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sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Governo corta R$ 20,6 milhões em salários de grevistas

em greve

A medida afetará 11.495 mil servidores civis do executivo, a maioria deles vinculada a órgãos da administração indireta. Escaparam as categorias que conseguiram liminares suspendendo os cortes, além de professores e técnicos das universidades que, segundo o Ministério do Planejamento, serão obrigados a repor as aulas. Mas os grevistas afirmam que o prejuízo, ao invés de intimidá-los, só acirra ainda mais os ânimos. Cortes ocorrem na reta final das negociações com o governo, já que termina no dia 31 o prazo para o envio ao Congresso da proposta orçamentária para 2013.
Najla Passos

Brasília - O governo cortará R$ 20,6 milhões em salários de 11.495 servidores civis do executivo em greve, conforme Mapa dos Descontos dos Dias Parados, divulgado na noite desta quarta (22) pelo Ministério do Planejamento. O total de atingidos pelo corte de pontos representa 1,97% dos 571.875 servidores civis do executivo, embora os sindicatos estimem em 350 mil os servidores paralisados e o próprio Planejamento reconheça que entre 70 mil e 80 mil aderiram ao movimento.
De acordo com órgão, escaparam do corte as categorias amparadas por decisões judiciais, além dos professores e técnicos das universidades, institutos tecnológicos e Cefets, que serão obrigados a repor as aulas perdidas. Os mais afetados pela medida são 8.079 grevistas que pertencem a órgãos da administração indireta (agências reguladoras, autarquias e fundações). Os outros 3.416 servidores estão lotados em diversos ministérios, incluindo os da Defesa, Aeronáutica e Exército.
O mapa revela que entre as dez áreas com maior percentual de paralisação, oito são agências reguladoras. Entretanto, são os servidores do IBGE que mais sofrerão: 52,4% da categoria terá descontos proporcionais aos dias parados. Na sequência, estão os da Comissão Nacional da Energia Nuclear (40,5%), da Agência Nacional de Cinema (39,4%) e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (36,5%). O estudo demonstra que não houve adesão à greve em 16 ministérios, incluindo o da Educação, da Ciência e Tecnologia e da Cultura.
O Ministério não divulgou quantos servidores não receberão nenhum real em 1º de setembro, data do pagamento. Entre os grevistas, a apreensão é grande. “No Incra, tem gente com contracheque negativo. E isso considerando que o governo demorou mais de dois meses de greve para apresentar uma proposta para a categoria. Por isso, a indignação geral, que aumentou ainda mais a mobilização para a greve”, afirmou o servidor do órgão, Almir César Filho.
A Confederação dos Trabalhadores no Serviço Púbico Federal (Condsef), que representa 17 das mais de 40 categorias em greve, já entrou com pedido de liminar no Supremo Tribunal Federal (STF), em caráter de urgência, para suspender a medida. Entretanto, até o final da tarde desta quarta, não havia obtido uma resposta.
O Sindicato dos Policiais Federais (Sindipol), também acionou a Justiça. Embora a categoria tenha aderido à greve somente na última semana, não quer correr o risco de ficar sem salários no contracheque referente a agosto. “Sabíamos que existia a possibilidade do governo endurecer a este ponto, mas não vamos nos intimidar. A greve é legítima e necessária. Há dez anos, os policiais federais ganhavam o equivalente às demais carreira de nível superior do executivo. Hoje, recebemos menos que a metade. O salário líquido de um policial em início de carreira é de R$ 5,5 mil. E temos dedicação exclusiva. Somos proibidos por lei de exercer quaisquer outras atividades”, afirma o presidente do Sindipol-DF, Jones Borges Leal.
A diretora da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Carmem Foro, também acredita que, agora, os servidores não podem se intimidar. Segundo ela, a negociação desta greve é muito complexa, porque está fatiada em diversas categorias. “A CUT tem pressionado o governo para apresentar uma proposta, mas o que ele propõe é três vezes menos do que os servidores pedem. O governo está dizendo que não tem recursos por conta da crise, mas nós não podemos pagar essa conta”, avalia.
Reta final das negociações
Os cortes ocorrem na reta final das negociações do governo com o funcionalismo, já que termina no dia 31 deste mês o prazo final para o envio ao Congresso da proposta orçamentária para 2013. E, apesar deles, as rodadas continuam com as 31 categorias em greve. Nesta quarta, às 22 horas, ainda estavam em curso no Ministério do Planejamento. E há novas reuniões agendadas para esta quinta (23), a partir das 8h.

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