O povo está participando, sendo protagonista do seu futuro. É por isso que os EUA querem o fim de Chávez e seu projeto bolivariano
Postado: Brasil de Fato
Vito Giannotti
A direita dos EUA e seus discípulos no Brasil, sobretudo os grupos da mídia empresarial/patronal, não admitem esta derrota. A mídia – agrupada na revista da editora Abril, no jornal que falou da “Ditabranda”, no empresarial Estadão e nas Organizações Globo – está altamente contrariada. E tem razão. Como declarou Chávez, logo após votar, dia 7 de outubro, “o que está em jogo nesta eleição é o modelo neoliberal”. Na mesma hora o site daVeja colocava sua cobertura que começava a frase: “O ditador Chávez...” Ditador? Com esta eleição disputada, fiscalizada, observada por centenas de enviados internacionais? E daí? AVeja continua sua cruzada, feita de mentiras, como capitã da extrema direita no nosso país.
A eleição do dia 7 de outubro foi a mais fiscalizada do mundo. Os EUA e seu candidato, o aprendiz de golpista Capriles, estavam doidos para achar alguma irregularidade. Queriam virar a mesa. Mas não deu. Um dos grandes observadores foi Ignácio Ramonet, do Le Monde Diplomatique. Ele se instalou em Caracas, observou as eleições e declarou: “Venezuela é exemplo de democracia para a Europa em crise que está sendo penalizada pelo fracasso do neoliberalismo”. E continuou: “As eleições na Venezuela desde 1998 são um jogo limpo e aberto”.
A mesma coisa foi dita pela guatemalteca Rigoberta Menchu, prêmio Nobel da Paz que esteve em Caracas fiscalizando o pleito. A lisura total das quatro reeleições de Chávez foi sempre reconhecida por um observador dos EUA acima de qualquer suspeita de ser amigo de Chávez: Jimmi Carter. Mas o que a mídia empresarial brasileira não admite é uma última frase de Ignácio Ramonet, após a vitória de domingo: “Esta eleição mostra que é possível governar de outra forma”. Sim, é exatamente isso que a direita não admite. Como deixar ganhar alguém que fala em “Socialismo do Século 21”?
Na esquerda muitos se queixam que o bolivarismo de Chávez não é revolucionário, não é marxista. Verdade. Mas a consciência do povo venezuelano está se abrindo para a necessidade de um novo modelo, contrário ao neoliberalismo hoje hegemônico. O povo está participando, sendo protagonista do seu futuro. É por isso que os EUA querem o fim de Chávez e seu projeto bolivariano. Por isso que a imprensa controlada pelo Império e seus discípulos na Veja, FSP, GLOBO e OESP envenenam os olhos e as mentes de suas vítimas.
A direita venezuelana, com todo o carinho da mídia da direita do continente, vai tramar mil e uma coisas para dar um golpe neste projeto. Hoje não precisa um golpe militar. Há outros meio disponíveis à mão. É só se lembrar do Paraguai de Lugo. Tudo eles farão. E daí? O que fazer? É sempre o mesmo refrão: construir nossa mídia contra-hegemônica. Forçar a mudança das leis atuais que só servem ao império da mídia patronal.
Vito Gianotti nasceu em uma família proprietária de uma pequena fábrica de calçados, na Itália. Seu pai era fascista, "inimigo mortal dos socialistas e comunistas". Apesar da influência que recebeu no lar - e talvez justamente por causa dela - resolveu dedicar a vida para lutar ao lado da classe trabalhadora, contra a exploração. Viajou o mundo e acabou no Brasil, onde se tornou metalúrgico e engajou-se na resistência à ditadura militar. Sua universidade foi a fábrica. Fanático por livros, devorou muitos. E escreveu 20, dentre os quais Muralhas da Linguagem (Mauad, 2004) e o recém-lançado História das lutas dos trabalhadores no Brasil(Mauad, 2007). Hoje, com 63 anos, coordena o Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), entidade que se dedica a aperfeiçoar a comunicação dos trabalhadores para disputar a hegemonia na sociedade.
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