e dispensando estrutura de direção presidencialista. Ela será coordenada por um colegiado e seu dia a dia por um secretariado, através de secretarias. Edson Carneiro, bancário de São Paulo, será o secretário geral para os próximos dois anos.

A composição da direção contempla representações de trabalhadores e trabalhadoras de diferentes estados e ramos de atividades. Do Sindicato Químicos Unificados foram eleitos o companheiro Edinho, da Regional Vinhedo, como titular do conselho fiscal da central, a dirigente da Regional Osasco, Nilza Pereira, para a direção executiva e Arlei Medeiros, da Regional Campinas, como secretário de finanças da central.

O congresso é a instância máxima de deliberação da central e deve ocorrer a cada três anos, quando também haverá a eleição da nova direção. No entanto, o mandato desta primeira direção será de dois anos. Esta proposta foi aprovada pelos (as) delegados (as) já prevendo que a Intersindical ampliará o número de entidades filiadas. Assim, em 2016 o 1º Congresso elegerá companheiros que cumprirão mandato por três anos.

Forma de organização

A Intersindical – Central da Classe Trabalhadora conta com 13 secretarias: geral, finanças, combate à opressão, trabalhadores do campo, estudos socioeconômicos, saúde e meio ambiente, trabalhadores dos serviços públicos, política sindical, formação política, comunicação, relações internacionais, juventude trabalhadora e articulação de políticas setoriais.

A central se organizará por instâncias estaduais. Também foi aprovada resolução que garante o percentual de 30% de representação por gênero nos sindicatos filiados à central e no próximo congresso tem a indicação para seja alcançada a paridade. A proposta foi resultado do acúmulo de discussões do setorial da mulher trabalhadora, que indicou também a necessidade de uma campanha permanente por parte da Intersindical para o combate à violência contra as mulheres.

Pela transformação social

Os delegados aprovaram resoluções que guiarão a central no próximo período, todas pautadas no fortalecimento da concepção e prática unitária, democrática e internacionalista, construída a partir dos locais de trabalho com autonomia e independência política.

Como central que combate o capitalismo e todas as formas de opressão, ela combina a luta pelas reivindicações imediatas da classe trabalhadora (melhores condições de salários, trabalho e vida) à transformação social, por uma sociedade democrática, fraterna, igualitária, livre e socialista. Por este motivo, a central caminha junto com os movimentos sociais e tem em sua direção representação deste segmento.

Com princípios claros quanto a liberdade e autonomia sindical, a Intersindical será sustentada financeiramente pelas contribuições financeiras das entidades filiadas. Não fará, portanto, uso do imposto sindical, como fazem outras centrais dependentes e controladas pelo Estado.

Outra  resolução do congresso é que a Intersindical – Central da Classe Trabalhadora não apoiará nenhuma candidatura nas próximas eleições. Como central independente de partidos, irá preparar uma plataforma de reivindicações da classe trabalhadora a ser entregue aos candidatos.

Fundação da Intersindical - 30 de março de 2014

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terça-feira, 25 de março de 2014

‘Se a direita pode ir à rua com sua bandeira suja, temos muito mais gente que apoia as liberdades’

ESCRITO POR GABRIEL BRITO E PAULO SILVA JUNIOR, DA REDAÇÃO

CORREIO DACIDADANIA

250xNx210314_marcha.jpg.pagespeed.ic.GhiBMFR2OYPouco afeito a exercícios de memória histórica, o Brasil vive dias de inevitável reencontro com o passado. Às vésperas de se completarem os 50 anos do golpe militar que tirou João Goulart da presidência da República e instalou 21 anos de terrorismo de Estado, ainda vivo em nosso cotidiano, movimentações à esquerda e à direita se insinuam. Resta conferir quais delas, de fato, pautarão as ruas.

“Eu não vejo clima para golpe, como alguma parte da direita tenta aventar. Fazem isso de graça, por pura provocação. É uma afronta à memória das vítimas da ditadura militar, às vítimas dos desaparecimentos e das torturas. É uma afronta à memória do povo brasileiro, uma vergonha. Por isso organizamos a Marcha Antifascista, para mostrar que, enquanto existe gente que comemora tortura e morte, tem gente que é contra”, disse “Strife” (codinome), em entrevista ao Correio da Cidadania.

Dessa forma, o entrevistado, que falou em nome do coletivo organizador da marcha, desmistifica as ameaças da direita, que a seu ver se resumem à internet e representam apenas o rancor de classe. Em sua opinião, a transição democrática brasileira registra avanços, como a Comissão da Verdade, mas ainda carece de um governo “claramente de esquerda, dos trabalhadores para os trabalhadores”.

“O doutrinamento da polícia militar parece que pouco mudou, ou nada mudou. Esse é o resquício mais forte da ditadura que temos hoje. Alguns preceitos morais da sociedade também mostram o forte doutrinamento feito pela ditadura em sua época. Temos resquícios e temos de trabalhar para nos livrarmos deles”, completa, ao analisar nosso legado histórico do regime da caserna.

A Marcha Antifascista será realizada neste sábado, 22 de março, a partir das 15:00, e em São Paulo caminhará pelo centro, com destino final nas portas do velho DOPS. A entrevista, realizada com a webrádio Central 3, pode ser lida a seguir.

Correio da Cidadania: Como se deu a organização da Marcha Antifascista deste dia 22 de março? Quem são os organizadores e seus respectivos grupos políticos?

Marcha Antifascista: Não estamos identificados com nenhum grupo político. Eles estão presentes, mas apenas como participantes, independentemente dos grupos. E são dos mais diversos. Desde movimentos sociais até partidos de esquerda. A organização do ato é independente e disponibilizamos panfletos para ajudar na divulgação. É algo de povo e com a ajuda do povo.

Correio da Cidadania: Acredita que as movimentações anunciadas por setores de direita, principalmente nas redes, são ameaças reais, que encontrarão eco nas ruas e instituições?

Marcha Antifascista: Eu não vejo clima para golpe, como alguma parte da direita tenta aventar. Fazem isso de graça, por pura provocação. É uma afronta à memória das vítimas da ditadura militar, às vítimas dos desaparecimentos e das torturas. É uma afronta à memória do povo brasileiro, uma vergonha. Por isso organizamos a Marcha Antifascista, para mostrar que, enquanto existe gente que comemora tortura e morte, tem gente que é contra.

Não pregamos o confronto direto. Queremos fazer o contraponto. Se eles podem ir à rua com essa sua bandeira suja e imunda, temos muito mais gente que apoia as liberdades, a democracia e os direitos.

Correio da Cidadania: Como você avalia a democracia brasileira após mais de 20 anos de regime militar, a nossa chamada “transição democrática”?

Marcha Antifascista: Os primeiros governos eleitos adotaram políticas neoliberais. Elas avançaram no governo de Fernando Collor e foram intensificadas no governo Fernando Henrique Cardoso. O Itamar fazia uma crítica bem posicionada a ele, tanto que se recusou a apoiar FHC. Depois, Lula e Dilma se propuseram a fazer um governo de esquerda. Mas vimos não ser possível, pois me parece que o partido deles abandonou essa luta e se afastou da causa.

Queremos ver o povo na rua pra mostrar que não queremos um governo que namora as elites. Queremos um governo claramente de esquerda, social, do povo, livre para todos. Um governo dos trabalhadores para os trabalhadores.

Correio da Cidadania: Em tempos em que já temos uma razoável historiografia a respeito das mentiras que alimentaram o golpe e no momento em que também passamos por uma Comissão Nacional da Verdade, você acredita mesmo que haja espaço concreto para uma tentativa golpista?

Marcha Antifascista: A direita existe só em um lugar: na internet. Só lá que vemos eles agindo, propondo, mostrando a cara. Porque, quando marcam ato de rua, vemos 20, 50 pessoas, no máximo. É uma elite acomodada, que tem raiva de ver o filho da empregada na mesma sala do seu filho na faculdade. Raiva de ver o filho da empregada sendo chefe de seu filho. É uma elite rançosa, preconceituosa. E se mostra apenas na internet, por ser acomodada, porque acha que lá pode atuar. Mas só o faz nos espaços dela. E nós da esquerda fazemos o contraponto. Se for por eles, ficam somente ali.

O estabelecimento da Comissão da Verdade foi um grande avanço, joga uma luz sobre os porões da ditadura, mas não é suficiente. A revisão da Lei de Anistia tem de ser feita urgentemente. O Brasil é um dos únicos países da América Latina que não prendeu torturador, não investiga as obras feitas no governo militar... É um retrocesso, e ainda é uma vergonha, pois tem gente querendo fazer a roda da história girar para trás, ver a vergonha e a morte novamente.

Correio da Cidadania: Você vê um legado ainda forte da ditadura, tanto nos aparatos institucionais como na relação com a população?

Marcha Antifascista: Não digo forte. Mas ainda existe, presente no dia a dia. O doutrinamento da polícia militar parece que pouco mudou, ou nada mudou. Esse é o resquício mais forte da ditadura que temos hoje. Alguns preceitos morais da sociedade também mostram o forte doutrinamento feito pela ditadura em sua época. Temos resquícios e temos de trabalhar para nos livrarmos deles.

Correio da Cidadania: Do ponto de vista dos movimentos que têm ido às ruas, como acha que será marcado esse ano político de 2014, com a Copa do Mundo cercada de polêmicas e contestações, tentativas parlamentares de aprovar legislações punitivas mais duras e um processo eleitoral logo a seguir?

Marcha Antifascista: Vejo os movimentos contra a Copa como legítimos. Temos de questionar a forma como foi executada e promovida a Copa, porém, algumas reivindicações vieram tarde demais. O gasto do dinheiro público deveria ter sido contestado quando o Brasil foi escolhido. Agora que os estádios foram construídos, não tem volta atrás. Não tem como o Estado devolver o estádio para a construtora.

Mas outras demandas, como as desocupações de comunidades, pela forma como foram feitas, são legítimas e devem ser exigidas até o final, para mostrar que não é assim que se faz uma Copa ou um grande evento, não é assim que se rege uma sociedade.

Quanto ao processo eleitoral, vejo um dos anos mais conturbados. Teremos uma das eleições mais disputadas da história da República. Pois um governo claramente de direita – digamos que o PT é um governo de centro-esquerda que namora a direita – não assume o poder faz tempo. Isso deixa a direita ensandecida, nervosa. Talvez seja um ano político conturbado e muito agitado.

Ouça aqui o áudio da entrevista.

domingo, 23 de março de 2014

Os 50 anos do Comício da Central

 

ESCRITO POR PAULO PASSARINHO

Postado: Correio da Cidadania

250xNx140314_comissiocentral.jpg.pagespeed.ic.WdVR-1gd1AHá 50 anos realizava-se o famoso comício da Central do Brasil. O presidente da República, João Belchior Goulart, procurava naquele momento impulsionar um conjunto de reformas econômicas e sociais que poderiam vir a conferir uma nova qualidade ao nosso processo de desenvolvimento.

O objetivo dessas reformas de base – conforme eram chamadas e ficaram registradas para a história – seria dotar o chamado modelo desenvolvimentista, em curso no Brasil, de uma base de expansão apoiada no fortalecimento das estruturas domésticas do capitalismo brasileiro, incluindo a criação de melhores condições à geração de renda interna, especialmente aos trabalhadores. Envolviam mudanças importantes nas políticas e nas estruturas vigentes nas esferas agrária, educacional, tributária, fiscal, administrativa e urbana do país, além de uma nova regulação e controle sobre as remessas de lucros das multinacionais às suas matrizes. Na esfera da representação política, incluía também a ampliação do voto aos analfabetos e militares de baixa patente, além da legalização do Partido Comunista, então vivendo uma semiclandestinidade.

Desde meados de 1962, o governo de Goulart procurava responder aos impasses políticos e econômicos do seu governo, aprofundando uma pauta de caráter nacionalista. O dito desenvolvimentismo brasileiro, que havia tido início a partir da chamada Revolução de 1930 – a rigor, uma mudança promovida por setores descontentes das próprias oligarquias, a partir da crise econômica mundial de 1929 -, sempre guardou enormes ambiguidades, caso o comparemos com as experiências clássicas do nacional-desenvolvimentismo.

As experiências clássicas do nacional-desenvolvimentismo, implementadas por países de desenvolvimento retardatário no centro do capitalismo, como foram os casos dos Estados Unidos e da Alemanha, sempre procuraram fortalecer uma estratégia pautada por metas de acelerada industrialização substitutiva de importações, com forte intervencionismo e apoio estatal e tendo como objetivo maior a constituição de uma forte base produtiva, sob controle de capitais nacionais.

A experiência desenvolvimentista brasileira (1930/1980), em que pese ter logrado êxito no processo substitutivo de importações, sempre conviveu e se apoiou na forte participação do capital estrangeiro, seja através do investimento direto de filiais de empresas estrangeiras no país ou de significativas operações de financiamentos e empréstimos de bancos privados e instituições multilaterais.

Essa singularidade e hibridismo do nosso desenvolvimentismo fizeram com que – especialmente ao longo dos anos cinquenta e início dos anos sessenta – uma encarniçada luta política no seio das forças políticas do país ganhasse corpo. Nas batalhas para a criação da Petrobrás; na definição do papel a ser desempenhado pelo BNDE – atual BNDES; na definição dos limites de atuação e controles sobre as multinacionais; na exigência da realização de uma ampla reforma agrária – buscando o fortalecimento de bases sólidas para o mercado interno; no papel a ser atribuído às empresas estatais e ao planejamento estatal; ou no melhor caminho a ser trilhado para a estruturação financeira interna aos investimentos sempre houve o choque entre correntes que se colocavam a favor do que podemos chamar de um desenvolvimentismo nacionalista e as defensoras de um desenvolvimentismo associado ao capital estrangeiro.

Dessa forma, essas diferentes concepções de desenvolvimento e de industrialização do país desdobravam-se em visões políticas e ideológicas muito distintas, inclusive com a contaminação inevitável de um mundo dividido pela chamada Guerra Fria.

O mês de março de 1964 representou o ápice desta disputa. O presidente Jango – conforme, carinhosamente, era conhecido – avançou com a sua pauta reformista e nacionalista, com forte apoio entre os sindicatos, partidos de esquerda, setores empresariais e a própria população. Pesquisas do Instituto IBOPE, à época, atestam que as reformas de base contavam com majoritário apoio popular. O Comício da Central do Brasil, em 13 de março de 1964, procurava potencializar esse apoio, com o claro objetivo de impulsionar a aprovação de várias mudanças legais por um Congresso dividido, mas sempre sensível às pressões das ruas.

Contudo, as forças contrárias ao movimento de reformas eram extremamente diligentes e com muito apoio – inclusive financeiro – de setores empresariais e, especialmente, do governo dos Estados Unidos. Desde o final da Segunda Grande Guerra, onde muitos oficiais brasileiros estreitaram as suas relações com militares norte-americanos, a influência da superpotência estrangeira sobre setores de nossas Forças Armadas era notória, sem falar nos círculos empresariais, representados na Confederação Nacional do Comércio, na Associação Comercial de S. Paulo, na Comissão Mista Brasil-Estados Unidos e em setores do próprio BNDE.

Particularmente, houve um intenso trabalho desenvolvido pela embaixada dos Estados Unidos, a partir do início dos anos sessenta e especialmente quando se consumou a renúncia de Jânio Quadros e Jango, como vice-presidente, chegou à presidência da República. Trabalho que envolveu recursos financeiros para influenciar o processo eleitoral, constituir uma retaguarda intelectual a partir de centros de estudos e apoios na grande imprensa, além de estimular e procurar incentivar a tentação golpista militar.

Todos esses fatos são importantes de serem lembrados, em um momento em que voltamos a viver uma grave crise política e econômica. Nesses cinquenta anos passados, o mundo mudou, o Brasil é outro, mas os problemas decorrentes da opção que acabou vitoriosa em 1964, através do golpe civil-militar, com explícito apoio de uma potência militar estrangeira, estão, mais do que nunca, presentes.

Vivemos, hoje, o apogeu da hegemonia do capital financeiro e com o Estado brasileiro fragilizado, em função de sua total captura pelos interesses de grandes grupos privados. Entretanto, as fissuras do atual esquema de dominação estão expostas.

Recuperar a dimensão e importância de um projeto estratégico para o Brasil, combinando soberania nacional e a prevalência dos interesses populares na definição de nossas prioridades de desenvolvimento, é urgente. E, neste contexto, recuperar a nossa história e dela tirar lições é fundamental.

Paulo Passarinho é economista

terça-feira, 18 de março de 2014

Sindicato paulista denuncia abusos e assédio moral na empresa Natura

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados,

ivan_perfilNosso mandato sempre esteve próximo às lutas sociais, e sempre se manteve como um canal de interlocução dos mais importantes, estando à disposição dos movimentos sociais. Nesta semana, chegou ao nosso conhecimento o relato do Sindicato dos Químicos Unificados – regional Osasco, sobre assédio moral e tentativas de cerceamento da atividade sindical por parte da empresa de cosméticos Natura.

Segundo o sindicato, há mais de 15 anos existia um acordo tácito com a empresa, em que a distribuição de jornais gerais e boletins informativos específicos destinados aos trabalhadores da Natura era permitida no pátio de entrada dos ônibus. Com regularidade, os dirigentes sindicais aguardavam a chegada dos trabalhadores dos três turnos e lhes entregavam boletins, conversavam com eles informando-os sobre assuntos de seu interesse, tais como campanha salarial, condições de trabalho, jornada, ou mesmo assembleias eram realizadas no local.

No entanto, de acordo com o relato do sindicato, a Natura teria se incomodado com a divulgação do desrespeito por parte da empresa do Acordo de Participação nos Lucros e Resultados (PLR-2014), celebrado em setembro de 2013. Mais que depressa, a empresa acionou as Polícias Militar e Rodoviária para, juntas, iniciarem uma perseguição contra o sindicato e seus diretores, que se traduziu em uma série de abusos, discriminações e agressões à liberdade sindical. Além de impedir o contato direto com os trabalhadores, “solicitou” que não se realizassem mais assembleias no local.

Como destaca o sindicato, a assembleia é uma forma de expressão soberana da vontade dos trabalhadores e a única a autorizar de qualquer Aditamento ao Acordo de PLR, principalmente em casos como este, cujo objeto principal seria alterado.

Ainda de acordo com o sindicato, a intenção expressa da Natura seria impedir que os trabalhadores deliberassem sobre o tema, conforme consta da anexa Ata de Mesa Redonda realizada em 14/02/2014 perante a Gerência Regional do Trabalho e Emprego em Jundiaí, a qual registra o posicionamento patronal, dizendo se tratar de “PROPOSTA FECHADA EM CARÁTER EXCEPCIONAL”. Nesta reunião, representantes da Natura informam que não estão abertos à negociação.

A partir desta Mesa Redonda, os diretores sindicais relatam que passaram a sofrer um ataque à organização sindical e representatividade junto aos trabalhadores, sendo impedidos de adentrar ao pátio onde sempre fizeram seu trabalho legítimo de contato com os trabalhadores.

Um dos casos de assédio moral citado pelo sindicato diz respeito à assembleia do 3o turno, quando a empresa teria recorrido à CCR, concessionária que administra a Rodovia Anhanguera. O funcionário da CCR teria tentado intimidar os dirigentes sindicais fotografando as faixas e os diretores. Questionado pelos dirigentes do sindicato, disse que foi chamado pela Natura. Na assembleia com o 1o turno, a empresa obrigou todos a descerem dos ônibus, inclusive terceirizados, mulheres com crianças e gestantes. O sindicato afirma que o objetivo era tumultuar a assembleia e jogar os trabalhadores contra o sindicato.

Relatos de reuniões da empresa com trabalhadores de todos os turnos e fábricas para pressioná-los e intimidá-los são abundantes, com ameaças de punições, desconto das horas de assembleia e demissão. Segundo o sindicato, a empresa “trata os trabalhadores como números descartáveis.”

Mas as denúncias não ficam restritas ao ambiente da fábrica. Segundo o sindicato, a Natura obteve o apoio das polícias militar e rodoviária, que teriam passado a ameaçar o sindicato por meio de intensa presença de viaturas, policiais e seguranças particulares no pátio de entrada.

Com o impedimento de entrada, os veículos sindicais ficaram enfileirados ao longo da rodovia Anhanguera, e isso se tornou alegação para a aplicação de multas, bem como ameaças de prisão. O sargento responsável pela operação teria afirmado categoricamente ter havido uma reunião entre o Chefe de Segurança da Natura e o Comando da Polícia Rodoviária, na qual o primeiro teria solicitado o apoio para impedir o acesso do sindicato aos trabalhadores.

São denúncias extremamente graves. Curiosamente, trata-se de uma empresa que se orgulha e se promove como defensora da responsabilidade social e ambiental. Não é possível, portanto, que não respeite os direitos mais básicos de organização sindical, e ainda faça uso do poder econômico neste sentido. É preciso que a Natura se manifeste imediatamente sobre o que foi relatado pelo Sindicato dos Químicos em Osasco, que apure os abusos cometidos, assim como deve fazer a Justiça do Trabalho. E que sente para negociar com o sindicato, que tem o direito, garantido pela Constituição Federal, de dialogar com seus filiados.

Muito obrigado.

Ivan Valente
Deputado Federal PSOL/SP

Unificados e Atesq inauguraram hoje pioneiro Espaço de Saúde do Trabalhador

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O Sindicato Quimicos Unificados e a Associação dos Trabalhadores Expostos a Substâncias Químicas (Atesq) inauguraram no início da noite de hoje (14/03/14) o Espaço de Saúde e Meio Ambiente do Trabalhador, um projeto pioneiro voltado para a defesa da saúde e do meio ambiente da classe trabalhadora.

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Estiveram presentes militantes em saúde do trabalhador da região, dirigentes sindicais de várias categorias e de outros municípios, entidades e associações ligadas ao tema e de órgãos públicos voltados para a saúde no local de trabalho e o vereador de Campinas Paulo Bufalo (Psol).

 

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Rasteiro, Tavares, Arlei e Glória rompem a fita na inauguração

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Vista geral da festa de inauguração

No decorrer do dia, antes da inauguração, foi realizado o Encontro de Militantes na Defesa da Saúde dos Trabalhadores, na Regional Campinas do Sindicato Químicos Unificados e aprovada proposta de criação da Federação Estadual das Associações de Portadores de Doenças do Trabalho.

A vida acima do lucro

O Espaço, a partir de agora, é um local de formulação e de organização de políticas em ações na defesa dos direitos e de um meio ambiente saudável no local de trabalho. Mais uma demonstração de que a saúde e a vida dos trabalhadores é prioridade no Unificados.

Em suas ações, o programa dará suporte, apoio, informações e treinamento para que entidades e militantes possam se qualificar nas lutas pelo direito à vida e à saúde, acima do lucro.

Ele é dotado de equipamentos e medidores de diversos ambientes do trabalho. Um espaço aberto de articulação de entidades e militantes da área, e facilitador para toda sociedade, sempre em defesa da saúde do trabalhador.

O imóvel é dotado de acessibilidade total, com rampas e elevador. No piso há a recepção, sala de atendimento comum, sala da Secretaria de Saúde do Unificados e sala da Atesq. No segundo piso estão sala de multimídia equipada para vídeo conferência e cursos de formação, e sala da Secretaria de Comunicação e da direção do Unificados.

Antonio de Marco Rasteiro, coordenador da Atesq, comemora a criação do Espaço e diz que ele é resultado de toda uma luta iniciada há 13 anos. “O Espaço é muito importante, pois, as próximas lutas em defesa da saúde, o que nunca tem fim, conta agora com ponto inédito de apoio, construído e administrado pelos próprios trabalhadores. O Espaço atenderá tanto o trabalhador já vitimado, como também dará orientações e informações para que os demais possam se defender melhor”, explica Rasteiro.

Glória Nozella, dirigente da Secretaria de Saúde do Unificados, afirma que no dia de hoje “… nasce a esperança de ampliar a luta em defesa da saúde dos trabalhadores, somando os esforços das categorias profissionais e de diversas entidades. Afinal, somos todos trabalhadores expostos às condições insalubres e perigosas de trabalho que são criadas pela irresponsabilidade e pela ganância de lucro da patronal”.

O Espaço de Saúde fica na avenida Barão de Itapura, 2021, Guanabara, Campinas.

Encontro de Militantes na Defesa da Saúde
dos Trabalhadores abriu programação do dia

A inauguração do Espaço de Saúde e Meio Ambiente do Trabalhador foi precedido pelo Encontro de Militantes na Defesa da Saúde dos Trabalhadores, nos períodos da manhã e da tarde de hoje (14/03/14). Ele foi organizado pelo Sindicato Químicos Unificados e pela Associação dos Trabalhadores Expostos a Substâncias Químicas (Atesq), com o apoio do Sindicato dos Bancários de Santos.

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Dr. Roberto Ruiz (ao microfone), seguido por Dra. Luciana, Glória Nozella e Dra. Vera Lúcia Salermo

No período da manhã, o tema Doenças do Trabalho, Causas e Efeitos na Vida dos Trabalhadores foi abordado pela Dra. Vera Lúcia Salermo, médica sanitarista e do trabalho e mestre em saúde pública; Dra. Luciana de Souza Garbin, psicóloga do trabalho, mestra em psicologia do trabalho; Dr. Roberto Ruiz, consultor médico do Unificados em saúde do trabalhador e Glória Nozella, dirigente da Secretaria de Saúde da Regional Campinas do Sindicato Químicos Unificados.

  Dra. Vera Lúcia, durante sua exposição

Ponto em comum nas falas foi a de que a classe trabalhadora, além das lutas por direitos econômicos, sociais e legais, precisa se apossar de todas as informações relativas ao mundo do trabalho e da produção, fator fundamental para a luta em defesa da saúde, da vida, da segurança no trabalho e do meio ambiente.

Associações, lutas e as
dificuldades na organização

Jeffer Castelo Branco (esq), Sílvio José, Francisco Tavares, Dr. Roberto Ruiz, José Roberto e Valdevino de Santos - Composição dos palestrantes às 14 horas

Às 14 horas, o tema Associações, Lutas e Dificuldades na Organização foi abordado por Francisco Tavares, coordenador da Associação dos Trabalhadores Expostos à Contaminação Química (Atesq); Jeffer Castelo Branco, da Associação de Combate aos Poluentes (ACPO); Sílvio José Gonçalves, da Associação dos Trabalhadores Lesionados nas Empresas Metalúrgicas de Valinhos, Campinas e região (Attastlem); José Roberto de Souza, da Associação de Vítimas do Trabalho de Mogi Guaçu; e Valdevino de Santos, da Associação dos Expostos e Intoxicados por Mercúrio Metálico (Aeimm), de São Paulo.

A coordenação foi feita pelo Dr. Roberto Ruiz.

Crime Shell/Basf – lutas e vitória

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Dr. Marcos de Oliveira Sabino (ao microfone), perito médico em saúde pública pelo Cerest/Campinas; Dr. Roberto Ruiz e Antonio de Marco Rasteiro, coordenador da Atesq

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Arlei Medeiros, ao microfone, defende sua proposta de criação da Federação Estadual das Associações de Portadores de Doenças do Trabalho

A proposta foi aprovada por unanimidade, em votação. Na sequência, foi eleita uma Comissão Provisória de Organização da Federação, também em votação

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Votação por aclamação, em unanimidade, aprova criação da Federação e definição da Comissão Provisória de Organização

Inauguração Espaço de Saúde e Meio Ambiente do Trabalhador

Os danos aos ex-trabalhadores da Shell/Basf e ao meio ambiente, as vidas perdidas e a batalha judicial de 12 anos serviu de exemplo e motor para que o Sindicato dos Químicos Unificados e a Associação dos Trabalhadores Expostos às Substâncias Químicas (Atesq), criassem o Espaço de Saúde e Meio Ambiente do Trabalhador. A partir de agora o trabalhador, seja de que ramo for, estará amparado por uma equipe multidisciplinar. O foco é a prevenção e a mudança de comportamento na fábrica para evitarmos  danos irreversíveis à saúde e ao meio ambiente.

Veja o vídeo produzido pela TV movimento

TV movimento

Veja as Fotos

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