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sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Bancários de Santos e Região: Sindicato completa 80 anos de história e muita luta

Por: INTERSINDICAL

                               bigEm entrevista, Big, atual presidente da entidade, conta um pouco da tragetória destas oito décadas de muito trabalho.

Neste próximo dia 11 de janeiro (sexta-feira) o Sindicato dos Bancários de Santos e Região completará 80 anos de atividades. Durante este período a entidade já passou por diversas fases em sua conjuntura desde a fundação, em 1933, com seu primeiro diretor Reginaldo de Carvalho. Atravessando momentos desde o Estado Novo (1937/45) até os anos de chumbo, com a Ditadura Militar (1964/85), quando o sindicato sofreu intervenção; além de outros importantes estágios do país, como as manifestações na campanha das Diretas Já.
Atualmente com 69% da base filiada – 3.876 filiados para uma base de 5.586 bancários –, à frente do sindicato está Ricardo Saraiva, ou o “Big”, como é conhecido. Presidindo o sindicato desde 2006, Big já está envolvido com a administração da entidade desde a década de 1990. À época o Sindicato estava com uma enorme dívida e ocupando o cargo de Secretário Geral, ao lado do então presidente, Pedro de Castro Junior (1998 - 2005), “foram realizados importantes trabalhos de saneamento econômico e empreendedor”, lembra ele.
Big e Predrinho, como gosta de lembrar do antigo companheiro, integravam o Movimento de Oposição Bancária (MOB), assim como outros ex-diretores que, segundo ele, com a luta do grupo que compõe o Sindicato dos Bancários de Santos e Região “resultou no atual estágio de excelência da diretoria em defesa dos interesses dos bancários e bancárias, e também permitiu a categoria manter e ampliar seu patrimônio”, afirma.
Abaixo, Big conta um pouco sobre as vitórias e desafios destes 80 anos, assim como suas perspectivas para este ano de 2013.
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INTERSINDICAL – Fale um pouco das conquistas que o sindicato e a categoria como um todo teve nestes 80 anos?

BIG – A luta sempre vale a pena. Nada cai do céu. Tudo foi conquistado com muita luta, suor, demissões, prisões e até mortes de companheiros. Eu poderia listar diversos momentos: em 1951, na maior greve estadual realizada no Estado de São Paulo. Foram 69 dias de muita luta da categoria sofrendo repressão e prisões porque desafiavam a Lei de Greve que impedia o setor de bancário de ter esse direito; em 1964, que foi um período de massacre na história dos trabalhadores e da Nação, que sofrem com o Golpe Militar e são alijados dos direitos a liberdade de expressão, greve ou qualquer tipo de mobilização, direitos trabalhistas conquistados em outras décadas como a estabilidade, IAPB e outros. Além de serem perseguidos, torturados e mortos pelo regime de exceção; em 1983, com a Criação da Central Única dos Trabalhadores; 1992, com a Criação da Confederação Nacional dos Bancários (CNB/CUT), em que conquistamos o Acordo Único dos Bancários para todo o País reivindicado desde 1951; além do Vale refeição unificado tanto para 6 como 8horas e concessão durante o ano todo, inclusive nas férias; auxílio creche até 83 meses; e a maior greve nacional realizada durante 30 dias, em 2004, em todas as capitais e principais cidades do País, que unificou bancários do setor público e privado nas reivindicações por um reajuste igualitário para todos conseguindo repor totalmente a inflação, após muita repressão das polícias militares estaduais, pressão da justiça para pôr fim à greve e a omissão do governo federal frente às reivindicações dos trabalhadores.
Em 2005 a Formação da Intersindical; e 2009, com a Ampliação da licença maternidade de quatro para seis meses.
Quando tomaram a decisão de filiar-se a Intersindical? Por quê?

Desde 2005, o Sindicato dos Bancários de Santos e Região ajuda na formação da Intersindical e tem se empenhado nesta construção, orientado sua atuação em defesa dos direitos dos trabalhadores, por melhores condições de trabalho, contra o assédio moral e a exploração.
A luta da categoria bancária está inserida em uma luta maior, na perspectiva de superação do capitalismo. Com a crise do sistema capitalista internacional, os trabalhadores e trabalhadoras vêm sofrendo constantes ataques. Privatizações, terceirização, desemprego, redução dos salários e direitos é a receita dos patrões, com apoio do governo e mídia, para fazer com que todos paguem pelas consequências desta crise gerada pela irresponsabilidade e ganância dos que defendem a conservação do capitalismo.
Neste momento em que se faz mais necessário é fortalecer a resistência, o que vemos são grandes centrais sindicais, que serviam de ferramentas de lutas construídas em décadas passadas se adaptarem à ordem e perderem a autonomia e a independência frente aos governos, aos partidos políticos e aos patrões. E o que é pior, apoiando governos e patrões em detrimento dos direitos dos trabalhadores.
Necessitamos da construção de uma nova central combativa, autônoma, classista com participação direta dos trabalhadores, sem interferência de partidos políticos, dos governos e dos patrões. A Intersindical está sendo organizada para dar respostas a estas demandas.
Quais as maiores dificuldades enfrentadas em 2012?

As maiores dificuldades enfrentadas pela categoria sem dúvida foram as demissões em massa que os bancos Itaú e Santander praticaram contra os trabalhadores bancários. Contra isso, paralisamos e realizamos protestos nas portas das agências. Além de utilizarmos nossos departamentos jurídico e de comunicação para barrar as demissões com liminares e denunciá-las ao público em geral. Assim, reativamos nossa campanha “Demitiu Parou!”
Você acha que algo mudou na luta sindical da categoria bancária nestes últimos 10 anos?

Houve algumas fusões de bancos com demissões em massa, eram 45 bancos em nossa base, atualmente só existem dois bancos internacionais, dois privados e dois públicos, além de mais cinco com apenas uma agência. Isto gerou demissão e terceirização da categoria.
Para esclarecer, éramos cerca de 8 mil bancários na Baixada Santista e hoje somos 4 mil, porém o número de trabalhadores nas instituições financeiras não diminuiu, porque muitos foram terceirizados e obrigados a trabalhar com uma jornada mais extensa, receber salários e direitos menores para não ficarem desempregados. Veja o tamanho da crueldade dos banqueiros com os trabalhadores.
Nos últimos 10 anos as nossas principais lutas podemos resumir num tripé: combater o assédio no ambiente de trabalho, por conta da imposição de metas; lutar pelo emprego, por conta das fusões de bancos; e lutar por melhores condições de trabalho.
Quais os planos para este novo ano que se apresenta?

Temos muita luta a realizar para defender os direitos dos trabalhadores. Nesse momento é fundamental a união de forças para derrotar o anteprojeto do Acordo Coletivo Especial (ACE) que retira direitos da classe trabalhadora. O ACE representa uma possibilidade real de retirada de direitos e ainda por cima dentro da lei, caso a proposta seja aprovada no Congresso Nacional e sancionado pela Presidente Dilma.
Além disso, temos de enfrentar com muita garra as demissões em massa para revertê-las, organizar os trabalhadores por local de trabalho, por mais contratações, fim do assédio, da exploração, lutar pela isonomia salarial e de direitos, por planos de cargos e salários para todos, pela reposição das perdas e recomposição dos salários.
Vamos também combater a terceirização. Existe um Projeto do Deputado Sandro Mabel (PMDB-GO) generalizando a terceirização, ampliando os ataques aos direitos trabalhistas. Se projeto passar, você que hoje é funcionário do banco, pode vir a ser terceirizado também. Boa parte dos terceirizados recebem salários inferiores aos demais trabalhadores e a enorme maioria têm direitos e benefícios bastante reduzidos, comparados aos trabalhadores formais. Em geral, os trabalhadores terceirizados realizam jornadas de trabalho mais longas e estão expostos a acidentes e adoecimentos no trabalho.
O movimento sindical não pode vacilar diante da generalização da terceirização e precarização do trabalho. Infelizmente, algumas centrais, como a Força Sindical, apoia o nefasto projeto do Mabel.
Temos que lutar também pelo fim do Fator Previdenciário. Desde o governo Fernando Henrique, do PSDB, ficou mais difícil se aposentar e, quando consegue, o chamado fator previdenciário morde uma parte do benefício. Hoje, para receber 100% do benefício, um trabalhador precisa ter, no mínimo, 63 anos e meio de idade, além de 35 de contribuição. E a idade exigida aumenta com a elevação da expectativa média de vida.
Há anos o movimento sindical se mobiliza para acabar com o fator previdenciário. Por pressão dos trabalhadores, o congresso aprovou o projeto acabando com a medida criada pelo FHC. Mas o ex-presidente Lula vetou o projeto, prejudicando milhões de trabalhadores. Mas a luta continua!
Para você, qual a importância em atuar no sindicato bancários e na luta da sindical de maneira geral?

Então vamos explicar, o Capitalismo é um sistema que produz corrupção, violência, extermínio de seres humanos, tudo isso passa pela criminalização dos movimentos sociais com ajuda do Estado financiado pelos grandes grupos empresariais. Enquanto isso, privilegia as grandes corporações que hoje dominam o mundo. Acreditamos que somente o socialismo mudará esta realidade.
Apesar de tentarem ludibriar os trabalhadores de que são “importantes colaboradores” e, portanto, não são da classe trabalhadora, que tem direitos legais contidos na CLT a serem pagos, nós entendemos que existe sim uma luta de classes que pode retirar todas as conquistas e direitos dos trabalhadores com rápidos e eficazes ataques como o ACE, a reforma previdenciária, o mensalão, fator previdenciário, a terceirização. Por isso, organizar os trabalhadores enquanto classe é o caminho para fazer a mudança necessária à sociedade. A maioria somente deixará de ser oprimida, massacrada, explorada e exterminada quando a classe trabalhadora assumir o poder dos meios de produção e político verdadeiramente.

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