Especialistas acreditam que consciência da sociedade está aumentando em relação ao que se come.
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“A importância da feira é política. O paulistano,
a população da cidade começa a ter outra visão do que é a reforma agrária,
diferente do que a grande imprensa coloca. E a população de SP tem dialogado com
isso. A feira mostrou que somos capazes de produzir alimentos saudáveis de forma
agroecológica, o que tem tocado muito a população, e nós queremos justamente
mostrar que é possível produzir de forma agroecológica e orgânica sem aumentar o
preço” afirma Milton Fornazieri, da direção do MST.A I Feira Nacional da Reforma Agrária, realizada
pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em São Paulo entre os
dias 22 e 25 de outubro, comercializou mais de 200 toneladas de alimentos, com
cerca de 800 variedades de produtos das áreas de assentamentos da Reforma
Agrária de todo o país.Em 2015, a questão da alimentação saudável foi
fortemente debatida na sociedade. O tema deixou de ser pauta apenas de
organizações e movimentos populares camponeses, passando a ser discutido
inclusive no dia a dia da população de áreas urbanas.
Na mesma linha, o I Congresso do Movimento dos
Pequenos Agricultores (MPA) reuniu 4 mil camponeses em São Bernardo do Campo,
para estabelecer um diálogo entre o campo e a cidade, impulsionando o debate
sobre a importância de produzir e consumir alimentos saudáveis.
Para Leonardo Melgarejo, engenheiro agrônomo e
ex-integrante da CTNBio, as iniciativas desses movimentos são fundamentais para
ampliar a consciência social sobre o perigo de consumir alimentos com
agrotóxicos e a importância da alimentação saudável.
“A consciência coletiva neste caso dos alimentos
também depende destes movimentos e campanhas, porque só muitas vozes conseguem
abafar o alarido dos interesses que patrocinam as grandes mídias de
comunicação”.
Ofensivas
Melgarejo denuncia que as empresas do agronegócio,
representadas no congresso pela bancada ruralista, querem aprovar uma série de
pautas que vão na contramão da alimentação saudável.
A pressão para que novos transgênicos e o uso de
agrotóxicos mais nocivos sejam liberados irá continuar, e os mecanismos de
análise atualmente em vigor são inadequados, além de um monitoramento
pós-liberação destes produtos ser inútil, pois eles já terão sido espalhados no
meio ambiente.
“É como se não houvesse sistema algum de
acompanhamento do que ocorre no mundo real.
Estamos expandindo o uso de agrotóxicos mais
perigosos, ressuscitando moléculas que estavam abandonadas pelo perigo que
apresentam nas novas gerações de transgênicos, travestidas de soluções
'modernas' para o controle de problemas criados pelo uso abusivo de venenos que
hoje são considerados 'fracos'”.
Para se opor a esta ofensiva, só mostrando que
outro modelo, que respeite a natureza e produza alimentos saudáveis, é possível.
É o que defende Milton.
“A população começa a ter outra visão do que é a
reforma agrária, diferente do que a grande imprensa coloca. Por isso queremos
ampliar as feiras em 2016 para diversas outras cidades e estados. Essa deve ser
a diferença entre a reforma agrária e o agronegócio: não basta só produzir
alimento, nós queremos produzir alimentos limpos e saudáveis”.
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